O conceito de comunidade por muito tempo ficou restrito à ideia de um grupo de pessoas que reside em uma mesma área geográfica, compartilhando um modo de vida e uma cultura – em geral vizinhos e familiares.
Na contemporaneidade, quando a virtualidade entrou em cena, as mudanças espaciais se tornaram mais rápidas e diferentes culturas passaram a conviver em um mesmo espaço, esta concepção passou a ser questionada, ganhando caráter mais amplo.
Hoje, o conceito refere-se a um grupo de pessoas que compartilham algo em comum, como uma história comum, um objetivo comum, uma determinada área geográfica ou práticas comuns, como as comunidades quilombolas, as comunidades virtuais e as comunidades escolares.
Saiba + Qual o papel da comunidade na Educação Integral?
A educação integral tem como um de seus pressupostos centrais, a troca dos saberes, experiências e práticas entre as pessoas e instituições que estão ou atuam na e com a escola.
Nessa perspectiva, as comunidades, formadas por pais, moradores da região, funcionários, trabalhadores das organizações locais, de instituições privadas e públicas, entre outros, assumem função essencial para o desenvolvimento integral dos estudantes.
Colaboração como chave
Uma proposta de educação integral implica que se transformem as relações sociais do território, assumindo a cultura colaborativa como premissa fundante de todas as atividades que nele se realizam. Ao se sentirem pertencentes a uma mesma comunidade, as pessoas e instituições podem atuar coletivamente, somando forças e possibilidades de ações conjuntas.
Da mesma forma, como indicado na publicação do MEC, Caminhos para elaborar uma proposta de Educação Integral em Jornada Ampliada, a escola e comunidade em que ela se insere precisam dialogar em uma perspectiva comum, garantindo que os processos educativos possam ser realizados conjuntamente e não em caminhos paralelos que não se encontram.
A ideia é justamente garantir que “cada instituição possa compartilhar responsabilidades, inter-relacionar-se e transformar-se no encontro com o outro; a escola e demais instituições sociais podem ser orientadas a se constituir como uma comunidade de aprendizagem.”
Ainda segundo o texto, essa conexão possibilita o exercício das relações sociais democráticas dentro e fora da sala de aula. “Ao ligar escola e comunidade, nas muitas e complexas possibilidades territoriais do seu modo de existir, a educação torna-se instrumento de democracia, possibilitando à criança, ao jovem e ao adulto entenderem a sociedade e participarem das decisões que afetam o lugar onde vivem, sua escola, seu bairro e sua vizinhança, tornando-se parceiros de seu desenvolvimento sustentável.”
Para saber mais
ARENDT, Ronald João Jacques. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre, 1998.
BRANCALEONE, Cássio. Comunidade, Sociedade e Sociabilidade: Revisitando Ferdinand Tönnies. Revista de Ciências Sociais, v. 39 n. 1, PUCPR, 2008. Disponível para download aqui.
PAIVA, Raquel. O Espírito Comum – Comunidade, Mídia e Globalismo, Petrópolis, Vozes,
1998
SINGER, Helena. Cidadania. In: Glossário Pedagógico. Portal Educacional, 2014.