publicado dia 13/06/2014
5 projetos que usam o futebol no desenvolvimento integral de crianças e jovens
Reportagem: Jéssica Moreira
publicado dia 13/06/2014
Reportagem: Jéssica Moreira
Nesta quinta-feira (12/6), o Brasil inicia uma grande festa: a Copa do Mundo da Fifa. O maior evento esportivo do mundo dá a largada em São Paulo, onde a seleção brasileira joga contra a Croácia na Arena da capital paulista.
Se nos estádios das doze cidades-sede do país os jogadores estarão com os ânimos à flor da pele, a bola segue rolando solta nos gramados, nas quadras ou no asfalto. Afinal, quem nunca participou de uma partida de futebol improvisada ou pelo menos assistiu uma delas?
Além de uma prática esportiva, a modalidade também dialoga com questões sociais, culturais, históricas e políticas e pode ainda desenvolver o senso do coletivo e outras habilidades motoras, como coordenação, lateralidade, agilidade e velocidade, entre outros elementos. Para mostrar como o futebol também pode se tornar uma prática educativa, o Centro de Referências em Educação Integral escolheu 5 experiências que se utilizam da paixão nacional para trabalhar o desenvolvimento integral do indivíduo. Confira!
Foi pensando no desafio de proteger crianças e adolescentes que se encontram em situação de rua, que a organização britânica Street Child United criou a Street Child World Cup (Copa das Crianças da Rua, em português). Realizada de quatro em quatro anos no período que antecede o Mundial de Futebol, o objetivo da iniciativa é pautar a agenda pública acerca dos problemas que esse público enfrenta nos grandes eventos, como o trabalho infantil e abuso sexual. O projeto acontece em parceria com outras organizações nacionais que já trabalham a questão. Ao todo, reúnem-se em torno do projeto dezenove países de quatro continentes diferentes, com o intuito de promover a diversidade e o intercâmbio cultural. São dez dias de intensas atividades, que vão bem além da disputa de futebol. Durante esse tempo, os envolvidos participam de atividades artísticas, musicais e realizam ainda visitas aos pontos turísticos do local onde estão hospedados. No Brasil, 230 crianças e adolescentes foram envolvidos no projeto.
O Futebol Callejero” (futebol de rua, na tradução), nasceu no início dos anos 90, a partir da ideia da Organização Defensores del Chaco de ampliar o espaço de diálogo entre jovens argentinos de comunidades com altos índices de violência. Hoje, a iniciativa se difundiu por toda a América Latina e países na Europa e África. Diferente do futebol tradicional, no Callejero as partidas acontecem nas ruas e são as equipes que decidem as regras que irão adotar, de acordo com o contexto social no qual os grupos do jogo estão inseridos. O combinado acontece de forma consensual um pouco antes do jogo começar e, depois da partida, é realizado um balanço de como os jogadores respeitaram aquilo que haviam combinado. Ganha o time que mais respeitou as regras decididas em grupo.
Ao diagnosticar que as crianças e jovens de Diadema (SP) não utilizavam as quadras públicas locais por conta da presença do tráfico de drogas, a Associação Associação de Apoio à Criança em Risco (ACER Brasil) iniciou o projeto Futebol e Cidadania. Assim, em 2011, o projeto deu seu ponta pé inicial. Articulou-se à prefeitura de Diadema, que garantiu a reforma e construção de banheiros e vestiários em quatro quadras. Com atividades pela manhã, tarde e noite, o público-alvo do projeto vai de 9 até 24 anos. As crianças, geralmente, utilizam o espaço no período diurno, enquanto os mais velhos à noite. Além do futebol, os treinadores realizam uma série de jogos lúdicos, todos para desenvolver a socialização e habilidades socioemocionais dos educandos e que também discutem questões de gênero, doenças sexualmente transmissíveis, funcionamento do corpo humano, alimentação, entre outros. Em três anos de projeto, o Futebol e Cidadania já atendeu cerca de 500 crianças e jovens do município.
Motivados em contribuir com o desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes de comunidades em situação de vulnerabilidade de São Paulo e Rio de Janeiro, os ex-jogadores de futebol Raí e Leonardo criaram a Fundação Gol de Letra, em 1998. A iniciativa teve início com o projeto Virando o Jogo, que desenvolvia tanto habilidades físicas e corporais, quanto aquelas voltadas à expressão oral e escrita de meninas e meninos. Em 2000, a organização passou a oferecer também oficinas de vídeo, hip hop, teatro e fotografia, por meio dos projetos A Cara da Vila, em SP e Dois Toques, no Rio de Janeiro. Em 2004, com a parceria de escolas onde a organização atuava, teve início o Programa Jogo Aberto, que buscava incentivar seis modalidades esportivas, utilizando o esporte como meio de aprendizagem e formação pessoal. Atualmente, cerca de 400 crianças e adolescentes são atendidas no Rio de Janeiro e quase mil em São Paulo.
Desde 2011, a FIFA, em parceria com os ministérios do Esporte, da Educação e da Saúde e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), vem realizando o Programa FIFA 11 pela Saúde, com o objetivo de discutir de maneira simples e didática as as questões de saúde que envolvem a vida de estudantes de 11 e 12 anos. O projeto foi levado às doze cidades-sede do Mundial de Futebol entre 2013 e 2014 e inaugurado oficialmente em fevereiro deste ano. O programa aprimorou o conhecimento de estudantes em relação a doenças como diabetes, a hipertensão, a obesidade e as doenças cardíacas. A primeira etapa – “Jogue futebol” – ensina habilidades ligadas ao futebol. A segunda, chamada “Jogue limpo”, informa sobre as questões relacionadas á saúde e ensina comportamentos mais saudáveis aos estudantes. Ao todo, o projeto foi realizado em 121 escolas pelo Brasil.