A presença das tecnologias e das telecomunicações trouxe nova dinâmica à maneira de se comunicar, se informar e, sobretudo, aprender. Com o conhecimento descentralizado e fluido a partir de diversas linguagens e meios de comunicação, espera-se mais do papel do professor – que deixa de ser um transmissor de conhecimentos para se posicionar como um mediador de diversas linguagens e oportunidades educativas.
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Contudo, esta ideia de um professor que media é anterior ao advento das novas tecnologias. Teóricos como Célestin Freinet (1896-1966) e Janusz Korczak (1878-1942) já apresentavam o papel do professor como aquele que apoia o acesso ao conhecimento e não aquele que o detém.
Em definições mais recentes, segundo o educador Reuven Feuerstein (1921-2014), que dialoga sobre a teoria de Jean Piaget, mediar não é o mesmo do que interagir ou ensinar. Para ele, são fundamentais a presença de algumas características para que se efetive a mediação.
1 – Intencionalidade e reciprocidade Entende-se por intencionalidade a disponibilidade do mediador em utilizar o que estiver ao seu alcance para explicar da melhor maneira possível. Isso diz respeito a adaptar as linguagens tendo em vista a compreensão e fazer uso das tecnologias disponíveis durante o processo de aprendizagem. Em consonância com a intencionalidade do professor, deve-se ter o desejo do aluno de aprender. Para Reuven Feuerstein trata-se da reciprocidade.
2 – Transcendência A característica tem como objetivo promover a compreensão de conceitos de forma que eles possam ser aplicados em outras situações e contextos, que vão para além de uma situação avaliativa nas escolas.
3 – Mediação do significado Um conceito compreendido se interliga a outros já assimilados pelos alunos. O papel de mediar o significado é justamente contribuir para essas conexões e, assim, ampliar o processo de aprendizado.
Essas e outras caraterísticas inerentes a um professor mediador contribuem, sobretudo, para o desenvolvimento da autonomia perante o conhecimento, o que significa contribuir para a formação de cidadãos críticos e capazes de fazer uma leitura consciente das situações que os cercam.
Segundo o educador pernambucano, Paulo Freire (1921-1997), o papel do professor é estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem; em que professor, ao passo que ensina, também aprende. Juntos, professor e estudante aprendem juntos, em um encontro democrático e afetivo, em que todos podem se expressar.
Para o educador Rubem Alves (1933 -), a função de um professor é instigar o estudante a ter gosto e vontade de aprender, de abraçar o conhecimento.
Referências:
Das relações entre a educadora e os educandos, de Paulo Freire. São Paulo: Olho d’água, 1991.
A alegria de ensinar, de Rubem Alves. Ars Poética, 2000. 93 páginas.
“Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência”, reportagem sobre Paulo Freire e sua teoria, no site da revista Gestão Escolar.
“Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social”, reportagem sobre Vigotsky e sua teoria, no site da revista Gestão Escolar.
Para uma Escola do Povo: guia prático para a organização material, técnica e pedagógica da escola popular, de Célestin Freinet. São Paulo: Martins Fontes,1996. 213 págs.
O papel do professor e sua mediação nos processos de elaboração do conhecimento, de Vanessa Bulgraen, Revista Conteúdo, ago-dez/2010.
O Professor como Mediador no Processo Ensino Aprendizagem, de Elenir Souza Santos
Revista Gestão Universitária, Edição 40.
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