publicado dia 22/09/2017
Plataforma reúne dicas de como estimular a participação dos estudantes na escola
Reportagem: Thais Paiva
publicado dia 22/09/2017
Reportagem: Thais Paiva
A confiança com que Ana Clara, 10 anos, levanta a mão para contar aos adultos sobre as conquistas dos colegas é uma pequena, mas significativa mostra do que a participação ativa pode fazer pelos alunos e escola.
“A gente queria que o almoço fosse self-service e conseguimos”, orgulha-se. “Gosto de participar das decisões do Conselhinho porque gosto de dar opiniões que podem mudar a escola”, explica a estudante do 4º ano sobre a instância de participação estudantil criada pela Escola da Prefeitura de Guarulhos Manuel Bandeira , situada na região metropolitana de São Paulo.
Visando estimular este tipo de protagonismo, o Porvir lançou nesta quinta-feira (21) o guia Participação dos Estudantes na Escola, um especial com dicas para professores e gestores sobre como estimular o engajamento estudantil no seu processo educacional e construir um espaço mais democrático.
“Quando a gente fala de participação dentro da escola, é normal alguém dizer que a pratica e que, por exemplo, pergunta aos alunos o que eles querem fazer na festa junina. Mas não é isso, a participação vai além e deve estar presente em todos os momentos da escola”, explica Tatiana Klix, editora do Porvir.
A plataforma está organizada em três grandes eixos. O primeiro deles dá conta de contextualizar o universo jovem brasileiro. Para isso, apresenta informações sobre a conjuntura sociohistórica na qual estes adolescentes e jovens cresceram, questões identitárias, de comportamento e desenvolvimento físico.
“Essas juventudes estão vivendo em um mundo muito diferente daquele que viveram seus professores, gestores. Por isso, há tanta dificuldade de se comunicar. Com esse capítulo, a ideia é fazer essa aproximação”, explica Tatiana.
Um dos botões da sessão leva, inclusive, para um ambiente imersivo, reunindo artistas, youtubers e outras personalidades que fazem parte do repertório juvenil.
Duas perguntas centrais orientam o segundo eixo do site: “o que é participação” e “por que é importante”. “Por meio das nossas pesquisas, percebemos que a participação é importante para duas coisas: para o engajamento do aluno, ou seja, para sua aprendizagem; e também para mudar a sociedade”, explica a jornalista.
O último eixo, por sua vez, traz dicas e referências de como promover essa participação. Para ajudar nesse processo, a plataforma sistematiza quatro momentos distintos: escuta, escolha, coautoria, corresponsabilização.
Outro material disponível é um mural reunindo o relato de seis experiências de escolas brasileiras onde a participação estudantil já acontece.
Para Gabriel Medina, ex-presidente do Conselho Nacional de Juventude (2011), criar mecanismos para a participação dos estudantes na escola é uma demanda inadiável diante do abismo hoje existente entre a estrutura das instituições e o que a juventude tem demandado. “Ainda há uma forma de construir políticas que vem de cima para baixo e os jovens querem processos mais horizontais”, explica.
Medina acrescenta que, antes, a escola se colocava como o único lugar do saber, mas que esse cenário mudou. “O jovem de hoje tem repertório, identidade, produz cultura na internet, nos coletivos e em outros espaços. Ele quer ser coautor do processo educativo: não quer ver a escola se transformar, ele quer transformar a escola”, resume.