Escola A Espiral, no Chile, aposta no desenvolvimento integral dos estudantes
Publicado dia 16/10/2014
Nascida do desejo de se ter uma escola mais interessante, significativa e até divertida para as crianças, a Escola A Espiral foi idealizada por um casal de pais e já educadores em outra instituição de ensino. A instituição chilena busca responder a um contexto educacional em crise, com a “construção de um novo paradigma educativo, onde se prime pelo respeito à individualidade e coletividade do ser humano”.
Situada afastada do centro da cidade La Serena, a escola valoriza o contato com a natureza e entende o indivíduo como parte de um contexto natural, que deve ser preservado. Compreendida como eixo central da formação dos seres humanos, a educação é vista pela escola como uma ferramenta para o desenvolvimento de relações sociais que se baseiem no respeito aos direitos humanos e para a construção de uma sociedade que ofereça mais possibilidades de desenvolvimento integral dos indivíduos.
Por meio do processo educativo, A Espiral busca: desenvolver o senso crítico; a possibilidade que este tem de se relacionar com os demais e com o seu meio em uma perspectiva espiritual; o auto reconhecimento como sujeito histórico responsável por seu entorno; e a criatividade.
O embrião da escola surgiu em 2008 com a realização de aulas de arte e filosofia para crianças aos sábados. Foi apenas em 2012 que a iniciativa se estabeleceu como uma escola regular, com cerca de 30 crianças entre quatro e 14 anos de idade. Atualmente, a unidade atende a crianças e adolescentes que são divididos em quatro ciclos de acordo com o grau de maturidade e autonomia.
Inspirada pelas ideias de Paulo Freire e pelas pedagogias Waldorf e Montessori, a Escola Espiral – como o nome sugere – se apoia na metodologia de aprendizagem em ciclos contínuos, indicando que o aprendizado ocorre progressivamente, e vai se aprofundando – rumo ao centro da espiral. O processo cognitivo do método se vale de cinco habilidades: ver, imaginar, pensar, compreender e criar – que são a base do processo de aprendizagem e da construção de conhecimento. Paralelamente, o método busca estimular as dimensões artística, motriz, social, científica e filosófica.
Na prática pedagógica, o estudante é convidado a perceber seu entorno, começar a estabelecer conexões, elaborar pensamentos, compreendendo os fenômenos e criando novas ideias. Uma aula sobre fotossíntese, por exemplo, começaria no jardim, com as crianças observando as plantas e percebendo as diferenças entre elas. De volta à sala de aula, os alunos representariam aquilo que foi percebido por meio de diálogos, trabalhos escritos ou desenhos. A partir disto, se faria a conceituação da fotossíntese e a conclusão se daria com um trabalho criativo, com o estudante se apropriando do que foi aprendido e modificando o conteúdo original, como explica o Blog Memoriaccion.
Como consequência do seu processo pedagógico, a escola busca promover a autoaprendizagem, a atitude reflexiva e o pensamento autônomo. A metodologia almeja que, por meio do desenvolvimento de habilidades, o conhecimento adquirido possibilite a criação de outros conhecimentos. Para os educadores da instituição, desenvolver a habilidade motriz da criança diz de um processo de reflexão sobre o corpo, sobre o movimento e sobre a interação do indivíduo com seu meio.
A organização escolar também se dá pela ideia da espiral, com a direção se situando no centro e envolvendo outros atores da comunidade e das famílias dos estudantes em uma perspectiva dialógica e de construção coletiva e democrática.
Ainda sem reconhecimento do Ministério da Educação chileno, as crianças que passam pela escola devem realizar exames para obter a certificação oficial. Os professores d’A Espiral apoiam os alunos nos trâmites burocráticos e na preparação para a prova.
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