publicado dia 05/06/2024
Livro “Sucuriju: Histórias que meu povo conta” resgata a tradição oral amazônica
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 05/06/2024
Reportagem: Ingrid Matuoka
Resumo: Conheça a obra Sucuriju: Histórias que meu povo conta (Editora Alpharrabio, 2024), de Ronny Abreu, que resgata histórias tradicionais amazônicas e convida as crianças a conhecerem outras formas de ver o mundo e a natureza.
Aos 6 anos, na década de 80, o escritor Ronny Abreu deixou a comunidade no interior do Pará em que vivia e foi a Santarém estudar. Quando voltou, em 2007, encontrou uma mudança que o abalou: as rodas de conversa, em que costumava ouvir histórias quando criança, não existiam mais.
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“Estava todo mundo diante de uma televisão. Isso me preocupou, porque se os mais velhos estão morrendo, quem vai contar todas as nossas histórias?”, indaga Ronny, que decidiu tomar essa missão para si.
É a partir desse desejo de imortalizar a tradição oral dos povos originários da Amazônia que nasce o livro Sucuriju: Histórias que meu povo conta, lançado em maio pela Editora Alpharrabio e com ilustrações de André Vazzios.
“É uma oportunidade de ter contato com outra cosmogonia, isto é, com outra visão de mundo, de outro tempo, em que as pessoas convivem com os encantados, e de fazer rodas de conversa, um hábito que precisa ser resgatado, porque elas ensinam a falar e a ouvir”, diz Ronny, que também é ator e dramaturgo.
Na obra voltada para o público infanto-juvenil, personagens da cultura amazônica como a Curupira, a cobra Sucuri e a Mãe d’Água protagonizam ensinamentos sobre a importância do respeito à vida e à natureza. Além disso, desmistificam uma narrativa comum de que essas figuras seriam “más”.
“O livro vai no sentido de que a criança perceba que ela é parte da natureza e de que na Amazônia existe muito mais do que só a floresta e os animais. Tem gente trabalhando, lutando pela sobrevivência, como em outros lugares, mas com um modo de vida particular, em que se aprende na prática, com todo mundo”, afirma o escritor.
O projeto também contemplará a distribuição de 30 exemplares do livro em Salas de Leitura de Escolas Públicas de Ensino Fundamental I e II, Bibliotecas, Museu das Culturas Indígenas de São Paulo e outros espaços promotores da leitura, instituições e projetos situados no Estado de São Paulo.