publicado dia 17/01/2020
Professor promove inclusão ensinando robótica para crianças com deficiência
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 17/01/2020
Reportagem: Ingrid Matuoka
Em 2017, o professor de matemática Edson Luiz Plateiro começou a ensinar robótica para crianças com deficiência que estudam na EMEF Brigadeiro Haroldo Veloso, no bairro de Itaquera, em São Paulo (SP). Ao garantir os mesmos direitos de aprendizagem e de acesso a múltiplas linguagens para todas as crianças, Edson promoveu também a inclusão dos alunos.
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O processo teve início quando a Secretaria Municipal de Educação ofereceu kits de programação e robótica para as escolas. “Comecei a estudar mais sobre o uso dessa linguagem para crianças com deficiência, e também fiz uma extensão universitária na Universidade Federal do ABC”.
E então começaram os estudos. Respeitando os tempos e as maneiras de aprender de cada um, o professor foi trabalhando essa linguagem. Quando um aluno não sabia manusear régua e compasso, por exemplo, o Edson interrompia o processo para fazer essa aprendizagem.
“Temos que ir administrando o que a criança já sabe fazer e ir ofertar apoio para ela começar a conseguir fazer sozinha. Não adianta fazer por ela, mas estimular, questionar, mostrar caminhos, e deixar que ela escolha”, diz.
O educador também explica que o ensino da robótica para crianças com deficiência é uma oportunidade de desenvolver variadas habilidades, como treinar a capacidade motora para manusear as peças, e a de abstração, para pensar em um projeto antes dele existir e compreender raciocínios conceituais.
No ano seguinte, em 2018, o professor decidiu expandir os limites, e sugeriu que os alunos participassem de um JAM de robótica — evento anual que reúne diversas escolas para estudar manuais, reproduzir experiências e pensar protótipos. “Eles se interessaram e montamos uma equipe mista, incluindo alunos sem deficiência”, conta o educador.
Foi aí que a inclusão ganhou força. Trabalhando juntos e se ajudando mutuamente, criou-se uma comunidade de aprendizagem, com mais interações, e um ambiente onde podiam conversar sobre um tema comum.
“Mudou a visão que os colegas tinham sobre as crianças com deficiência quando perceberam que elas também eram capazes de produzir e criar, e passaram a admirá-las. E para os alunos da sala de recursos, intensificou um sentimento de pertença a um grupo. No todo, é um ambiente de trocas, ajuda e respeito à singularidade”, diz.
Mas não são todos os estudantes que se interessam por robótica. Nem por isso, eles precisam ficar de fora. Montar um robô pode envolver habilidades de comunicação, para criar um folder explicativo, por exemplo, e de artes, para pintar seu exterior.
No primeiro ano de experiência, as crianças conseguiram atingir parcialmente o desafio proposto pelo JAM de robótica. No ano seguinte, conseguiram totalmente. E agora, em 2020, o professor planeja tornar essas aulas um projeto permanente para a escola inteira, e multiplicar esse conhecimento.