Qual a importância da família na educação integral?
Publicado dia 08/10/2013
Publicado dia 08/10/2013
A educação integral necessita do trabalho conjunto de diferentes atores sociais, entre eles a família, cuja colaboração é imprescindível para a promoção do desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens. Para tanto, os familiares devem colaborar com o planejamento, a gestão e até mesmo as práticas pedagógicas da escola, que, por sua vez, precisa criar espaços e canais que viabilizem essa participação.
Envolver os familiares nesse desafio significa não apenas assegurar uma maior qualidade e efetividade das ações promovidas no âmbito da escola, mas também garantir que os alunos estejam imersos em permanente processo educativo, mesmo quando deixam o espaço escolar.
Nessa perspectiva, com o objetivo de estimular a participação das famílias nas escolas e na discussão sobre Educação Integral, mais de 50 especialistas (organizações e indivíduos) no tema* indicam as seguintes recomendações às escolas, às famílias e à gestão pública:
Ajuda a construir pontes entre o que acontece no âmbito da escola e a identidade, o contexto e a vida cotidiana dos alunos, tendo como foco o seu desenvolvimento integral.
Colabora com a realização de diagnósticos participativos e mapeamento de recursos educativos da comunidade, para apoiar a escola a conhecer melhor o território e utilizar seus ativos no processo de educação integral.
Atua como protagonista de processos educativos, compartilhando seus saberes, apoiando os professores na condução de atividades, relacionando os conteúdos acadêmicos com a cultura local.
Realiza campanhas para ampliar a compreensão e motivar a comunidade escolar, inclusive outras famílias, para efetivar o projeto de educação integral da escola.
Mobiliza recursos ou parceiros para viabilizar as ações de educação integral, inclusive via articulação com serviços públicos, equipamentos e organizações locais.
Contribui para melhorar a relação entre professores e alunos, estimulando o respeito e o cuidado no ambiente escolar.
Integra as instâncias de participação da escola, como comitês escola-comunidade, conselhos escolares, associações de pais e mestres, comissões de trabalho, etc.
Reconhece a família como parte constituinte da comunidade escolar e como principal parceira da escola no desenvolvimento integral dos alunos.
Conhece as famílias dos seus alunos, compreende suas características e realidade, dialogando, inclusive, com os novos arranjos familiares.
Ajuda as famílias a entender e contribuir de forma mais qualificada para assegurar uma educação de qualidade para suas crianças e adolescentes.
Cria canais de escuta para ouvir a família sobre o que ela espera da escola e como pode agregar ideias e conhecimentos ao processo de educação integral.
No Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais (Gente), da secretaria municipal do Rio de Janeiro, foi criado um instrumento de acompanhamento pedagógico envolvendo as famílias. Como não foi possível garantir a metodologia para todos os estudantes, o trabalho foi feito prioritariamente com alunos que não atingiram o esperado ou que estagnaram na evolução acadêmica. Nela, a avaliação acadêmica do estudante combinava três leituras distintas sobre os resultados e índices s nas provas e indicadores mensurados pela escola (participação, frequência): a leitura da escola, a leitura do estudante e leitura da família.
Comunica-se regularmente e de forma efetiva com as famílias, utilizando uma linguagem amigável, que faça com que os familiares se sintam aptos e legitimados a contribuir com a gestão e as práticas pedagógicas da escola.
Oferece diferentes oportunidades de participação para que cada família encontre meios viáveis de contribuir, mesmo que à distância ou de forma pontual.
Garante a participação das famílias no planejamento pedagógico da escola, inclusive por meio de comissões mistas que envolvam representantes de toda a comunidade escolar.
Cria e/ou fortalece instâncias de participação que envolvem as famílias, como comitês de articulação escola-comunidade, conselhos escolares, as associações de pais e mestres, comissões de trabalho, etc.
Elabora um currículo que prevê a participação de familiares como mediadores de atividades educativas, sempre em apoio aos professores.
Constrói mecanismos para que as famílias possam acompanhar a evolução do desenvolvimento integral de suas crianças e jovens.
Articula-se com as organizações locais capazes de contribuir com a mobilização e o engajamento das famílias.
“Em Nova Iguaçu, as mães apoiavam a legitimidade da escola na comunidade, alcançando formas de mobilizar outros atores. Ela amplia a possibilidade de integração com outras pessoas e espaços da comunidade”, Maria Antônia Goulart, Secretária de Educação em Nova Iguaçu (RJ) na gestão 2005-2010 e responsável pela criação do Bairro-escola Nova Iguaçu.
Promove espaços e ações que favorecem a socialização entre familiares, educadores, estudantes e população local, inclusive abrindo a escola para atividades da comunidade.
Oferece oportunidades formativas também para os familiares, como cursos profissionalizantes e de idiomas, com vistas a fortalecer o seu engajamento com a escola.
Assista a palestra de Rosângela Alves, uma das responsáveis pelo projeto Orientador Familiar, da Fundação Itaú Social e CIEDS em parceria com a rede municipal de educação do Rio de Janeiro.