Projeto propõe repensar os espaços escolares para qualificar a educação
Publicado dia 05/05/2015
Publicado dia 05/05/2015
Qual o papel dos espaços escolares nas práticas educativas? Como eles podem dialogar melhor com as propostas pedagógicas? Essas reflexões ganharam força na Prefeitura de Saint Étienne, na França, em 2009, dando início ao Projeto Participo da Remodelação da Minha Escola (Je participe à la rénovation de mon école).
A iniciativa nasce com a proposta de repensar os ambientes das escolas, a partir de suas estruturas e funções que cumprem, prevendo a oferta de uma educação integral, mais qualitativa e significativa para os diversos atores envolvidos. Por essa razão, professores e alunos foram convocados para, em conjunto e em diálogo, contribuir na formatação de espaços em que se sentissem contemplados.
Ainda em caráter piloto, o projeto envolve cinco escolas da região – de um total de 90 existentes no território – e arquitetos que pudessem apoiar na sensibilização e reflexão da comunidade escolar sobre as melhorias possíveis em seus ambientes, como bibliotecas, áreas de circulação, pátios, refeitórios e outras dependências.
Projet DESIGN – Je participe à la rénovation de mon école (vídeo em francês)
O trabalho coletivo ficaria ancorado, por um lado, nos conhecimentos técnicos dos especialistas e, por outro, na necessidade de professores e alunos de criarem com esses espaços uma relação de pertencimento, o que explica a participação deles na estruturação.
O desenvolvimento do projeto aconteceu em duas fases. A inicial, de 2009 a 2010, foi realizada com três escolas de educação primária; a segunda, de 2011 a 2012, envolveu uma escola primária e uma creche. A escolha das unidades foi feita a partir de um diagnóstico estrutural que procurou evidenciar as necessidades mais urgentes. Os arquitetos, por sua vez, foram escolhidos por um júri – que contemplou também as escolas já selecionadas – de acordo com as propostas apresentadas e habilidade para lidar com crianças.
Inicialmente, a prática envolveu visitas dos grupos de arquitetos, estudantes e professores à Cidade do Design (Cité du Design), organização responsável pela gestão local do projeto, em parceria com o Espacio Sócio-cultural Boris Vian.
A metodologia também seguiu para as escolas por um período de cinco meses. Nesse tempo, os alunos puderam vivenciar oficinas ministradas pelos arquitetos e os professores, por sua vez, puderam construir propostas pedagógicas em diálogo com o conteúdo trazido por esses profissionais, de forma que o tema dialogasse também com as demandas de sala de aula. A ideia principal era que os estudantes fossem capazes de pensar a sua relação com cada espaço, dando significados a cada um deles. O projeto incentiva os estudantes a ampliar o horizonte e ir do micro ao macro, projetando essas reflexões sobre a escola para a cidade também.
Essas vivências possibilitaram diagnósticos como: “as bibliotecas e os corredores são subutilizadas”, “o pátio não acolhe as brincadeiras ofertadas”, “o refeitório é muito barulhento”. As soluções foram sendo encontradas de maneira democrática em reuniões mensais com todos os envolvidos, sempre partindo do diálogo entre a questão espacial e o design, entendido como importante ferramenta pedagógica.
O projeto possibilitou maior envolvimento da comunidade escolar com as instituições, a partir da percepção de que os espaços podem ser mais ou menos contributivos para o desenvolvimento de uma prática pedagógica. Nesse sentido, professores e estudantes puderam entender a importância de se estabelecer com os espaços escolares uma relação de pertencimento e identidade, sendo isso também uma experiência educacional importante.
Para além disso, o grupo pôde conhecer mais sobre as habilidades de um arquiteto e transpor essas aprendizagens para o currículo, estabelecendo uma relação mais aproximada com a vida na cidade.
Outro ganho foi a incorporação dessas experiências nas Bienais de Design que aconteceram de 2010 a 2013 na cidade de Saint Étienne.
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