publicado dia 09/12/2021

Instituto Rodrigo Mendes lança pesquisa sobre tecnologias digitais e inclusão

Reportagem:

O Instituto Rodrigo Mendes lançou em 29 de novembro o estudo “Tecnologias Digitais aplicadas à educação inclusiva: Fortalecendo o Desenho Universal para a Aprendizagem“, em parceria com o Instituto Unibanco. A pesquisa traz um panorama do uso de tecnologias digitais na educação básica e caminhos para que elas sejam implementadas de forma inclusiva, a fim de contemplar todas e todos os estudantes.

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Isso se faz especialmente necessário se considerarmos a velocidade com que as tecnologias digitais têm sido incorporadas ao cotidiano, sobretudo após o início da pandemia, e o potencial que elas têm para contribuir com metodologias inovadoras que permitem maior personalização dos processos de ensino e aprendizagem.

“Com o ensino remoto ficou ainda mais evidente que não pensar na acessibilidade das tecnologias gera exclusão escolar. Elas fazem parte da nossa vida e precisamos de uma cultura tecnológica inclusiva, ou seja, que todo site, plataforma e solução digital seja acessível, pensado para todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, psicológicas, sensoriais, de raça e gênero”, explica Luiza Corrêa, coordenadora de advocacy do Instituto Rodrigo Mendes.

Nesse sentido, a pesquisa explorou o cenário atual das tecnologias digitais aplicadas à educação inclusiva e encontrou empresas empenhadas em produzir soluções de tecnologia assistiva. 

Esse é o caso da plataforma Clusive, da empresa Cast, que permite a toda a turma ler o mesmo texto, mas com níveis diferentes de dificuldade e conta com recursos de acessibilidade. O navegador Edge, da Microsoft, também tem uma versão de acessibilidade que transforma qualquer site da internet em um conteúdo acessível.

Por outro lado, o estudo também revelou baixa incidência de soluções que sejam nativas acessíveis, ou seja, pensadas e criadas de maneira acessível para todo mundo, priorizando o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA).

“Precisamos mudar a cultura de quem desenvolve e de quem contrata e escolhe as tecnologias digitais utilizadas, porque todo mundo é responsável por cobrar que possamos viver em um mundo de inclusão digital verdadeira”, diz Corrêa.

Os principais pontos do estudo

O primeiro capítulo aborda conceitos sobre a educação inclusiva e o DUA, além da importância da tecnologia para potencializar a aprendizagem, bem como a transformação digital nas escolas brasileiras. O capítulo seguinte explica o que são recursos educacionais digitais (RED), o que são os recursos de tecnologia assistiva e a relação entre eles para a concepção do DUA e de uma educação inclusiva.  

O material mostra ainda o cenário contemporâneo de oferta de tecnologias educacionais disponibilizada por diferentes atores: big techs  (gigantes globais), startups (empresas emergentes que pretendem desenvolver ou aprimorar um modelo de negócio), órgãos públicos e outros. E apresenta entrevistas com a Google, Microsoft e Facebook, que revelaram uma preocupação progressiva das empresas em relação à acessibilidade, diversidade e inclusão.   

A parte final da pesquisa relata as boas práticas escolares no uso de tecnologias a partir de evidências baseadas em estudos de casos, que mostram ganhos relativos ao ensino-aprendizagem tendo a tecnologia como aliada, mas também evidenciam a necessidade de evolução e expansão em relação ao tema. A pesquisa indica que, para tanto, é necessário haver uma forte sintonia entre as políticas públicas, as condições institucionais e o conteúdo da formação de educadores.  

Como principais resultados são apresentadas as seguintes considerações:  

1) A adoção de tecnologias educacionais deixou de ser um assunto transversal, tornando-se cada vez mais algo estratégico e central. 

2) Conforme destacou recentemente a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em dias atuais, as desigualdades multidimensionais persistem em nosso país, ainda que tenha havido aumento da participação na educação; as tecnologias não devem acentuar essas desigualdades. 

3) As fronteiras da educação digital trazem oportunidades e desafios. Nesse contexto, há uma necessidade atual de se consolidar formatos de aprendizagem inclusivos, que contemplem a diversidade humana, com auxílio de novas tecnologias. 

4) As tecnologias digitais são uma importante ferramenta de apoio às estratégias educacionais inclusivas, que necessitam ser pensadas para todos os estudantes. É um momento para se pensar a transição de soluções digitais nativas (born digital) para soluções acessíveis nativas (born accessible). 

5) Nos dias atuais, especialmente diante dos recentes desafios apresentados pela pandemia da Covid-19, torna-se necessário reconstruir de maneira mais inovadora os sistemas de ensino. Isso significa não apenas testar a sua resiliência no cotidiano, mas também promover uma profunda mudança cultural, que utilize as tecnologias como ferramentas de ensino voltadas à valorização da diversidade. 

6) Estratégias pedagógicas bem formuladas e apoiadas em tecnologias têm grandes chances de obter sucesso quando consideram as singularidades individuais. 

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