Professor ou educador é o sujeito responsável por coordenar, na relação com o outro, os processos de ensino e aprendizagem. Isso significa que o educador é um profissional que investe no processo de desenvolvimento do educando, sempre ciente do que ele, efetivamente, necessita aprender.
Na perspectiva da educação integral, isso significa muito mais do que possibilitar a aprendizagem de conteúdos, mas garantir o desenvolvimento pleno dos indivíduos, em todas a suas dimensões – intelectual, física, afetiva, social e simbólica.
Assim como a Educação Integral não diz respeito a uma nova modalidade de educação, mas à sua própria definição, o termo Educador não se refere a uma nova categoria profissional que surge com a educação integral, mas sim a uma forma de se posicionar na relação com os educandos.
Nesse entendimento, o papel do educador não é o de transmitir conhecimentos, mas o de criar e oferecer condições que potencializem a aprendizagem e o desenvolvimento destes, para que os estudantes se assumam como indivíduos – em toda sua unicidade – e cidadãos.
No universo da escola, são diversos os sujeitos que podem exercer o papel de educadores: professores, funcionários, oficineiros, monitores, coordenadores, voluntários –, desde que se disponham a dialogar com os educandos, ouvindo suas questões e anseios, e abandonando a postura autoritária que muitas vezes está presente nas relações escolares.
O professor como educador
Como afirma Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia, “educar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” .
A presença das tecnologias e das telecomunicações trouxe nova dinâmica à maneira de se comunicar, se informar e, sobretudo, aprender. Com o conhecimento descentralizado e fluído a partir de diversas linguagens e meios de comunicação, espera-se mais do papel do professor – que deixa de ser um transmissor de conhecimentos para se posicionar como um mediador dessas diversas linguagens e oportunidades educativas.
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Contudo, esta ideia de um professor que media é anterior ao advento das novas tecnologias. Teóricos como Célestin Freinet (1896-1966) e Janusz Korczak (1878-1942) já apresentavam o papel do professor como aquele que apoia o acesso ao conhecimento e não aquele que o detém. Segundo o próprio Paulo Freire (1921-1997), o papel do professor é estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem, em que educador, ao passo que ensina, também aprende. Juntos, educador e educandos aprendem juntos, em um encontro democrático e afetivo, em que todos podem se expressar.
Essa postura dialógica e mediadora do professor contribui, sobretudo, para o desenvolvimento da autonomia dos educandos diante do conhecimento, o que significa contribuir para a formação de cidadãos críticos e capazes de fazer uma leitura consciente das situações que os cercam.
Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e Terra, 1996.
_____. Das relações entre a educadora e os educandos. São Paulo: Olho d’água, 1991.
Para saber mais:
“Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência”, reportagem sobre Paulo Freire e sua teoria, no site da revista Gestão Escolar.
“Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social”, reportagem sobre Vigotsky e sua teoria, no site da revista Gestão Escolar.
FREINET, Célestin. Para uma Escola do Povo: guia prático para a organização material, técnica e pedagógica da escola popular. São Paulo: Martins Fontes,1996. 213 págs.
FREIRE, Madalena. Educador. São Paulo: Paz e Terra, 2008.