E.E Dionísio Cerqueira investe em projetos interdisciplinares para qualificar a aprendizagem
Publicado dia 11/12/2013
Publicado dia 11/12/2013
Iniciativa: Escola Estadual General Dionísio Cerqueira
Pública ou Privada: Pública
Como integrar um programa federal às demandas locais? Esta é provavelmente uma das questões mais trabalhadas por educadores e gestores na organização das ações escolares. A partir de 2012, com a chegada do Programa Mais Educação, política nacional indutora da agenda da educação integral, a pergunta também se apresentou à Escola Estadual General Dionísio Cerqueira, que foi convidada a estruturar ações que dialogassem com as necessidades de aprendizagem dos estudantes e qualificassem a relação da unidade com o território e saberes locais.
Os 500 alunos da Dionísio, localizada na comunidade de Santa Cruz, região periférica de Salvador (BA) e que atende o Ensino Fundamental II e o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), passaram a frequentar o ensino regular pela manhã e as oficinas do programa durante a tarde.
A partir de então teve início um movimento cultural na escola com a oferta de atividades de dança, teatro, música, capoeira; e também de ações pedagógicas interdisciplinares, já que o próprio programa encorajava o diálogo entre o corpo docente para o desenvolvimento de ações conjuntas capazes de explorar a aprendizagem dos adolescentes de diferentes formas.
A iniciativa veio ao encontro da crença de Maria Auxiliadora Rodrigues, que tinha acabado de assumir a direção, após ficar muitos anos à frente das aulas de artes na unidade. Dôra, como é conhecida entre os alunos e professores, vivenciou mais do que a implementação de um novo programa; a mudança simbolizou o início de uma nova relação entre a escola, os estudantes, a gestão e a comunidade.
Por ter vivenciado de perto o desinteresse dos alunos com a instituição – comprovado pelos altos índices de evasão escolar -, e também dos moradores da comunidade na qual a escola estava inserida, Dôra, que acredita que a “escola é movimento, é vida”, aproveitou as propostas do programa para encorajar ações colaborativas na comunidade escolar. Entre seus principais objetivos estava a necessidade de criar oportunidades de ensino e aprendizagem que fossem para além da sala de aula.
Além de encorajar a participação discente, havia a necessidade de aproximar os familiares dos estudantes, que, em grande parte, moravam no entorno da unidade. A ideia de ‘derrubar os muros da escola’ começou a ser colocada em prática a partir do desenvolvimento de projetos com o apoio de uma equipe em diálogo interdisciplinar. A gestora, com o apoio da comunidade escolar, foi conhecer o território em profundidade: em longas caminhadas, ela batia de “porta a porta” nas casas da região para descobrir a realidade local e possíveis entraves aos direitos de aprendizagem de seus estudantes. Nesse diálogo, a equipe conseguiu identificar problemas, estabelecer relações com parceiros locais e iniciar um movimento de colaboração da escola com a comunidade e da comunidade com escola.
A partir de um plano pedagógico que priorizava as experiências educativas, a escola teve seu próprio espaço alterado. Na área externa, uma sala que antes abrigava materiais e equipamentos em desuso deixou de existir dando lugar a um quintal com folhas e temperos, posteriormente utilizado como projeto dos professores de ciências e geografia, chamado Nossa Horta.
Os alunos foram imediatamente envolvidos em sua manutenção, acompanhada de perto por um dos funcionários da escola, também morador da comunidade. As famílias dos estudantes foram convidadas a contribuir com o envio de sementes. As espécies ali cultivadas são utilizadas pelas merendeiras no preparo do almoço da escola.
Hoje, com o desenvolvimento das ações pedagógicas no espaço, o projeto recebe o apoio da Odebrecht. A empresa disponibiliza um técnico para acompanhar a horta e contribui com o envio de adubo para a manutenção das espécies. A proposta também foi apresentada à Secretaria de Educação do Estado da Bahia que possibilitou à escola a oportunidade de eleger um deputado mirim entre seus alunos e defender, ainda em 2013, o projeto na Câmara como uma política pública para todas as escolas do estado.
A escola também olha para a comunidade quando precisa de serviços de mão-de-obra, justamente para dialogar com os saberes e habilidades locais e promover a interação com o território. A empresa OES Empreendimentos também contribui com as práticas da Dionísio Cerqueira, ajudando a preservar as espécies nativas próprias do terreno da unidade, convocando toda a comunidade escolar a pensar sobre a preservação do espaço público e meio ambiente. Esta temática, inclusive, foi um dos macrocampos adotados pela escola via o Mais Educação.
A comunidade de Santa Cruz, localizada na região nordeste de Amaralina, em Salvador, acordou aos sons de uma fanfarra no último sábado, 23 de novembro. Cerca de 150 alunos da Escola Estadual General Dionísio Cerqueira foram às ruas do bairro para convidar os moradores a virem para a instituição e participarem do Dia EI – Dia da Educação Integral que mobilizou outras 33 escolas da rede estadual.
A somatória das ações que têm como objetivo ampliar as possibilidades educativas e integrar a escola ao território reduziram, segundo a equipe gestora, os índices de evasão escolar a quase zero.
O envolvimento dos alunos e da comunidade escolar nas atividades pôde ser conferido durante o Dia EI, no 23 de novembro de 2013, momento que marcou o compromisso das escolas de Salvador que tem como política a educação integral – ao todo, são 42 instituições escolares.
Para a equipe, mesmo recente, o trabalho vem impactando a aprendizagem dos estudantes, que se mostram mais participativos e envolvidos com as ações escolares. A partir dos projetos, os alunos vivenciam de forma prática e colaborativa os conteúdos acadêmicos, antes apenas trabalhados em aulas expositivas.
Início e duração: A partir de 2012, com a mudança de gestão e adesão da escola ao Mais Educação.
Local: Comunidade de Santa Cruz, Salvador, Bahia.
Responsáveis: E.E General Dionísio Cerqueira
Envolvidos e parceiros: Comunidade de Santa Cruz, Odebrecht e OAS Empreendimentos.
Financiamento: Além de seu orçamento regular, a escola recebe financiamento para a execução do Mais Educação, via Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). A Odebrecht e OAS Empreendimentos apoiam os projetos da Horta e conservação ambiental.
Contatos:
Telefone: (71) 3354-9400
Email: [email protected]