publicado dia 25/04/2024
Estudo revela como a infraestrutura das escolas reflete a desigualdade racial
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 25/04/2024
Reportagem: Ingrid Matuoka
Resumo: Em abril, o Observatório da Branquitude publicou o estudo A cor da infraestrutura escolar: Diferenças entre escolas brancas e negras, que mostra como as desigualdades raciais presentes no país se sobrepõem a outras e transparecem inclusive nas condições das escolas de Educação Básica.
As desigualdades que marcam o Brasil se fazem presentes também na infraestrutura das escolas de Educação Básica.
Entre as que possuem recursos como biblioteca, laboratório de informática, quadra de esportes, saneamento básico e água potável, 69% são majoritariamente brancas.
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Enquanto isso, mais da metade de escolas com maioria de estudantes negros não possuem biblioteca, laboratório de informática e quadra de esportes. Também há falta de coleta de lixo, rede de esgoto e acesso à água potável.
É o que revela o estudo “A cor da infraestrutura escolar: Diferenças entre escolas brancas e negras”, publicado em abril pelo Observatório da Branquitude (OdB), a partir da análise de dados do Censo Escolar 2021 e do Índice Socioeconômico (INSE, 2021).
“Estamos oferecendo diferentes tipos de Educação para diferentes estudantes”, afirma Nayara Melo, socióloga e analista de pesquisa do Observatório. Isso porque as condições e recursos presentes na escola impactam diretamente as oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.
“Essas desigualdades podem encurtar o horizonte educacional dos estudantes, porque faz falta um ambiente agradável e com qualidade para estudar. Além disso, a falta de infraestrutura pode até limitar a atuação dos professores pela falta de recursos”, destaca Nayara.
As assimetrias nas condições da escola acompanham também as desigualdades regionais no país. As escolas mais brancas e com melhores condições estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste (com menor presença em Minas Gerais). Já as escolas negras e com infraestrutura mais precária estão mais presentes no Sudeste (com menor presença em São Paulo), Nordeste e alguns estados do Norte.
“A forma como o Brasil se desenvolveu criou regiões com maior e menor condições de desenvolvimento, com divisão entre a área rural e urbana, metrópoles e pequenos municípios, zonas centrais e periféricas”, explica a socióloga. “As condições das escolas são a representação física da desigualdade que há no Brasil”, complementa.
Para enfrentar o cenário e promover a equidade de oportunidades educacionais no país, as políticas públicas são indispensáveis. “Temos um Plano Nacional de Educação que foi validado esse ano, mas precisamos pensar em desdobramentos para políticas mais específicas que detectem os perfis das escolas mais fragilizadas, porque não são todas as escolas que carecem de melhorias, então vamos privilegiar as que precisam de uma atuação mais específica”, diz Nayara.