Como aprendemos e o que favorece o processo de ensino-aprendizagem de um estudante? São essas as questões que a discussões contemporâneas sobre avaliação na escola tentam responder.
Amparada pela possibilidade de operar em métricas que reúnam grande quantidade de dados, o chamado big data, a avaliação de aprendizagens complexas lança mão de uma série de ferramentas para identificar e então mensurar as diferentes interações realizadas por um estudante que favorecem ou não sua aprendizagem sobre um determinado tema ou conjunto de temas.
Big data
Ainda sem termo correspondente em português, o big data designa um volume muito grande de dados cuja existência, armazenamento e análise passaram a ser possíveis com o desenvolvimento da tecnologia. O big data costuma ser explicado a partir de 5 Vs: volume, velocidade, variedade, veracidade e valor. (Fonte: Porvir)
Esse tipo de avaliação, chamada de multimodal, prevê a análise conjunta de vários dados que, observados de forma integrada e complementar, podem revelar informações complexas, buscando a qualificação dos processos de ensino e aprendizagem e da atuação dos envolvidos.
Para Paulo Blixtein, diretor do centro de pesquisas em educação Lemann Center, na Universidade de Stanford, em evento sobre empreendedorismo e inovação na educação brasileira, é preciso escalar essas ferramentas e formas de avaliação de aprendizagens complexas para diminuir as desigualdades educacionais entre escolas, e especialmente entre o sistema público e privado de educação.
Do contrário, ele diz, os estudantes das escolas públicas brasileiras continuarão relegados à pedagogia do século XIX, “que é o que é possível medir com testes múltipla-escolha”.
Como exemplo, Blixtein e outros cientistas publicaram trabalhos e vêm desenvolvendo tecnologias abertas para acompanhar estudantes em atividades colaborativas de construção do conhecimento (projetos), analisando como aprendem por meio de dados de nível de estresse dos estudantes no decorrer da atividade, movimentos de cabeça e olhos alertando para concentração e interação, conquista do objetivo e etapas realizadas, diálogo e participação na execução do projeto, entre outros. Quando mensurados juntos, os dados podem apontar para como aprimorar a forma de organizar os ambientes educativos, o papel e contribuição de ferramentas tecnológicas e forma de atuação do educador, entre outros.
Paralelamente, na perspectiva do desenvolvimento integral, essas pesquisas vêm avançando na necessidade de se entender e estruturar novas formas de acompanhamento pedagógico, que reconheçam as diferentes dimensões do desenvolvimento humano e fortaleçam a integralidade do sujeito em seu processo individual de aprendizagem.
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