Tarumã aproxima professores e famílias para garantir direito à educação durante isolamento social
Publicado dia 30/04/2020
Publicado dia 30/04/2020
Tarumã é um município localizado no interior do estado de São Paulo e possui sete escolas que atendem da Educação Infantil ao Ensino Fundamental I. A experiência da rede durante a suspensão das aulas presenciais, em decorrência da pandemia de Coronavírus, revela caminhos possíveis para manter as crianças em algum contexto de aprendizagem.
Leia + O papel da Educação Integral em tempos de crise, por Natacha Costa
Durante a semana de 16 de março, quando as escolas começaram a fechar, a Secretaria Municipal de Educação preparou um material impresso para entregar às famílias, que continha atividades para os 15 dias seguintes.
“Nosso primeiro objetivo foi garantir que todas as crianças tivessem condições de manter uma rotina de estudos, por isso os materiais impressos. E que as famílias pudessem se acostumar a interagir e participar desse momento, sem ficarem sobrecarregadas”, afirma Sandra Moura, secretária de Educação de Tarumã.
Durante esse período inicial, as escolas se mobilizaram para fazer um levantamento do acesso à internet e aos equipamentos tecnológicos de cada família, e construir junto aos professores as estratégias de ensino remoto em caráter emergencial.
Através de encontros virtuais, gestores, coordenadores e professores começaram a definir prioridades, testar os recursos digitais e conversar sobre dúvidas e anseios. Também elaboraram as atividades e enviaram para a casa dos estudantes os recursos básicos de que poderiam precisar para realizá-las e alguns livros e gibis.
“Entendemos que o professor precisa estar perto do aluno e da família, porque esse vínculo é fundamental. E também cuidamos para propor atividades com uma linguagem fácil e que levasse em conta as peculiaridades de cada família, para não desmotivá-las. Além disso, também trabalhamos o emocional do professor, porque é ele quem está à frente de tudo isso”, explica Tom Doratiotto, gestor de uma das escolas do município.
Passadas as duas primeiras semanas, a rede deu início às atividades escolares mediadas por tecnologias digitais. Começaram a usar blogs, grupos de WhatsApp e outras redes sociais, para explicar para as famílias como realizar as atividades com as crianças e esclarecer dúvidas.
Durante esse processo, os professores também tiveram um cuidado especial para ouvir as famílias, prestando atenção às dificuldades e às necessidades. “Foi assim que entendemos, por exemplo, que eles prefeririam que mandássemos os vídeos direto por WhatsApp ao invés de colocar no blog, pela economia de dados”, conta Tom.
Para a Educação Especial e de Jovens e Adultos, professores especialistas também estão adaptando as atividades de acordo com as necessidades de cada estudante, e enviando orientações específicas para as famílias. Em alguns casos, também agendam um encontro na escola para realizar um atendimento presencial e individual, tomando todos os cuidados necessários. O mesmo vale para as famílias que não tem acesso à internet, que recebem os materiais e atividades impressos.
Em relação à organização do calendário escolar, a rede está contabilizando o trabalho remoto para as 800 horas anuais obrigatórias. “Mas estamos pensando em estratégias para não realizar toda a carga horária de maneira remota, porque entendemos que não é o melhor para a qualidade da educação”, ressalta Sandra.
Dessa forma, quando houve alguma perspectiva de retorno das aulas, a rede realizará um diagnóstico de como os estudantes estão, tanto emocionalmente quanto em relação aos conteúdos, para depois planejar como retomar as atividades.
“A prioridade é articular famílias e escola, sem delegar a elas todo o trabalho, mas estabelecer uma parceria, um apoio, enquanto os professores se mobilizam para criar novas estratégias e novas formas de ensinar. Tem sido esse esforço, de famílias e educadores, a chave para que a educação nesse momento dê certo”, diz a secretária.
Conheça duas atividades propostas pela rede de Tarumã para as famílias
Nesta atividade, a criança deite no chão do quintal ou sobre uma folha grande de papel kraft, e outra pessoa, que pode ser um adulto ou outra criança, contorne seu corpo usando giz ou outro material riscante. Depois, a proposta é que a criança nomeie as partes do corpo e, dependendo da idade, pode escrevê-las no desenho. Se for possível, a família pode gravar um vídeo da criança realizando a atividade e enviar para os professores.
A proposta é que a criança encontre pela casa objetos que tenham a forma de sólidos geométricos, como o cubo, a esfera e o paralelepípedo. Depois, elas devem desenhá-los em uma folha de papel — isso ajuda a reconhecer os sólidos e perceber a diferença entre objetos bi e tridimensionais.