Projeto propõe repensar dos espaços e relações escolares a partir de viés sustentável

Publicado dia 08/06/2015

 

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Terrário construído com as crianças da EMEI Ricardo Gonçalves (2012).

Criar espaços educadores nas escolas, de maneira participativa, em diálogo com o conceito de alfabetização ecológica. Essa foi a principal diretriz que norteou a criação do projeto Dedo Verde na Escola, em 2009, pelo Instituto 5 Elementos, e o seu desenvolvimento até o ano de 2012.

A iniciativa parte do entendimento de que a educação para a sustentabilidade é fundamental para o desenvolvimento integral dos indivíduos e para a sensibilização e preparo das pessoas para os desafios da atualidade e do futuro; nessa perspectiva, propõe metodologias e tecnologias sociais capazes de apoiar a construção de valores fundamentados nas interações entre as diversas formas de vida e uma visão sistêmica que possibilita o conhecimento do todo e permite a transformação.

Experimentação

O projeto encontrou campo de aplicação em duas escolas de ensino infantil de São Paulo, EMEI Ricardo Gonçalves e EMEI Dona Leopoldina, ambas localizadas na Lapa, zona oeste do município. A realização da iniciativa se deu em duas fases diferentes, já que o projeto teve financiamento do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (FEMA), da Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo.

Para cada uma das unidades foi mobilizada uma equipe de dez profissionais, sendo seis da área educativa, dois da área de comunicação, uma da área administrativa e um jardineiro educador. O trabalho, cooperativo e solidário, previa o diálogo entre gestores, professores, funcionários, alunos e familiares, orientado pelos princípios da alfabetização ecológica.

Também figuravam entre o escopo do projeto objetivos específicos, tais como: incentivo à integração das ações do projeto com o conteúdo programático das escolas; estímulo e fortalecimento do processo de formação dos professores em alfabetização ecológica e permacultura, com envolvimento da comunidade escolar; apoio à criação, construção e manutenção de espaços educadores; e desenvolvimento de atividades práticas de sustentabilidade com alunos e familiares, reforçando as ações educativas vivenciadas nas instituições.

Metodologias

Em um primeiro momento, foi aplicada a metodologia dos Mapas Verdes para auxiliar as instituições a fazerem um mapeamento que evidenciasse os pontos positivos de cada uma, as fragilidades, os aspectos estruturais e as relações emocionais mantidas com cada espaço. Segundo a gestão do projeto, a prática é fundamental para reconhecer áreas com potenciais educativos. Além de um diagnóstico inicial, a etapa foi fundamental para o desenho do plano de ação posterior.

Em um segundo momento, teve início a Flor da Cultura da Sustentabilidade que atuou no sentido de verificar o desdobramento dos temas relativos à sustentabilidade em cada escola, tais como: segurança alimentar, água, energia e tecnologia, interação humana, espécies e ecossistemas e economia local. Nessa etapa houve um realinhamento das ações para que elas se dessem de maneira conceitual e prática a toda a comunidade escolar.

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Ações estratégicas

O desdobramento do projeto tomou como base cinco ações estratégicas: reuniões de gestão, rodas de conversa, oficinas temáticas, café com prosa e mutirões. Nas reuniões de gestão e rodas de conversa se priorizavam discussões sobre os conceitos trazidos pela Flor da Sustentabilidade e o planejamento das atividades; as oficinas temáticas traziam o desdobramento prático para cada frente.

Energia e Tecnologia: minhocário e compostagem; terrário, bioconstrução;
Segurança Alimentar: horta pedagógica; horta com palha em caixote; alimentação saudável;
Interação Humana: jogos cooperativos, vivência com a natureza, danças circulares, festa da cultura brasileira;
Água:
sensibilização com a água, vivências com a natureza; 
Espécies e Ecossistemas:
vivências com a natureza, canteiro suspenso, sementeira, construir significado de natureza;
Economia Local: feira de trocas, mobilização da comunidade para doação de brinquedos.

O café com prosa previa o encontro de docentes e gestores das escolas envolvidas em visitas monitoradas e oficinas de avaliação. Os mutirões ecológicos possibilitavam a socialização e o trabalho coletivo em torno de um objetivo comum, com a integração de diferentes atores e saberes – populares e ecológicos – em prol de uma intervenção significativa para a escola.

Incorporando processos

Mutirão para a construção da horta em mandala na EMEI Dona Leopoldina (2012).

Mutirão para a construção da horta em mandala na EMEI Dona Leopoldina (2012).

Alguns percursos foram fundamentais para que as práticas sustentáveis se integrassem ao dia a dia escolar. As reuniões de gestão, mensais, e de cunho participativo, foram fundamentais para que cada unidade pudesse pensar o projeto de acordo com a sua identidade, contexto e necessidade pedagógica. As rodas de conversa, quinzenais, constituíram espaços de trocas de conhecimentos e experiências, criando a possibilidade de discutir possíveis inquietações dos planos pedagógicos e também soluções para os problemas abordados.

As oficinas temáticas, semanais, reservadas a professores e alunos, também evidenciou questões próprias de cada unidade; as formações foram benéficas a professores e estudantes com ampliação de repertório.

Principais resultados

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Sala verde da EMEI Dona Leopoldina (2012).

Para além de projetar espaços educativos nas escolas e pensá-los a partir de um viés sustentável, o Projeto Dedo Verde na Escola instituiu outra conduta nas escolas, a partir da troca de conhecimentos e experiências acumuladas com as atividades. Segundo uma das gestoras do projeto, Gabriela Ribeiro Arakaki, uma das escola participantes – a EMEI Dona Leopoldina – conseguiu consolidar seu projeto político pedagógico em diálogo com as ações sustentáveis e tornou-se referência para outras instituições. A unidade recebe visitas monitoradas para troca de experiências.

Para Gabriela, isso é possível porque o Projeto prevê a integração de saberes e práticas a partir de um movimento coletivo, participativo, que é diferente da simples oferta de uma variedade de ações sobre o tema.

Contato:
Telefone: (11) 3871-1944
Site: www.5elementos.org.br
Email: [email protected]

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