publicado dia 07/07/2025

Gasto de quase 500 milhões de reais em plataformas não trouxe resultados na rede estadual de SP, diz estudo

Reportagem:

🗒 Resumo: A nota técnica Plataformização e Controle do Trabalho Escolar na Rede Estadual Paulista, do Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) e da Rede Escola Pública e Universidade (REPU), mostra que investimento em plataformas digitais não resultou em aprendizagem.

Em 2024, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) tornou obrigatório o uso de plataformas digitais na gestão e na prática pedagógica das escolas estaduais, investindo R$ 471 milhões no processo.

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A partir de dados da Seduc-SP, pesquisadores do Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) e da Rede Escola Pública e Universidade (REPU) descobriram que o uso das plataformas não melhorou o desempenho das escolas estaduais no Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar de São Paulo) no Ensino Médio, mesmo nas escolas que atingiram as metas de digitalização estipuladas pelo governo.

“Do ponto de vista dos resultados de aprendizagem, os dados indicam uma correlação fraca ou inexistente entre o uso das plataformas e a melhoria no desempenho das escolas no Saresp. Escolas que melhoraram os seus resultados no Saresp entre 2023 e 2024 aparecem tanto entre aquelas que mais utilizam as ferramentas digitais oferecidas pela Seduc-SP, quanto entre aquelas que menos utilizam as plataformas”, afirma a nota técnica Plataformização e Controle do Trabalho Escolar na Rede Estadual Paulista.

O estudo identifica cinco eixos principais dessa política:

1) uso compulsório de materiais didáticos digitais e plataformas de atividades para os estudantes;

2) centralização da formação docente por meio de videoaulas e formulários padronizados;

3) intensificação do monitoramento digital sobre todas as dimensões da vida escolar;

4) vigilância do tempo de uso das plataformas, com potenciais punições a professores/as e diretores/as escolares;

5) discurso que associa utilização de plataformas e resultados das escolas no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).

“Conclui-se que a política de plataformização do ensino vigente na rede estadual paulista amplia a sobrecarga de trabalho, prejudica a autonomia dos/as profissionais da educação e apresenta retornos insatisfatórios em termos de melhoria de aprendizagem dos/as estudantes”, afirma o estudo.

A nota técnica também indica que falta transparência da Seduc-SP sobre o funcionamento e os conteúdos das ferramentas digitais. Plataformas como o “Super BI” centralizam indicadores que impactam diretamente na avaliação do trabalho docente e da gestão escolar.

*Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.

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