publicado dia 21/08/2018
5 livros para jovens, escritos por autores consagrados
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 21/08/2018
Reportagem: Ingrid Matuoka
Aproximar os jovens da literatura pode ser um desafio. Por sorte, alguns dos grandes escritores do Brasil e do mundo também criaram livros para jovens, deixando uma porta aberta para que as novas gerações adentrem o mundo da literatura.
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Sem perder qualidade ou profundidade, estes autores criaram obras que se aproximam da juventude por meio da linguagem ou do formato, a exemplo de livros de contos ou uma adaptação em quadrinhos de Grande Sertão:Veredas.
Confira a lista de livros selecionados pelo Centro de Referências em Educação Integral:
Em pequenos contos, o livro aborda a vida além das aparências do dia a dia, com narrativas que por vezes despertam algum desconforto por meio do mistério e da dor.
Trecho do livro Venha ver o pôr do sol e outros contos: “Um rapaz de nome Miguel estava noivo, de casamento marcado, mas não se lembrava com quem iria se casar no dia 12 de novembro numa quinta-feira. Interrogou um fraque novo na sala. Reviu um álbum de fotografias, analisou as amigas e se uma delas seria sua noiva. Lembrou uma canção de roda. Frederico vem buscá-lo para ir e diz que ele já está atrasado. Ao chegar à igreja lembra mais mulheres que poderiam ser uma delas sua noiva.”
Considerada uma das obras-primas mundiais, Grande Sertão: Veredas pode ser uma leitura desafiadora até mesmo para os mais experientes leitores.
Para tornar a obra mais acessível, Eloar Guazzelli Filho adaptou para uma versão em quadrinhos, sem alterar o texto original de Guimarães Rosa, as reviravoltas na história de Riobaldo, rememoradas da infância até tornar-se jagunço. As ilustrações são de Rodrigo Rosa.
As 24 crônicas do livro abordam com delicadeza e encantamento percepções da autora sobre aves e flores, sobre a vida, o espaço urbano, reminiscências de lugares, pessoas e acontecimentos, detalhes do dia a dia, o passado, entre outros.
Trecho do livro Crônicas para jovens: “Houve um tempo em que os namorados se comunicavam através de flores: não sei se diriam sempre coisas belas; mas as palavras de que se utilizavam eram rosas, cravos e cravinas, dálias e violetas, um dicionário imenso e colorido, que se dispunha de diferentes modos, como fazem os poetas. Lia-se em flores como, hoje, através do alfabeto. Talvez com essa linguagem poética as pessoas se entendessem melhor.”
De forma poética e sensível, o autor traz à luz a história de uma criança forçada a trabalhar em uma carvoaria. Contada a partir do ponto de vista de um inusitado narrador, um marimbondo, a narrativa se entrelaça às expressivas ilustrações que cada página contém.
Trecho do livro Carvoeirinhos: “A casa do menino não é dele, não foi ele quem fez. É a casa do fogo. Mas é a mão do menino que acaba de terminar a parede, tapando os cantos de uma abertura, misturando barro e um pouco de suor contra a parede do forno. Lá dentro, o fogo se espreme, brigando com o barro molhado e brigando com a mão do menino.”
Desde 1907, data de publicação da obra, são muitos os leitores que se identificam com o espírito de amizade e união dos protagonistas da história: garotos driblando a autoridade dos pais e professores, aprendendo sobre a vida e sobre crescer enquanto disputam um pedaço de terra que serve de palco para as suas brincadeiras.
Trecho do livro Os Meninos da Rua Paulo: “Pois foi à uma hora menos quinze, exatamente naquele momento de triunfo, que no quintal da casa vizinha ressoou uma pianola, e isso acabou de vez com toda a seriedade da aula. Era um dia quente de março, as janelas estavam escancaradas e, nas asas da fresca brisa primaveril, a música penetrou na aula. A pianola tocava uma alegre canção húngara, transformando‑a numa espécie de marchinha, emprestando‑lhe um caráter tão estrondoso, tão vienense, que deu a toda a turma uma vontade de sorrir que muitos não souberam conter.”