publicado dia 04/11/2025
Educação Integral é projeto de país, defende Seminário Nacional de Educação Integral
Reportagem: Ingrid Matuoka | Edição: Tory Helena
publicado dia 04/11/2025
Reportagem: Ingrid Matuoka | Edição: Tory Helena
🗒 Resumo: Especialistas explicam de que forma a concepção de Educação Integral é capaz de transformar as escolas e a sociedade, em prol de um projeto de país equitativo e democrático. O debate abriu o IV Seminário Nacional de Educação Integral, que acontece entre 3 e 5 de novembro em Porto Alegre (RS), com transmissão ao vivo. Saiba mais!
Nesta segunda-feira, 3 de novembro, teve início um dos mais importantes encontros da Educação: o IV Seminário Nacional de Educação Integral, que vai até quarta-feira, 5 de novembro. O evento acontece em Porto Alegre (RS), com transmissão ao vivo, com o tema “Sustentar e ampliar o direito à Educação Integral no Brasil: contribuindo para a construção de uma política nacional”.
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O encontro marca também os 40 anos da criação dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Idealizados por por Darcy Ribeiro, os CIEPs foram um marco histórico das políticas de tempo integral no país.
A mesa de abertura teve como cerne do debate a “Educação Integral e o projeto de país ainda adiado: muitas vozes para refletir e construir”.
Pedro de Carvalho Pontual, Diretor de Educação Popular na Secretaria Nacional de Participação Social, destacou o momento em que o Seminário acontece: entre a operação policial no Rio de Janeiro (RJ), que resultou na maior chacina do país, e o começo da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).
“Somos instados a avançar na discussão de que projeto de país queremos. A Educação Integral propõe um projeto de desenvolvimento integral para o país e afirma um projeto de vida, que vai no sentido contrário das forças reacionárias, de direita e extrema-direita, que querem impor um projeto de morte, destruição da democracia, negacionismo e ampliação da exclusão e das formas de ação repressiva do Estado”, disse.
Fernando Mendes, gestor do Centro de Referências em Educação Integral, reforçou a concepção: “A Educação Integral é uma oportunidade de reparar direitos de populações historicamente negligenciadas pela nossa política e pela sociedade. É a oportunidade de garantir direitos e, como já diria Anísio, produzir essa máquina de democracia que é a escola“.
Para que esses direitos efetivamente sejam cumpridos, o Cacique Eloir de Oliveira, ou Verá Xondaro, na língua guarani, destacou alguns dos desafios que precisam ser vencidos:
“O Estado não vê nossos métodos de ensinar, não respeita nosso tempo. As escolas das 60 comunidades indígenas do Rio Grande do Sul funcionam em casas de famílias que emprestam seus espaços quando está muito quente ou quando chove muito. Precisamos de espaço físico e de formação de professores indígenas e não-indígenas”, afirmou.

Mesa de abertura do IV Seminário Nacional de Educação Integral
Valesca dos Santos Gomes, que coordena o Coletivo Pretas e Profs, entidade do Movimento Social Negro, a Educação Integral reflete as diretrizes da Educação para as Relações Étnico Raciais, e pode ser um caminho para vencer as desigualdades e implementar as leis 10.639/03 e 11.645/08, que instituíram a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana, afrobrasileira e indígena em todas as escolas.
“Fazer Educação Integral é cumprir a Constituição Federal e garantir que as escolas sejam lugares de acolhimento dos saberes dos territórios, proporcionando equidade e cumprindo a real função social e política das nossas atividades”, disse Valesca.
Para encerrar a mesa, Jaqueline Moll, representando a Cátedra UNESCO “Cidade que Educa e Transforma”, reforçou que a Educação Integral não se apresenta como uma inovação ou solução educacional, tampouco é ampliar a jornada escolar para fazer um contraturno.
“A escola de Educação Integral é a escola pública que a gente nunca construiu para a população brasileira. O debate da Educação Integral não é outro senão da escola publica de qualidade, universal, laica, diversa, diversificada e integrada. É por uma escola que fale com a vida, que não castigue e que acolha as crianças”, afirmou Jaqueline.