Publicado dia 22/01/2024

Aporofobia

A aporofobia é um conceito criado nos anos 1990 pela filósofa espanhola Adela Cortina para designar a aversão aos pobres, que se manifesta desde as atitudes individuais até as  políticas públicas. No Brasil, também é conhecida como “pobrefobia”.

A professora de Ética e Filosofia Política da Universidade de Valência, na Espanha, criou o termo por perceber a necessidade de diferenciar essa atitude da xenofobia e do racismo, que são as discriminações contra estrangeiros e grupos étnicos, respectivamente.

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Ela argumenta que as violências contra imigrantes e negros, por exemplo, são abrandadas conforme estas pessoas têm mais recursos econômicos ou relevância social e midiática e, portanto, seria preciso designar esta outra forma de discriminação.

aporofobia

Na foto, manifestação no Dia da Luta da População em Situação de Rua (19/8), em São Paulo (SP)

Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

Entre suas raízes, está a especulação imobiliária e a desigualdade social associada ao discurso meritocrático, que culpa as pessoas por viverem em situação precária, em vez de reconhecer todo o sistema que as vulnerabiliza há séculos e não garante condições ou oportunidades para que elas se estruturem socialmente.

Como a aporofobia se manifesta e caminhos para combatê-la

Nas relações entre as pessoas, a aversão aos pobres aparece desde preconceitos como a associação entre pessoas em situação de rua e a criminalidade, até maus-tratos, discriminações e outras violências.

Também está presente na falta de acesso a serviços públicos, como Saúde, Moradia e o Sistema Judiciário, bem como na ausência de políticas públicas que promovam os direitos desta pessoas.

Ainda, na instalação de grades, lanças, muros, pedras, vasos e plantas para impedir a aproximação e permanência de pessoas em situação de rua de residências, estabelecimentos comerciais, bancos, viadutos, praças e outros espaços públicos. Nesta manifestação, a aporofobia é designada como arquitetura hostil.

No Brasil, o termo tornou-se mais conhecido pela atuação do padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, de São Paulo (SP), em promover direitos dessa população e combater esse tipo de arquitetura.

Para superar a aporofobia, é fundamental a superação das desigualdades sociais, por meio da promoção dos direitos das populações economicamente vulnerabilizadas. O padre Julio também é autor de um projeto de lei que visa proibir técnicas construtivas hostis em espaços livres de uso público.

A Educação também pode contribuir no fortalecimento da cidadania e por meio de informações e conhecimentos adequados acerca da estrutura social que leva a essa situação.

Livros para adultos e crianças sobre aporofobia

Aporofobia, a aversão ao pobre: um desafio para a democracia, por Adela Cortina Orts (Editora Contracorrente, 2020)

Aporofobia: Você não conhece a palavra, mas conhece o sentimento, por Blandina Franco (Companhia das Letrinhas, 2023).

O que você vê, por Alexandre Rampazo (Boitatá, 2023)

Os invisíveis, por Tino Freitas e Odilon Moraes (Companhia das Letrinhas, 2021)

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