Asas da Florestania leva educação às comunidades da zona rural do Acre
Publicado dia 17/11/2014
Publicado dia 17/11/2014
A riqueza da diversidade brasileira vem acompanhada de grandes desafios educacionais. Os diferentes contextos sociais do país pedem uma educação que considere os indivíduos e suas realidades. A preocupação por ofertar uma educação que dê conta desta diversidade e que seja de qualidade é central no projeto acreano Asas da Florestania. Marcado por uma variedade de municípios rurais de difícil acesso, o estado tem o desafio de garantir educação à toda a população rural.
Os esforços para tanto começaram a partir da constatação da dificuldade das populações do campo em prosseguir os estudos após o 5º ano do ensino fundamental. A escassez de professores com formação específica nas diversas áreas do conhecimento nas áreas rurais era um dos principais empecilhos para a oferta de educação no níveis seguintes.
Para sanar este cenário, a Secretaria de Estado de Educação e Esporte, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, construiu o projeto Asas da Florestania. Estruturada em módulos, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e os referenciais curriculares do próprio estado, a iniciativa prevê a abordagem de temas regionalizados para contribuir com a qualidade de vida das comunidades.
Inicialmente prevendo a universalização do ensino fundamental II (do 6º ao 9º ano), a proposta foi ampliada em 2008 para o ensino médio e, em 2009, para a educação infantil, onde foi batizada de “Asinhas” e trabalha com crianças de 4 e 5 anos. A abordagem metodológica tem como centro o aluno, sendo ele o sujeito de sua própria aprendizagem, de acordo com seus ritmo e valores culturais. No processo educativo são priorizadas a contextualização, a leitura de imagens e o desenvolvimento equilibrado de suas linguagens oral e escrita, além de seu ato criador.
O projeto prioriza ambientes de aprendizagem prazerosos e incentivadores da inventividade, estética e sensibilidade. Além disto, que também promovam o trabalho investigativo e cooperativo e a integração entre os grupos. Os limites para tanto são entendidos de maneira individual e coletiva e os erros são vistos como inerentes ao processo de aprendizagem.
A partir da valorização das potencialidades e das qualidades, busca-se estimular o desenvolvimento da autoestima, da autocrítica e da autoavaliação, tidos como fundamentais para que os alunos tenham iniciativa, disciplina e organização.
Em cada modalidade, o projeto se organiza de maneira distinta. No Asinhas, o atendimento é realizado por um educador que se desloca regularmente até as comunidades. Com uma proposta pedagógica estruturada em seis módulos, com 20 encontros, esses momentos acontecem duas vezes na semana e têm, em média, duas horas e meia de duração. Os pais também são envolvidos no trabalho.
Cada agente acompanha crianças de até dez famílias, sendo o critério de escolha a proximidade das residências, de modo a facilitar a locomoção. As atividades se baseiam em quatro grandes eixos:
Já no ensino fundamental, a duração é de quatro anos; e no ensino médio, três. Em ambas modalidades, atuam professores licenciados nas diferentes áreas do currículo, sendo unidocentes no fundamental. Já no ensino médio, os professores devem dominar uma das quatro áreas do conhecimento (linguagens e códigos, ciências humanas, ciências da natureza e matemática). Para os dois níveis de ensino, as aulas acontecem na escola rural mais próxima da comunidade, com professores que moram temporariamente na localidade.
O trabalho é organizado a partir de algumas frentes que buscam o estímulo à aprendizagem. A acolhida tem como objetivo dar as boas vindas ao grupo e antecede o momento de apresentação das equipes; as aulas são orientadas a partir de um momento de problematização/motivação onde se tem o intuito de descobrir o conhecimento prévio acerca da temática abordada e provocar interesse; as atividades, individuais ou em grupo, sempre oportunizam momento de socialização dos conhecimentos. Aulas complementares também são previstas para que os alunos revisitem os conteúdos aprendidos e possam, ao final do percurso, serem avaliados, momento que considera as experiências vivenciadas.
Desde a sua implementação, o Asinhas da Florestania já atendeu cerca de 8 mil famílias e 11 mil crianças. Neste ano, o programa contempla 18 dos 22 municípios acreanos. O Asas da Florestania, direcionado aos ensinos fundamental e médio, também vem ampliando seu alcance desde o início: em 2005 chegava a 7 municípios e, em 2009, 16, segundo dados da Secretaria de Estado de Educação. Além de garantir o acesso à educação a crianças e jovens de comunidades rurais, a iniciativa vem contribuindo para que o percurso educativo se volte para os contextos locais e considere esses saberes como determinantes no desenvolvimento integral dos indivíduos.