publicado dia 08/12/2022

Aprendizagem criativa: abordagem mão na massa ajuda a dar sentido para os conhecimentos

Reportagem:

Realizar um trabalho pedagógico contextualizado ao território e aos interesses dos estudantes é uma maneira de garantir o direito à aprendizagem, o protagonismo dos sujeitos e dar sentido ao que se ensina e se aprende. A forma de construir esse percurso com a turma e compartilhar os resultados pode, ainda, potencializar esse processo. Essa é a proposta da aprendizagem criativa, abordagem pedagógica que tem origem no construcionismo do matemático e educador Seymour Papert (1928-2016).

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O desafio está em construir algo que possa ser compartilhado com o outro, partindo do currículo, do entorno e dos desejos dos estudantes. Pode ser uma peça de teatro, um panfleto, uma história em quadrinhos, um poema, uma paródia ou até construções que usem materiais recicláveis e de robótica. “Tudo que possa ser construído e compartilhado é mão na massa, lembrando que o foco está na concepção de trabalho mais do que nos recursos que serão utilizados”, explica Verônica Gomes dos Santos, Coordenadora da área de Adoção Sistêmica da Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa (RBAC).

A especialista afirma que boas perguntas são pontos de partida interessantes para que a turma possa começar a se relacionar com os conteúdos curriculares de forma diferente e enxergá-los no seu dia a dia para, então, construir, sistematizar e manipular esse conhecimento. 

Conheça a plataforma da Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa (RBAC), que possui materiais gratuitos e fóruns de conversa para trocas de experiências entre os educadores.

Na Aprendizagem Criativa, esse processo tanto mobiliza os saberes prévios dos estudantes quanto desperta a motivação para aprofundar-se em conceitos que serão úteis para a produção. 

“Quando tem aprendizado nessa perspectiva, o estudante se apropria dele, porque foi ele quem o construiu e o integrou ao seu contexto. A partir disso, ele consegue elaborar os conhecimentos independentemente do formato, inclusive em uma prova escrita tradicional”, afirma Verônica.

A criação de projetos, que costuma ocorrer em grupo, também contribui para a formação social dos estudantes, que vão precisar aprender a argumentar, ouvir e trabalhar em equipe. Mesmo nas propostas individuais, há espaço para trocar com os colegas, perguntar e sugerir. 

“Nossos estudantes já têm um perfil muito protagonista na vida e, com um celular na mão, eles criam, compartilham, se manifestam. Por que na escola eles precisariam ficar à mercê do que o professor vai pedir que eles façam?”, questiona Verônica.

O papel do professor na Aprendizagem Criativa 

Enquanto os estudantes desenvolvem sua formação enquanto autores e protagonistas de suas aprendizagens, o papel do professor vai ser o de incentivar, fortalecer as potências de cada um e ensiná-los a se posicionarem criticamente, de forma a mobilizar conhecimentos e ferramentas para contribuir, na prática, com a sociedade – cada um à sua maneira.

A partir de condições adequadas de trabalho, de remuneração e de formação para exercer essa abordagem pedagógica, os educadores podem começar a experimentar pontualmente essa forma de trabalho e, com apoio do trabalho colaborativo entre os professores, expandi-la para todas as áreas do conhecimento e ao longo de todo o ano letivo. 

Verônica também explica que a aprendizagem criativa não exclui a necessidade de sistematizar, registrar, ter outras atividades relacionadas ao mesmo conteúdo e avaliar. “Mas a chave está em levar para a prática, testar e retornar suas percepções para um grupo. O sucesso desse trabalho depende de ter com quem trocar”, diz a especialista.

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