publicado dia 28/11/2014
16 filmes para debater os direitos das mulheres
Reportagem: Juliana Sada
publicado dia 28/11/2014
Reportagem: Juliana Sada
Entre os anos de 2001 e 2011, mais de 50 mil mulheres foram assassinadas de forma violenta no Brasil. Isto quer dizer que a cada 1h30, em média, uma mulher foi morta. O dado alarmante não vem sozinho: em 2013, foram registrados cerca de 52 mil estupros no país, totalizando mais de cem casos por dia.
Leia + Como a desigualdade de gênero se manifesta na educação das meninas
Apesar de disseminada, a violação de direitos nem sempre é fácil de detectar, já que em geral acontece dentro de casa e é cometida por alguém próximo. Dados da Central de Atendimento à Mulher, do primeiro semestre de 2014, indicam que em 94% dos casos de violência o autor foi o parceiro, ex ou familiar da vítima.
Ainda que a violência física ou sexual seja a que mais salta aos olhos, ela não é a única. Meninas, garotas e mulheres são também vítimas de violências mais silenciosas como a psicológica, patrimonial ou moral. Além disso, a desigualdade de gênero faz com que as mulheres tenham outros direitos violados como à educação, ao lazer e ao próprio corpo.
A Central de Atendimento à Mulher, no telefone 180, recebe denúncias e oferece orientação a mulheres vítimas de violência. O serviço é gratuito e funciona 24 horas. Em caso de violência contra crianças e adolescentes, pode-se recorrer também ao Conselho Tutelar.
É diante deste panorama que anualmente governos e sociedade civil, à convite do Centro pela Liderança de Mulheres no Globo, da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, se mobilizam nos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. O período – de 25 de novembro até 10 de dezembro – é marcado por atos e debates sobre a violência e desigualdade de gênero. Para apoiar educadores neste debate, o Centro de Referências em Educação Integral preparou uma lista com 16 filmes que retratam diferentes tipos de violência e a mobilização das mulheres para garantir seus direitos.
Ainda que a violência contra a mulher possa parecer algo distante da sala de aula, não é. Os relatos da Central de Atendimento à Mulher revelam que os filhos também são vítimas. Em 64% dos casos as crianças presenciaram a violência contra a mãe e, em 17%, também sofreram agressões. Além disso, adolescentes e mulheres jovens (de 15 a 24 anos) possuem mais chances de serem vítimas de homicídio.
A escola é um espaço privilegiado para o debate de temas latentes da sociedade e para a reflexão sobre postura diante do outro
Paralelamente, a escola é espaço privilegiado para debate de temas latentes da sociedade e para a reflexão sobre postura e comportamento diante do outro. Além disso, educadores cumprem papel fundamental na garantia de direitos de crianças e adolescentes e na promoção do desenvolvimento integral de cada estudante. Confira a lista preparada pela equipe do Centro de Referências e bom trabalho!
O filme narra a luta de Eugenia Skeeter Phelan para dar voz às mulheres negras vítimas do forte racismo presente na década de 60 nos Estados Unidos. Moradora de Jackson, uma pequena cidade no estado do Mississipi, a garota, que quer ser jornalista, decide escrever um livro sob a perspectiva das empregadas negras acostumadas a cuidar dos filhos da elite branca, da qual ela mesma faz parte. Skeeter se alia à empregada de sua melhor amiga, Aibileen Clark e, mesmo contrariando a sociedade, juntas seguem em busca de igualdade.
A realidade obstétrica brasileira é retratada neste documentário, que denuncia o alto número de cesáreas realizadas, na maioria das vezes, desnecessariamente. O filme ainda relata casos de mulheres vítimas de violência obstétrica, que tiveram seus direitos e desejos violados durante o procedimento.
Baseado na autobiografia em quadrinhos de Marjane Satapri, a animação conta a história de uma garota iraniana que emigra para a França para continuar seus estudos e deixar o país que estava então sob o regime do Aiatolá Khomeini.
Na Europa, a menina sofre inúmeras dificuldades de adaptação e com o preconceito das pessoas. Contudo, na volta ao Irã, Marjane também não mais se encontra. A dificuldade da garota em se adequar ao que as diferentes sociedades esperam de uma mulher faz com que ela viva em uma espécie de limbo entre as duas culturas.
Baseado em um caso real, o filme conta a história de Aimes, uma mulher que abandona o marido que a espancava para procurar um emprego e sustentar sozinha seus dois filhos. Para tanto, ela resolve trabalhar em uma mineradora de ferro no interior do estado de Minnesota, nos EUA.
Por ser uma das poucas mulheres que trabalhavam no local, a personagem sofre com os abusos masculinos que vão desde xingamentos até investidas sexuais. Sem respostas para suas reclamações, Aimes decide entrar com uma ação judicial contra a empresa, sendo propositora da primeira ação coletiva por assédio sexual dos Estados Unidos, dando início a uma marco de lutas feministas no país e no mundo.
A luta das mulheres por melhores condições salariais em um ‘mundo de homens’ é a temática central do filme. As operárias da fábrica da Ford de Dagenham vivenciam uma rotina desgastante de trabalho, atrelada a condições precárias e longas jornadas. O basta vem em 1968 quando são classificadas como não qualificadas.
Motivadas por Rita O’Grady, as mulheres passam a reivindicar a igualdade de direitos em relação aos salários e o fim da discriminação sexual. Inicialmente direcionada aos patrões, a manifestação se volta contra o governo em uma luta que foi fundamental para que o parlamento britânico consolidasse o Projeto de Paridade Salarial em 1970.
Neste documentário, duas trabalhadoras domésticas refletem sobre suas trajetórias de vida e trabalho, servindo desde cedo e até a vida adulta à uma mesma família. As domésticas debatem a recente regulamentação que garante os mesmo direitos dos trabalhadores às domésticas: “minha história seria outra”, afirma uma delas.
A cineasta Lucia Murat conta a história de mulheres que resistiram à ditadura militar brasileira, lutando pela liberdade. O filme, realizado poucos anos após o fim do regime, mostra também como elas lidam com a transição à democracia, com a memória das violências que sofreram e com os resquícios da ditadura ainda presentes.
A vida e história de mulheres vítimas de violência doméstica é o foco deste documentário. A obra relata também o caso de violência contra a farmacêutica Maria da Penha, cujo nome batiza a lei que pune com mais rigor os agressores.
Aos 13 anos, Waris Dirie fugiu de sua aldeia no interior da Somália para escapar de um casamento arranjado. Enviada à Londres, trabalha como empregada na embaixada da Somália. Quando adulta, vira modelo mas permanece nela uma marca da sua infância: a mutilação genital, uma das maiores agressões – ainda legal em muitos países – às mulheres no mundo.
Baseado em fatos reais, este filme conta a história de uma policial que é escalada para missão da Organização das Nações Unidas (ONU) na Bósnia. Ao chegar lá, se depara com uma rede de tráfico de mulheres para fins de exploração sexual. Sua atuação começa a incomodar os poderosos que encobertam a situação, mas ela não desiste de suas investigações.
No sertão baiano, na cidade de Pintadas, o machismo era a regra. Diante de um contexto dominado pelos homens e fortemente opressor, as mulheres se organizaram para transformar a realidade local e afirmarem suas identidades e direitos.
O filme conta a história de um grupo de mulheres brilhantes que estudavam em uma universidade dos anos 50 nos Estados Unidos, mas que, mesmo com os estudos, tinham como horizonte e se tornarem boas e cultas esposas. É aí que entra uma professora de artes: ampliando as possibilidades e referências das meninas, a educadora convida as estudantes a desafiarem essa situação e fazer com que assumam seu protagonismo na sociedade.
Inspirada pelo romance “Push”, da escritora Sapphire, o filme conta a história de Claireece “Precious” Jones, uma jovem de 16 anos que sofreu diversos abusos durante sua infância. Ela engravida pela segunda vez – de seu pai – e é suspensa da escola. A diretora, então, consegue uma vaga em uma escola alternativa, onde, com a ajuda de uma educadora que consegue ver para além das marcas da violência que sofreu, ela aprende a ler e escrever e consegue mudar os rumos de sua vida.
O documentário brasileiro discute, a partir de depoimentos com meninas, mulheres e especialistas, o tema do aborto – dos previstos em lei e em situações clandestinas. No lugar de condenar a mulher, o filme oferece um olhar sensível para a questão, problematizando, acima de tudo, a criminalização das mulheres que passam pela situação.
O filme conta a história de uma jovem que é estuprada por um grupo de homens em um bar nos Estados Unidos. Sem testemunhas, ela denuncia a agressão, mas sofre inúmeros preconceitos e descréditos do sistema judicial do país que a coloca sob suspeita, indicando que suas ações teriam provocado o estupro.
Como na maior parte dos filmes do estúdio de animação japonês Ghibli, capitaneado por Hayao Miyazaki, “O sussurro do coração” é protagonizado por uma menina que acredita na sua própria força. Shizuku Tsukishima é uma garota que aos 14 anos decide que quer ser escritora. Disposta a concretizar seu sonho, a jovem larga tudo e começa sua missão pelo mundo da imaginação com disciplina, afinco e sem descanso.