Como avaliar os alunos sem aplicar provas

Publicado dia 25/06/2018

Para muitos professores avaliar os alunos após ensinar um conteúdo novo pode ter se tornado um hábito. Mas, uma avaliação precisa ser feita, necessariamente, por meio de provas?

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Os professores podem desafiar seus estudantes para muito além de uma prova, porque este formato, por vezes, resulta em alunos regurgitando informações e não permite que eles façam conexões mais profundas ou reflexões.

Uma estratégia que possibilita que eles demonstrem seus conhecimentos sobre um livro, e também responde à velha questão “por que eu estou aprendendo isso?”, é por meio de uma tarefa em grupo que leva cerca de quatro blocos de 90 minutos cada para ser realizada. Embora o exemplo trate de literatura, este formato pode ser aplicado às demais áreas de conhecimento.

Texto publicado originalmente no Edutopia, com o título Assessing learning without a test, por Jessica Smith

Os alunos devem elaborar uma maneira criativa de demonstrar que compreenderam a obra, incluindo algumas exigências estabelecidas pelo professor. Por exemplo, para O Sol é Para Todos, de Harper Lee, pode-se pedir para os estudantes argumentarem sobre como o pássaro é um símbolo de destruição da inocência, e citar de três a cinco exemplos que se relacionam com a frase de Atticus Finch: “Ninguém compreende uma pessoa até olhar por seu ponto de vista… até vestir sua pele e andar por aí nela”.

O resultado dessa tarefa deve mostrar que os alunos compreenderam a simbologia do pássaro, e o tema de colocar-se no lugar do outro, demonstrando a capacidade de sentir empatia por variados personagens e de criticar e relacionar literaturas.

Aplicando este modelo de avaliação

Após dividir os grupos, de até 5 pessoas, permita dez minutos de conversas entre os alunos para elaborarem ideias. Neste período, apenas circule pela sala ouvindo as ideias, mas não faça interferências.

Passados os dez minutos, estimule seus estudantes a pensar criativamente e de maneira colaborativa, fazendo perguntas propositivas como: em qual formato vocês querem apresentar o projeto? Quais são os pontos fortes de cada um que revigora a todos, quando trabalhando em conjunto? Como garantir que todos tenham voz no grupo: Se não houvesse limites, o que você faria? Como é possível adaptar essa ideia a algo que se encaixe em nossas possibilidades concretas? Vocês já tem um cronograma? Quem é responsável por qual parte?

Questões como estas colocam os estudantes como protagonistas e responsáveis por sua aprendizagem, enquanto o professor os conduz para encontrarem as saídas para os desafios que surgirem por si só.

O professor pode mostrar exemplos variados de formatos para estimular os estudantes a encontrar uma saída criativa para expressar seus conhecimentos, por exemplo, por meio de dioramas, poesias, RAP, grafismos — as possibilidades são infinitas.

Nesta primeira etapa, os alunos devem sair com todo o projeto do que vão desenvolver idealizado, para nas próximas duas aulas construí-los.

Por fim, dependendo do produto que os estudantes desenvolverem, o professor pode fazer uma “apresentação-carrossel” em que todos circulam pela sala conhecendo o trabalho dos colegas, ou podem ser feitas apresentações.

Neste momento os alunos podem avaliar o trabalho dos colegas, escrevendo alguns poucos parágrafos sobre ele.

Aprendizagem por meio da reflexão

Uma das partes mais importantes deste projeto acontece após as apresentações, quando o professor deve promover um debate sobre o que os alunos acharam do próprio trabalho e o dos colegas, bem como sobre o formato dessas atividades.

Algumas perguntas que podem ser feitas são: qual foi o ponto de partida para vocês resolverem este problema? Como vocês definiram quem seria responsável por qual parte? Teria outro jeito mais eficiente de distribuir o tempo? Como seu grupo abordou o tema? Qual foi sua função? O que você faria diferente em outro projeto? Os alunos também devem ser estimulados a fazerem suas próprias perguntas para o professor e os demais colegas.

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