Publicado dia 26/08/2014

Estudante

Estudante, educando, aluno, aprendiz. Pessoa que estuda, que frequenta um estabelecimento de ensino, que está em processo educativo, que aprende. Na Educação Integral, esta pessoa é o centro de todo o processo. Ou seja, o currículo, os tempos, espaços e equipe responsável se organizam a partir de suas necessidades, interesses e ritmos.

Crédito: Serr Novik/ Fotolia

A educação integral tem como objetivo final o desenvolvimento deste estudante em suas diversas dimensões – intelectual, afetiva, corporal, social e simbólica e, para tanto, precisa apoiá-lo a conquistar sua autonomia. Ao tornar-se autônomo, o estudante passa a ser capaz de pesquisar e aprender sobre qualquer assunto que lhe interessa, a relacionar-se consigo mesmo e com os próximos de maneira saudável e respeitosa, a adotar hábitos de autocuidado e a viver de forma coerente com seus princípios e valores.

Mas, para conquistar esta autonomia, o estudante precisa ter liberdade de escolha: seguindo seus interesses, buscando atingir objetivos específicos, em seu ritmo e estilo, e desenhando suas próprias trajetórias de aprendizagem. No entanto, isso não acontece de forma espontânea, mas sim a partir de um rigoroso processo de aprendizado, de organização e planejamento, em diálogo construído com seus educadores.

É distribuindo seu tempo entre as atividades individuais, os espaços coletivos, os projetos dentro e fora da escola, que o estudante desenvolve a importante capacidade de planejar. Com ela, o estudante passa a selecionar projetos, a conscientizar-se das habilidades que precisa desenvolver e a assumir seus compromissos, aspectos que novamente são centrais para a conquista da autonomia.

Para apoiar o estudante no aprendizado do “planejar”, é preciso que se estruturem tempos, espaços e currículos flexíveis ou, como chamam alguns pesquisadores contemporâneos, currículos adaptáveis ou personalizados.

Os processos educativos na autonomia do estudante

  • Nessa perspectiva, o conceito de educação integral indica que os tempos, espaços e agentes educativos não são fixos nem segmentados; eles se constituem e se integram no percurso de aprendizagem de cada estudante.
  • Como o que orienta todo o processo é o interesse do estudante, o tempo de estudo não se restringe às horas e dias letivos. Seguindo seu planejamento, o prazer do conhecimento faz com que cada educando enfrente os desafios da pesquisa e as dificuldades inerentes ao seu processo de conquista da autonomia, dedicando o tempo que for necessário para alcançar seus objetivos.
  • A educação integral não apenas flexibiliza os tempos e espaços de aprender como também os papéis dos que nele estão envolvidos. O estudante conta com o educador, que lhe orienta em toda sua trajetória, mas no decorrer da experiência de aprendizagem, encontra com diversas outras pessoas que com ele irão compartilhar seus conhecimentos, expertises e paixões.
  • Paralelamente, a educação integral reconhece que os próprios estudantes ensinam a si próprios, ao coletivo, aos educadores e aos que encontram no percurso. Em grupos colaborativos, os educandos ensinam seus colegas sobre determinados assuntos ou aspectos que já compreendem bem e em projetos ou atividades específicas, os estudantes podem contagiar os demais com o vivo interesse que demonstram por certos temas e propostas.
  • Dessa forma, reconhece-se que a possibilidade de compartilhar conhecimento é dependente da convivência entre diferentes; só faz sentido compartilhar uma nova descoberta com alguém que ainda não a fez. Essas diferenças enriquecem os projetos e os estudos e estimulam a interação construtiva e cuidadosa no coletivo.
  • Como a  educação integral pressupõe a integração de diferentes espaços, tempos e atores e o convívio com pessoas de outras idades, gêneros e culturas, os estudantes são convidados a se interessar pelo Outro, pelas suas experiências, preferências e memórias. Aspecto este que é central para o desenvolvimento social dos indivíduos.

Autonomia e alteridade

  • Faz parte da passagem da heteronomia à autonomia a superação de posturas e atitudes autoritárias por posturas e atitudes respeitosas e promotoras da solidariedade e do cuidado com o Outro.
  • Da mesma forma, defende-se a responsabilidade do estudante pelo seu coletivo. Ao participar de grupos colaborativos, em projetos coletivos, no envolvimento em projetos comunitários e na participação nos espaços de gestão escolar, o estudante é convidado a se perceber como parte do todo e a zelar pelos demais.
  • Paralelamente, quando estimulados a participar da elaboração das regras do espaço e das relações, os estudantes adquirem consciência sobre si próprios, sobre o papel que têm no grupo e também sobre seus direitos, ao mesmo tempo em que passam a valorizar a democracia e os cuidados com o bem comum.

Para saber mais

FREIRE, Paulo, 1973. Uma educação para a liberdade. Porto José M.C.S. Ribeiro Editor.
GARDNER, Howard, 1994. Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas, Porto Alegre: Artes Médicas (original: Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences, 1983).
KORCZAK, Janusz, & Dallari, Dalmo de Abreu, 1986. O direito da criança ao respeito. São Paulo: Summus Editorial (original: Prawo diziecka do szacunku, 1924).
SILVA, Tomas Tadeu. (org), 1994. O Sujeito da educação (estudos foucautianos). Petrópolis: Ed. Vozes.

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