Escola trabalha para resgatar valores e culturas de assentamentos
Publicado dia 08/08/2016
Publicado dia 08/08/2016
Para o Colégio Estadual Alcides Afonso de Souza oferecer uma formação humana e emancipatória é também assegurar um lugar de luta necessária, sobretudo, às populações do campo. Localizada no assentamento Paulo Freire, na cidade de Mucuri, município ao extremo sul da Bahia, a unidade atende crianças e jovens de quatro assentamentos, além de filhos de agricultores, pescadores e marisqueiros locais; e tem como principal missão resgatar valores e culturas que, muitas vezes, se perdem pela falta de reconhecimento desses contextos.
Fundada em 2014, a escola deu início ao Programa de Educação Integral (ProEI) da Secretaria da Educação do Estado da Bahia em 2015 e, desde então, trabalha a partir das diretrizes de ampliar espaços, tempos e oportunidades prevendo a educação integral de seus estudantes. Hoje, de um total de 205 alunos, a escola atende 100 em tempo integral e 105 no período regular noturno, atendendo à demanda dos jovens que durante o dia trabalham na lida com suas famílias.
Uma escola, muitas vozes
Um dos eixos centrais da proposta pedagógica é manter um diálogo constante com as comunidades, buscando a articulação do currículo às diversas demandas locais. Por isso, em cada assentamento há um casal de mobilizadores que cuida de levantar as questões importantes a cada grupo – como transporte, alimentação e outras questões relativas à permanência e aprendizagem dos alunos – e depois debatê-las com a comunidade escolar.
Os estudantes também têm lugar de destaque no projeto político pedagógico da unidade. Eles atuam – um menino e uma menina – , como coordenadores das turmas de tempo integral – são seis ao todo. A cada semana, as turmas escolhem um novo casal para representá-las. Todos os dias, os coordenadores ficam responsáveis por mobilizar os demais estudantes para um café coletivo e também para a formação – momento anterior ao da sala de aula, dedicado ao resgate das atividades realizadas no dia anterior e também à discussão de qualquer tema de interesse, com a participação dos professores.
Também são eles que tecem as primeiras observações das turmas nos momentos de avaliação. Os coordenadores debatem com os alunos o percurso formativo de cada um e fazem apontamentos em um relatório que depois é compartilhado com todos os professores e o corpo administrativo da escola, e por fim, com o conselho escolar.
Do micro para o macro
Outra diretriz é pautar o currículo sobre as demandas do território, para que a aprendizagem dos estudantes se dê também em diálogo com o contexto em que vivem. Um dos exemplos é o ensino da agroecologia, a partir de uma parceria da escola com a Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Em oficinas, os estudantes debatem temas como poluição, uso de venenos, preservação e reflorestamento e adquirem conhecimentos essenciais especialmente em uma região que tem uma área de 940 hectares de reserva da Mata Atlântica.
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O trabalho, segundo o professor articulador [cargo proposto pelo ProEI] Ronnieris dos Santos, caminha no sentido inverso da obrigatoriedade e responde ao projeto de vida dos alunos. “O ProEi orienta que as escolas conheçam os sonhos desses meninos, o que eles querem para o futuro, e o campo está presente”, relata. Segundo ele, a escola vem contribuindo para que esses jovens tornem-se protagonistas, valorizem as expressões orais e escritas de suas comunidades, e não tenham vergonha de suas origens.
Contato:
Colégio Estadual Alcides Afonso de Souza
Email: [email protected]