Parceria entre Educação Básica e Superior faz o tempo integral acontecer em Porto Seguro (BA)
Publicado dia 26/06/2023
Publicado dia 26/06/2023
Para implementar a educação integral em tempo integral no Complexo Integral de Educação de Porto Seguro (CIEPS), na Bahia, a escola contou com a parceria do Ensino Superior e da Secretaria Estadual de Educação.
O CIEPS fica localizado no centro de Porto Seguro, em uma área essencialmente comercial, que já foi uma vila de pescadores. Na unidade, convivem estudantes de Ensino Médio de diferentes níveis socioeconômicos, de várias partes da cidade e de diferentes países.
O processo de implementação da educação integral teve início em 2016, quando a Secretaria Estadual de Educação da Bahia começou a incentivar a disseminação da concepção na rede.
Em Porto Seguro, o CIEPS firmou uma parceria com a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) para formar professores para trabalhar a partir da educação integral.
“Isso foi importante, ajudou muito nossos professores a se debruçarem sobre a educação integral. A UFSB ofereceu uma formação aos educadores e disponibilizaram uma coordenadora pedagógica para dar suporte”, conta Caetano do Sacramento, diretor do CIEPS.
Parte do curso de Licenciatura da UFSB também passou a acontecer dentro da unidade, a fim de que os(as) professores(as) possam estar em contato direto com o chão da escola desde o começo de sua formação.
Já a Secretaria de Educação da Bahia fez muitas rodas de diálogo com os educadores para tirar dúvidas, ouvir as demandas e preocupações da equipe. “Também explicaram os caminhos que poderiam dar para os professores que não concordassem com o projeto. Nenhum professor quis sair da unidade”, celebra Caetano.
Hoje, a escola atende cerca de 1800 estudantes de Ensino Médio e conta com 75 professores. Destes, 600 estudantes e 50 professores fazem parte do tempo integral.
Na jornada estendida, há 45 aulas por semana. Destas, um terço são aulas pautadas pela Base Nacional Comum Curricular e os outros dois terços são dedicados a oficinas de temas propostos pela Secretaria.
Há atividades como karatê, futsal, vôlei, basquete, xadrez, yoga, costura, fanfarra. Também realizam práticas pedagógicas e eventos em parceria com museus, a UFSB e feiras, e nas praias e comunidades indígenas do entorno.
“Notamos a formação de cidadãos melhores, uma melhora no aprendizado, mais aprovação no ENEM e no Ensino Superior, porque é uma experiência que desperta no aluno o desejo de continuar os estudos, inclusive por conviver com o pessoal da universidade”, observa o diretor do CIEPS.
O CIEPS conta recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNEA) e Fundo de Assistência Educacional (Faed). A UFSB também oferece à escola serviços gratuitos de jardinagem e Tecnologia da Informação.
Já os educadores são contratados por meio de concursos e por meio de edital e prova, com um contrato por tempo limitado. Do total, 15% dos professores são efetivos e nenhum é de dedicação exclusiva.
A escola recebe a matriz curricular da Secretaria Municipal de Educação. Durante o ano, principalmente na jornada pedagógica, criam projetos que parte dessa matriz para dialogar com a realidade, o território e as demandas dos estudantes. Constantemente, a UFSB também oferece formação continuada gratuita aos professores.
Entre os desafios do campo pedagógico, Caetano cita a efetivação do Projeto Político Pedagógico da escola, que está em andamento, e usar as ferramentas digitais de forma significativa pelos professores.
No CIEPS há um grêmio estudantil. As turmas escolhem seus líderes de classes, que dialogam com a gestão. Entre esses líderes, há a escolha de um grupo menor que representa a escola em outras instâncias, como em reuniões da Diretoria Regional de Educação e da Secretaria de Educação.
Já a participação das famílias é um desafio para a unidade, que realiza reuniões trimestrais e, em média, conta com a presença de 10% dos familiares.
A Prefeitura de Porto Seguro cede uma psicóloga que atende a escola quando necessário. Também realizam campanhas de vacinação na unidade, bem como reservam horários em postos de Saúde para que os estudantes sejam atendidos.
Também trabalham em articulação com a rede de proteção integral quando há casos de exclusão escolar, violências contra os estudantes e outras violações de direitos.