Em São Paulo, EE Canuto do Val investiu em mapeamento e investigação ativa para conhecer a comunidade escolar
Publicado dia 28/08/2013
Publicado dia 28/08/2013
Iniciativa: Integração cultural e reconstrução do PPP na EE Canuto do Val
Pública ou Privada: Pública
Descrição: A Escola Estadual Canuto do Val está localizada no Bom Retiro, área central da capital de São Paulo. Uma região que tem grande presença de moradores imigrantes de variadas nacionalidades, em especial, nos últimos anos, de imigrantes da América do Sul.
Essa presença foi também observada na escola, onde pelo menos 30% do corpo de estudantes fala espanhol como primeira ou segunda língua (desse total, 12% são alunos nascidos na Bolívia e o restante possui descendência direta boliviana).
Estimulados pela Associação Cidade Escola Aprendiz, organização social que atuava na região com articulação comunitária para Educação Integral, a escola realizou pesquisa com os estudantes, para saber um pouco mais sobre a cultura que traziam para a escola. Quem eram esses alunos? De onde vinham? Eram imigrantes? Eram migrantes de outros estados? Quais idiomas falavam? Com que alimentação estavam acostumados?
A partir das perguntas, a direção e professores detectaram que uma parcela significativa de estudantes falava espanhol e tinham dificuldade de se integrar à cultura brasileira ou, em alguns casos, especialmente entre os alunos bolivianos, tinham vergonha e medo de hostilização dos colegas. Sem ignorar as respostas, a escola organizou o dia da comida típica boliviana e passou a incorporar, pouco a pouco, elementos e referencias da cultura da América do Sul em seu conteúdo didático.
Na investigação com os alunos e na aproximação com os pais, a escola percebeu que seu público era muito diverso: de alunos de classe média a adolescentes em situação de grande vulnerabilidade. Novamente, entre a população imigrante da Bolívia, muitos pais e até adolescentes trabalhavam nas confecções em regime quase servil. E, grande parte dos pais, imigrantes ou não, conheciam muito pouco dos equipamentos e serviços públicos no bairro e, por isso, tinham pouco acesso à políticas e programas que poderiam beneficiar as famílias e garantir maior qualidade de vida para as crianças.
Assim, a escola decidiu investir em um mapeamento da região – atividade que passou a fazer parte das reuniões semanais dos professores, chamadas, em São Paulo, de Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC). A partir do que levantavam, os professores e equipe gestora passou a repensar o Projeto Político Pedagógico da escola, levando em consideração os espaços da região que poderiam complementar as aulas e, a partir das características da comunidade, quais deveriam ser os pontos de atenção para garantir o desenvolvimento dos estudantes.
Local: Escola Estadual Canuto do Val
Responsáveis: coordenação pedagógica.
Envolvidos e parceiros: pais de alunos bolivianos.
Principais Resultados: Embora as atividades e mudanças sejam recentes, a comunidade boliviana do centro de São Paulo se sentiu acolhida pela escola, que investiu em atividades na sala de aula e em variadas disciplinas que discutissem e combatessem o preconceito. Entre os alunos, a escola percebeu uma integração maior entre os diferentes grupos, que passaram a compartilhar suas culturas.
A escola também produziu um painel que fica na entrada com todos os espaços onde estudantes podem realizar atividades após o período, incentivando outras possibilidades educativas. Em pouco tempo de uso do painel, a direção percebeu que os jovens não buscavam estes equipamentos, pois pensavam que eram privados ou inacessíveis para a juventude. A mudança do Projeto Político Pedagógico convocou todos os envolvidos – professores, equipe diretiva, funcionários, estudantes e pais – a pensarem a importância do documento e a criarem metas para avançarem tanto na qualidade do ensino, quanto na relevância do mesmo para os estudantes e a valorização das diferentes culturas convivendo no espaço escolar.
Contato:
Telefone: (11) 3392-3299
Blog da escola: http://eecanutodoval.blogspot.com.br/