publicado dia 14/11/2013
19 elementos que você pode encontrar em uma cidade educadora
Reportagem: Julia Dietrich
publicado dia 14/11/2013
Reportagem: Julia Dietrich
A tarefa de educar como responsabilidade da sociedade. Esse princípio é o grande norteador de uma cidade educadora que se define como aquela que entende o potencial do território, explora suas possibilidades e as transforma em capital educativo. As cidades educadoras são regidas por princípios de ações formadoras que objetivam, sobretudo, o desenvolvimento integral de todos os cidadãos em um processo educativo ao longo da vida e a partir da relação com os espaços e indivíduos do município.
No mundo, cerca de 450 cidades assinaram a Carta de Princípios da Associação Internacional de Cidades Educadoras. Listamos aqui 19 elementos que você pode encontrar nos municípios que pactuaram com essa proposta.
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1. Respeito ao meio ambiente de seu próprio território, de territórios vizinhos e de outras cidades do mundo
Na experiência de Jardins Comunitários de Rennes, na França, crianças, adultos e idosos são convidados a cuidar do espaço público, que ganha as cores e as características de cada comunidade local. Ao todo, são 850 hectares de espaços verdes.
2. Integração de conhecimentos entre indivíduos, favorecendo que as pessoas aprendam, partilhem, troquem e, consequentemente, enriqueçam suas vidas.
Veja como o programa Escola Integrada ressignificou a relação entre escolas e comunidade em Belo Horizonte, no Brasil. Nele, estudantes, professores, espaços comunitários e universidades estão em permanente aprendizagem e colaboração.
3. Formação, promoção e desenvolvimento de cada indivíduo da comunidade, garantindo que todos possam aprender em todos os momentos e ao longo da vida.
Conheça a Experiência de Torres Vedras, em Portugal, onde idosos já aposentados são convidados a sair de casa e apoiar serviços comunitários. Como uma das ações, os idosos apoiam a saída da escola das crianças.
4. Investimento na formação da cada pessoa para que essa atinja o máximo de seu potencial, sua singularidade, criatividade e responsabilidade com o coletivo.
A experiência de Tarragona, na Espanha, é um projeto realizado entre a biblioteca municipal e o porto da cidade para discutir com crianças, adolescentes e adultos, as histórias e memórias dos pescadores da região.
5. Condições para plena igualdade de forma que todos se sintam respeitados e respeitem o próximo, em constante diálogo.
Na Experiência de Malargüe, na Argentina, prefeitura aposta em treinamento profissional e formação integral em diferentes linguagens para pessoas com deficiência.
6. Acesso fácil e irrestrito às tecnologias da informação e comunicação para que todos tenham liberdade em se expressar e compartilhar seus conhecimentos.
Veja a experiência dos Centros Locais de Dinamização Tecnológica (CLDT), de Avilés na Espanha, que entende as Tecnologias da Informação e Comunicação como necessárias para a inclusão das pessoas na sociedade e mundo do trabalho.
7. Congregação entre instituições educativas formais, não formais e informais para colaboração no ensino e aprendizagem de todos os cidadãos.
Em Lomé, no Togo, para conscientizar a população da prevenção ao HIV, escolas, organizações sociais, poder público e empresas realizam a Maratona pela Esperança. Todos os anos, além da marcha, cada um contribui com oficinas, aulas abertas à comunidade, rodas de discussão e doação de preservativos.
8. Cooperação com instituições e projetos de estudo e pesquisa, que visem aprimorar meios de fortalecer a participação cidadã e a qualidade de vida nas cidades.
Na experiência de Santos, no Brasil, a cidade desenvolveu programa de educação integral, no qual a avaliação das ações foi construída em parceria com organizações sociais em extenso trabalho de pesquisa.
9. Proteção das crianças e jovens, garantindo seu direito à cidadania, diálogo e coexistência com outras gerações.
Veja mais sobre a Experiência de audiências públicas de meninos e meninas em Barcelona, na Espanha, sobre a importância da escuta e participação em todas as faixas etárias.
10. Compreensão do território como uma grande plataforma de experimentação para que as pessoas possam exercer sua plena cidadania.
Experiência de Sorocaba, no Brasil, em que o programa municipal de educação integral tem como objetivo fortalecer a relação entre a educação e a cidade cidade nos eixos: aprender na cidade, aprender com a cidade e aprender a cidade.
11. Condições para o exercício da democracia, em que a coexistência pacífica, a ética e o respeito à pluralidade são determinantes.
Experiência da Biblioteca Los Palos Grandes, em Chacao, na Venezuela, como um lugar de acesso à informação, às ferramentas da comunicação e à mídia para o encontro cidadão entre diferentes faixas etárias.
12. Planejamento urbano que permite a integração das aspirações pessoais e sociais dos indivíduos, combatendo toda forma de segregação social, cultural ou de gerações.
Em Castelfiorentino, na Itália, o projeto “Livre acesso, o acesso nos libera a todos” previu a melhoria das ruas com o intuito de promover acessibilidade e maior interação da população com redução de mobilidade.
13. Desenvolvimento de todas as potencialidades educativas que a cidade contém, garantindo-as no projeto político da cidade.
A experiência com a educação integral no município de Medellín, na Colômbia, acontece pelo Programa Buen Comienzo. A iniciativa tem como objetivo garantir experiências de aprendizagem positivas já no início da vida escolar.
14. Definição de prioridades de formação em função de um processo de avaliação de carências, objetivos e recursos.
No município de Lleida, na Espanha, a experiência com o projeto “A Murga, pelo direito a uma moradia digna” que envolve jovens voluntários na revitalização de moradias degradadas estimulando, dessa forma, o conhecimento e a convivência.
15. Reconhecimento dos recursos e potencial formativo da própria cidade como ferramentas de desenvolvimento do sistema educativo, laboral e social.
A experiência de revitalização do centro histórico de Granollers, na Espanha, contribuiu com a oferta de ações culturais e a aproximação da comunidade.
16. Valorização da cultura como um processo de produção que motiva a criatividade, estimula a curiosidade, resgata a memória local e integra diferentes populações.
O Projeto Andarilho realizado na cidade de Guarda, em Portugal, tem entre seus objetivos resgatar e fortalecer as tradições culturais locais.
17. Concepção da educação como um bem social dinâmico, construído coletivamente e que acolhe sem restrições quem quer aprender e ensinar.
O Programa Jovem de Inclusão Socioeducativa na cidade de Rosário, Argentina, tem como proposta oferecer novas oportunidades educativas a jovens de 13 a 18 anos e mantê-los ativos na educação formal.
18. Reconhecimento da escola como instituição educativa, ao mesmo tempo em que valida outros núcleos, espaços e tempos de formação no território.
O município de Chacao, na Venezuela, previu em seu plano a oferta de capacitação aos atores diretamente envolvidos com a escola e também para a comunidade.
19. Valorização de uma concepção aberta e diversificadora de saberes, tomando cada indivíduo como um potencial educador.
A cidade de Paysandú, no Uruguai, recebeu o projeto “La Cultura en plaza” que tem como objetivo promover as manifestações culturais e a participação ativa da comunidade.
As experiências foram coletadas pelo Centro de Referências em Educação Integral, com base nas informações da Associação Internacional de Cidades Educadoras.
Por Ana Luiza Basílio e Julia Dietrich