Escola cria projeto para fortalecer identidade negra e quilombola na Bahia
Publicado dia 04/09/2015
Publicado dia 04/09/2015
Um dos desafios do Colégio Estadual Antônio Sérgio Carneiro, localizado no bairro do Arenoso, na periferia de Salvador (BA), é reforçar o reconhecimento dos seus alunos com a identidade quilombola. A iniciativa nasceu do diagnóstico de que os estudantes estavam se distanciando dessa tradição por conta do racismo.
Para atingir esse objetivo, a escola está promovendo, este ano, o projeto “Quilombola sim, por que não”. A professora articuladora da escola, Rosana de Carvalho Souza Andrade, explica que a escola decidiu explorar o território do entorno com os alunos, trabalhando com pesquisas de campo relacionadas à religiosidade, cultura, esportes, entre outros temas.
Os estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio foram divididos em grupos e receberam a tarefa de ir a locais do bairro para realizar pesquisas, investigar e se apropriar dos elementos históricos e culturais que caracterizam o bairro enquanto território quilombola.
“Alguns foram a terreiros para entender sobre a religiosidade, outros foram participar de espaços de dança afro e de rodas de capoeira. Tiveram alunos que foram entender a importância das tranças, entre diversos outros exemplos”, afirmou.
Antes da ida a campo, os estudantes tiveram uma formação prévia em diversas matérias do currículo básico. Nas aulas de História, estudaram as raízes da cultura negra no Brasil; em Português tomaram contato com literatura que debate a questão quilombola. Em Educação Física, fizeram atividades de capoeira.
As idas a campo serão todas sistematizadas pelos alunos com ajuda dos professores, culminando com uma atividade no Dia da Consciência Negra, dia 20 de novembro, ocasião em que os estudantes organizarão apresentações abertas à comunidade. Nesse espaço, contarão sobre as experiências que vivenciaram em campo.
Segundo Rosana, o tema do racismo sempre foi muito presente no colégio, que sempre busca realizar alguma atividade pedagógica que culmine no Dia da Consciência Negra, como forma de fortalecer a identidade afrodescendente de seus alunos, tornando-os pessoas consciente e críticas.
A escola iniciou em 2015 o processo de aumento de tempo de jornada, o que, segundo Rosana, está ajudando na concretização do projeto “Quilombola sim, por que não” e de outros que estão em andamento, já que, com o aluno mais tempo dentro da escola, se torna mais fácil debater a temática e desenvolver atividades com eles.
“A permanência do aluno durante sete horas possibilita um melhor e mais amplo desenvolvimento nas diversas áreas do conhecimento e, ainda, uma visão mais ampla e prática do pensamento crítico, tornando-o um cidadão melhor, buscando os seus direitos”, afirmou a professora.
Ela conta que no primeiro semestre a escola trabalhou com o projeto sobre sustentabilidade, batizado de “Não deixe a Água Morrer”. Nas salas de aulas, assim como no projeto quilombola, os professores trabalharam de maneira integrada para explicar a importância da preservação da água e do cuidado com o meio ambiente.
O projeto culminou com uma atividade realizada no dia 19 de junho nos colégios onde os estudantes também apresentaram os temas que pesquisaram em sala de aula.
“Cada turma ficou responsável por um subtema e fez sua apresentação nesse dia. Fizeram barracas recicladas, espantalhos de garrafa pet, falaram sobre o desperdício da água, e muito mais”, conta a professora.
Rosana explica que o início do processo de implementação do aumento do tempo de jornada foi difícil porque alguns alunos tinham dificuldade de se adaptar. Alguns queriam até mesmo pular o muro do colégio.
Passados alguns meses, no entanto, os alunos e as famílias estão adaptadas com o novo cenário educacional que começa a apresentar seus primeiros resultados.
Colégio Estadual Antônio Sérgio Carneiro
Telefone: (71) 3230-8252
Mais informações: http://ceascarenoso.blogspot.com.br/