Colégio no RS é exemplo de inclusão de estudantes com deficiência

Publicado dia 07/08/2015

 O colégio estadual Coronel Pilar, em Santa Maria (RS), é uma das principais referências em educação inclusiva no país, em decorrência de um processo iniciado em 1993 e que segue até hoje. Aos poucos, a escola foi deixando de lado a ideia de que era necessário separar os alunos com deficiência dos demais.

Segundo a professora Bernadete Santini Viero, em 1993, existiam 2 classes especiais com 12 alunos em cada sala de aula. No ano seguinte, o colégio iniciou um processo de transição e alguns estudantes que estavam nessas turmas foram transferidos para as turmas de integração junto com os demais alunos.

“Ano a ano o número de alunos integrados foi aumentando”, conta a professora. Depois do processo de inclusão desses estudantes, o próximo passo foi pensar na importância de garantir não só o acesso deles a escola, mas também garantir condições de permanência para que eles continuassem estudando.

Na grade horária dos estudantes com algum tipo de deficiência existe a possibilidade deles serem acompanhados uma ou duas vezes por semana por um professor que trabalha as necessidades básicas dos alunos no que é conhecido como Atendimento Educacional Especializado (AEE). Essas aulas podem acontecer no turno ou no contraturno a depender do melhor horário para os estudantes e suas famílias.

No AEE, os alunos podem ser atendidos individualmente ou em grupos, a depender da avaliação do profissional sobre qual a melhor forma de abordagem. Bernadetti explica que essas aulas são um momento de conversa e interação e que o intuito não é dar reforço escolar para os estudantes.

“É um momento de aprendizagem, de conversa onde estabelecemos vínculos com os estudantes e compreendemos melhor como está sendo a dinâmica deles na sala de aula, na suas relações pessoais e familiares e isso ajuda no processo pedagógico”, afirmou.

Outra forma de garantir a permanência dos estudantes no colégio é a flexibilização do conteúdo para os alunos com algum tipo de deficiência. Em alguns casos, por exemplo, é possível realizar avaliações individuais.

“A flexibilização é importante para garantir a permanência do estudante que precisa aprender e se sentir motivado a vir ao colégio. Além disso, também é necessário medir o avanço que cada aluno teve no processo pedagógico”, avalia a professora. Outro instrumento adotado pelo colégio são ajustes de horário para adequar a grade curricular a disponibilidade dos alunos.

Um último mecanismo importante segundo a docente é trabalhar com a afetividade e com o fortalecimento do vínculo social entre os alunos. “Acredito muito que eles [os alunos com deficiência] precisam se sentir queridos e acolhidos. Isso é uma parte muito importante do processo pedagógico e de inclusão e que as vezes é esquecido ou deixado em segundo plano”, afirmou.

A partir das mudanças introduzidas em 1993, o colégio conseguiu criar uma cultura que aceita e compreende melhor a educação inclusiva. Os conflitos entre alunos com algum tipo de deficiência e os “sem” são raros e resolvidos com diálogo.

“Existem problemas, mas como nosso processo de inclusão é muito antigo, ele está enraizado e por isso existem poucos conflitos que, quando surgem, são resolvidos com diálogo”, afirmou a professora.

Desafios

Um dos principais desafios do colégio é garantir que os estudantes com algum tipo de deficiência concluam os primeiros anos do ensino fundamental. Segundo Bernadette é na passagem do 5º para o 6º ano que se concentra o maior índice de evasão no colégio Coronel Pilar.

“É nessa passagem que o número de aulas e de professores aumenta e os conteúdos passam a ser mais fragmentados em áreas. Além disso, a troca intensa de professores no colégio atrapalha porque quando o aluno está se acostumando com a nova rotina, troca o professor”, afirmou.

O maior número de professores e a alta rotatividade também dificulta o diálogo entre os professores que estão na sala de aula com os professores que fazem o acompanhamento dos estudantes no AEE.

As dificuldades nos primeiros anos do fundamental têm influência direta no ensino médio, já que as dificuldades que podem ser encontradas nesse período acabam sendo levadas pelos alunos, o que pode piorar o desempenho no ensino médio, levando à evasão escolar.

Apesar do inúmeros desafios, diversos alunos que se formaram no Colégio Estadual Coronal Pilar cursaram e terminaram o ensino superior. “Alunos saíram daqui, cursaram e concluíram o ensino superior”, afirmou a professora da escola.

Atualmente existem 45 alunos com algum tipo de deficiência frequentando aulas integradas no Coronel Pilar, sendo 14 entre o 1º e o 5º do ensino fundamental, 15 entre o 6º e o 9º ano do Ensino Fundamental, outros 12 no Ensino Médio e 3 estudantes na Educação de Jovens e Adultos (EJA).  A escola mantém como uma opção uma sala só para estudantes com algum tipo de deficiência física, hoje composta por 13 alunos de diferentes idades.

Contato da escola

Telefone: (55) 3221-2140

Endereço: R. Pinto Bandeira, 225, Santa Maria – RS

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