publicado dia 12/07/2023

Carlos Rodrigues Brandão, uma referência para a Educação Integral

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Resumo: Com mais de 100 obras publicadas e 50 anos dedicados à carreira de professor, Carlos Rodrigues Brandão (1940-2023) é uma referência importante para o campo da Antropologia, Educação Popular, Educação Integral e de Jovens e Adultos. 

Morreu na terça-feira (11/07), aos 83 anos, o antropólogo, escritor e educador Carlos Rodrigues Brandão. Professor Emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Brandão é uma referência para os campos da Antropologia, Educação Popular e Educação Integral. Ele deixa dois filhos e três netos. 

Com mais de 100 obras publicadas e de 50 anos dedicados à carreira de professor, ao longo de toda a vida cultivou o amor pela escrita, a luta por uma educação transformadora e a atuação junto aos movimentos sociais e ambientais.

Quem foi Carlos Rodrigues Brandão (1940-2023) 

Nascido em 14 de abril 1940 no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), a “uma quadra do mar imenso”, cidade onde viveu até os 25 anos, Carlos Rodrigues Brandão formou-se inicialmente em psicologia, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1969.

Tornou-se antropólogo a partir do mestrado em Antropologia pela Universidade de Brasília (1974), e do doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), instituição onde desenvolveu a maior parte da carreira até a aposentadoria em 1997. 

Além da Unicamp, lecionou em uma dezena de universidades, como a de São Paulo (USP), Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a Universidade Estadual de Montes Claros.

Colega de Paulo Freire na Unicamp, conviveu com o Patrono da Educação do Brasil do seu retorno do exílio até sua morte, em 1997. O Instituto Paulo Freire publicou uma nota de pesar pelo falecimento e de solidariedade com os familiares de Brandão.

A Ação Educativa, organização da sociedade civil da qual Brandão era sócio-fundador, também manifestou pesar.

Carlos Rodrigues Brandão e a Educação Popular 

Carlos Rodrigues Brandão atuou em momentos fundamentais da Educação brasileira, como no  Movimento de Educação de Base (MEB) na década de 1960. No clássico texto “O que é Educação Popular”, o educador descreve:

“Uma primeira experiência de educação com as classes populares a que se deu sucessivamente o nome de educação de base (no MEB, por exemplo), de educação libertadora, ou mais tarde de educação popular surge no Brasil no começo da década de 60. Surge no interior de grupos e movimentos da sociedade civil, alguns deles associados a setores de governos municipais, estaduais, ou da federação. Surge como um movimento de educadores, que trazem, para o seu âmbito de trabalho profissional e militante, teorias e práticas do que então se chamou cultura popular, e se considerou como uma base simbólico ideológica de processos políticos de organização e mobilização de setores das classes populares, para uma luta de classes dirigida à transformação da ordem social, política, econômica e cultural vigentes.”

O livro faz parte da Coleção Primeiros Passos, livros de bolso famosos nas décadas de 1970 e 1980 pela linguagem acessível, publicados pela Editora Brasiliense. Brandão é autor, na mesma coleção, dos livros “O que é educação”, “O que é folclore” e “O que é Método Paulo Freire”.

Em 1998, recebeu o título de Comendador do Mérito Científico pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em reconhecimento às contribuições em prol do desenvolvimento das ciências no Brasil. Em 2008 e 2010, foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Uberlândia e pela Universidade Federal de Goiás.

No início dos anos 2000, participou do programa Municípios Educadores Sustentáveis do Ministério do Meio Ambiente, que buscava priorizar a cooperação com municípios e territórios locais no desenvolvimento de ações educacionais voltadas à sustentabilidade.

Nesse âmbito, escreveu o livro “Aqui é onde moro, aqui nós vivemos: Escritos para conhecer, pensar e praticar o Município Educador Sustentável”, cuja proposta é dialogar poeticamente com os cidadãos sobre o compromisso de todos para a preservação da vida e do meio ambiente.

Escritor desde a infância, publicou obras importantes nas áreas da Antropologia, Educação, Arte e Meio Ambiente, além de ser autor também de livros infantis, contos e poesias. Grande parte de sua obra pode ser acessada gratuitamente em seu blog “A partilha da vida”. 

 

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