A Escola Municipal Polo de Educação Integrada (EMPoeint), em Belo Horizonte (MG), pode ficar sem o modelo pedagógico que a tornou referência em Educação Integral e pilar para o território. 

É o que alertam educadores, apoiadores e familiares de estudantes preocupados com mudanças anunciadas pela gestão municipal, que organizaram um abaixo-assinado para protestar contra as medidas. 

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A comunidade escolar, localizada no território do Barreiro, está preocupada com a proposta de fechamento do terceiro ciclo de tempo integral na unidade. Em reação, foi organizado um abaixo-assinado, que até o momento reúne 2 mil assinaturas. 

“Essa escola não representa apenas um local de aprendizagem, mas é um refúgio de esperança para muitas crianças e famílias de nossa comunidade, especialmente aquelas que vivem em situação de vulnerabilidade social”, diz o texto na plataforma Change.org. 

O texto cita decisão da gestão municipal de encerrar o ciclo de ensino e afirma que ela não dialoga com as necessidades da comunidade. O abaixo-assinado conta que a escola é referência e traz benefícios para além da formação dos estudantes. O fortalecimento dos laços comunitários e a promoção de um ambiente de desenvolvimento econômico são mencionados pelos propositores da iniciativa, que classificam a escola como um “pilar social” no território. 

“Sabemos dos desafios que a prefeitura enfrenta, mas acreditamos que existem alternativas que podem ser exploradas para preservar esse modelo de educação, inovadora e transformadora cuja centralidade é o estudante”, reinvindica. 

Nos comentários da plataforma, pessoas identificadas como estudantes, ex-estudantes, ex-funcionários e familiares reclamam da medida e pedem a manutenção da Educação Integral na escola. 

“Sou estudante da escola. A vida de todas as pessoas que estudam aqui será mudada para pior. Já estamos acostumadas com a escola, o ensino, colegas e professores. É um absurdo o que o governo está fazendo”, comenta uma apoiadora identificada como Maria Aparecida. 

EMPoeint: portaria indica mudança na localização e nome da escola 

Educadores, apoiadores e familiares de estudantes organizaram um abaixo-assinado em defesa da Escola Municipal Polo de Educação Integrada (EMPoeint).

Crédito: Divulgação / CMBH

Na terça-feira, 25 de novembro, a Secretaria Municipal de Educação da capital mineira publicou no Diário Oficial do município a Portaria nº 407/2025, oficializando mudanças na localização e no nome da escola.

De acordo com o documento, a nova denominação será Escola Municipal Polo de Educação Integrada – Milionários (E. M. POEINT – Milionários). A unidade também sairá da Praça Modestino Sales Barbosa e irá para outro logradouro, a dois quilômetros do atual. 

Os atuais profissionais serão transferidos e a atual gestão da escola está mantida, ainda de acordo com a portaria, assinado pela secretária de Educação, Natália Araújo. 

A ausência de menção à Educação Integral ou ao modelo pedagógico atualmente desenvolvido na EMPoeint na portaria, porém, segue colocando em risco as conquistas para estudantes e comunidade escolar.

Projeto pedagógico inspirador da EMPoeint é referência em Educação Integral 

Baseado nos princípios da Educação Integral, o trabalho pedagógico da EMPoeint é referência para educadores de todo Brasil. Ela também é um dos destaques do Especial Escolas de Educação Integral do Centro de Referências em Educação Integral. Em 2019, uma reportagem no site da Câmara Municipal de Belo Horizonte classificou a proposta pedagógica como inspiradora. 

 

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Além do tempo integral, as práticas diferenciadas da escola incluem o foco no aprendizado coletivo, por meio de roteiros de estudo interdisciplinares e da realização de tutorias pelos professores. Nos Anos Finais do Ensino Fundamental não há provas, seriação ou aulas expositivas.

A escola também desempenha papel fundamental na proteção integral das crianças e adolescentes, com o acompanhamento do desenvolvimento integral e atuação intersetorial. Além disso, oferece quatro refeições diárias para os estudantes para contribuir com a segurança alimentar. A escola também é referência em Educação Inclusiva, sendo muito procurada por famílias de crianças e adolescentes com deficiência. 

Grupo TEIA da UFMG e Escolas2030 também manifestaram apoio à escola

A EMPoeint também recebeu manifestações de solidariedade e apoio do Grupo Territórios, Educação Integral e Cidadania (TEIA), da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em carta publicada em 27 de novembro, o coletivo de educadores e pesquisadores que, há mais de 15 anos, se dedica a debater a Educação Integral em Tempo Integral nacionalmente e em diálogo com a Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (MG), repudiou a possibilidade de encerramento das atividades da Educação Integral em Tempo Integral da escola.

“A qualidade social do trabalho desenvolvido pela instituição é amplamente reconhecida pela comunidade escolar, bem como a sua contribuição na criação e desenvolvimento de práticas educativas sob a perspectiva da Educação Integral em jornada ampliada. Nesse sentido, reconhece-se a importância do trabalho ali realizado a partir dos resultados que apresenta para os estudantes e suas famílias, bem como a partir do seu potencial de contribuição para a Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte”, escreveu a coordenação do TEIA.

Outro gesto de apoio foi realizado pelo programa global de pesquisa-ação Escolas 2030. Em manifesto publicado no site da iniciativa, o Escolas2030 destacou a relevância do projeto da EMPoeint para a Educação Integral no Brasil.

“Em um país marcado por desigualdades históricas, a EMPoeint tem sido uma fonte de inspiração justamente por colocar no centro aquilo que muitas vezes se torna apenas discurso: a singularidade de cada estudante, a potência dos saberes locais, o protagonismo comunitário e a compreensão do território como educador”, afirmou o manifesto.

“Por tudo isso que representa a EMPoeint, não podemos permitir que seu projeto seja silenciado, reduzido ou interrompido. Experiências como essa são fundamentais e precisam ser valorizadas, fortalecidas e multiplicadas”, defendeu.