ONG nos EUA auxilia escolas a mudar currículo e trabalhar por projetos
Publicado dia 19/07/2016
Publicado dia 19/07/2016
Um grupo de jovens estudantes do ensino médio, preocupados com a qualidade da água dos rios de sua cidade decide ir a campo com equipamentos científicos. Com orientação de um professor, realizam testes de qualidade e, a partir dos resultados, produzem análises e relatórios sobre a situação que encontraram. A tarefa motivou a equipe a repensar o currículo escolar.
A situação narrada aconteceu em uma escola pública, a King Middle School, em Portland, Maine, a partir de uma mudança radical na concepção de educação. Em substituição às aulas expositivas de conteúdos que pouco faziam sentido para os adolescentes, a gestão decidiu trabalhar com projetos onde os estudantes é que decidem o que querem estudar.
No começo das aulas, os estudantes dividem-se em grupos para pensar nos projetos que pretendem desenvolver ao longo do ano, na área que desejem. Os alunos podem medir a qualidade da água, buscar entender melhor a História da música do território do entorno, pesquisar algo sobre Física, compreender melhor a malha de transporte da cidade, entre outros.
A única exigência é que o projeto seja de interesse do grupo. Cabe aos estudantes decidirem aquilo que faz sentido e o que desejam aprender. O professor tem o papel de fazer uma mediação e buscar garantir as condições para que os projetos elaborados pelos jovens se viabilize tecnicamente.
A mudança na escola ocorreu a partir da aproximação com as propostas da Organização Não Governamental (ONG) Expeditionary Learning que trabalha em parceria com 165 escolas em 40 unidades federativas dos Estados Unidos.
A organização trabalha com instituições que desejam implementar uma mudança no currículo, na qual o papel do professor passa a ser incentivar os estudantes a se engajarem no aprendizado por meio de projetos relacionados a desafios do mundo real.
A Expeditionary Learning nasceu em 1991 por meio de uma parceria entre a Faculdade da Educação de Harvard e Outward Bound. A ONG trabalha com 10 princípios que pretende incentivar nas suas escolas:
– a importância da autodescoberta;
– abertura para ideias maravilhosas;
– responsabilidade pelo aprendizado;
– empatia e cuidado; sucesso e fracasso;
– colaboração e competição;
– diversidade e inclusão;
– mundo natural;
– solidão e reflexão e trabalho e compaixão.
A organização disponibiliza, em inglês, modelos curriculares que podem servir como referências para os gestores implementarem o modelo em suas escolas. As referências curriculares servem para estudantes do 3º ano do ensino fundamental até o início do ensino médio.
Pesquisas apontam que após três anos de aplicação do método na escola, os estudantes ficam 10 meses à frente dos demais no aprendizado de Matemática e sete meses em Literatura. Além disso, os alunos também desenvolvem outras características, como o aumento do engajamento e da socialização; conhecimento acadêmico aliado ao senso crítico e à capacidade de resolver problemas; papel de liderança; organização de conferências familiares e apresentações formais para especialistas; condução de projetos e pesquisas de campo de alta qualidade; participação na comunidade. Outro ponto é que pais e familiares participam mais do processo educacional.