O anticapacitismo é a luta contra a postura preconceituosa que hierarquiza pessoas de acordo com seus corpos, o capacitismo, e leva à falsa crença de que algumas pessoas são mais capazes do que outras para trabalhar, aprender, amar, cuidar e todas as dimensões que compõem a vida individual e em sociedade.
O capacitismo é reforçado pela mídia e nos diferentes espaços e instituições sociais, que produzem uma noção do que seria normal e, portanto, valorizado. Nesse sentido, a luta anticapacitista se aproxima das lutas antirracistas, e de outros grupos minorizados, pela inclusão e garantia dos direitos de todos e todas, bem como o respeito às diversidades: de raças, corpos, gêneros, sexualidades, culturais.
Anticapacitismo: uma perspectiva histórica
Em toda a sociedade, as pessoas com deficiência por muito tempo viveram excluídas, escondidas dentro de suas casas pelos familiares ou institucionalizados por toda a vida. Quando a sociedade começou a incluí-las, foi em situação de segregação: estavam ali, mas não faziam parte efetivamente.
Isso é expresso, ainda hoje, em instituições de ensino voltadas exclusivamente para pessoas com deficiência, por exemplo, ou mesmo em escolas regulares em que os estudantes com deficiência não participam das mesmas atividades que o restante da turma.
Uma das principais bases desse preconceito é o modelo médico, que foca no impedimento e o CID das pessoas, e no que consideram ser um suposto padrão corporal, inclusive neurológico. Assim, a deficiência tem sido encarada como algo negativo, algo a ser curado ou até eliminado.
Em 2006, um avanço: foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que prioriza o modelo social da deficiência em detrimento ao médico. Isso muda a perspectiva de que as pessoas com deficiência seriam menos capazes e mostra que é a sociedade que é permeada por barreiras que impedem o convívio em sociedade de todos e todas. De acordo com esse novo entendimento, é responsabilidade do Estado, da política pública e de toda a sociedade remover tais barreiras.
O anticapacitismo na Educação
Na Educação, a inclusão já era um direito garantido pela Constituição Federal aos estudantes com deficiência, mas que ganhou força sobretudo após 2007, com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Para que a inclusão aconteça nas escolas, a garantia da matrícula é o primeiro passo, mas é preciso cuidar também da permanência, da aprendizagem e da participação plena e em condições de igualdade em relação aos demais estudantes.
Isso demanda formação inicial e continuada de toda a comunidade escola na perspectiva inclusiva e romper com as várias barreiras. No campo atitudinal, significa perceber, sobretudo, que os estudantes com deficiência são capazes de aprender, ensinar e se desenvolver. Nas barreiras arquitetônicas, é instalar rampa, elevador, sinal sonoro e piso tátil.
Na comunicacional, ter intérprete de Libras o tempo todo, ensinar Libras para a comunidade escolar, ter recursos de tecnologia assistiva e metodológica, ou seja, que os métodos de ensino levem em consideração que cada pessoa, com ou sem deficiência, aprende de um jeito diferente.
Também é fundamental garantir transporte escolar e que os materiais didáticos, de literatura e outras linguagens artísticas, bem como os esportes, sejam acessíveis.
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