publicado dia 18/08/2016

Seis maneiras de estimular o engajamento dos adolescentes

Reportagem:

A adolescência é uma fase difícil da vida, e ser autêntico como um adolescente não é uma tarefa fácil. Pense sobre o quão é difícil, mesmo para os adultos, serem autênticos em suas vidas. A autenticidade é a expressão das emoções, reações, pensamentos e ideias em diálogo com nossa experiência interna. É o que é real e verdadeiro a partir de nossa perspectiva e valores. Ser autêntico requer autoconhecimento, confiança e a capacidade de tolerar e trabalhar a partir do conflito. Quando somos autênticos transmitimos confiança e solidariedade às relações.

Por Julie Baron, assistente social, terapeuta especializada em adolescência e ex-diretora de escola. Material traduzido do Edutopia

Apoiar os adultos e familiares é uma maneira de demonstrar e reforçar a importância da autenticidade com os adolescentes. Eles [os adolescentes] colocam que quando seus professores, treinadores*, tutores e familiares são sinceros e honestos, eles se sentem mais conectados à relação e sabem o que esperar. E que isso os ajuda a desenvolverem a sua própria autenticidade.

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Uma das melhores maneiras de sermos autênticos com os jovens é praticar a transparência quando nos engajamos com eles. A transparência, por sua vez, é demonstrada quando nossos motivos e métodos são óbvios, claros e abertos. Nós avançamos no relacionamento com os adolescentes quando conseguimos explicar as regras envolvidas e a razão pela qual fazemos o que fazemos.

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1. Explique processos

Os adolescentes gostam de questionar a autoridade, e isso é algo natural, positivo e apropriado a essa fase do desenvolvimento. E é uma habilidade crítica que devemos não somente cultivar, mas ensinar a usar de maneira efetiva. Quando os adolescentes não cooperam ou questionam nossas decisões, deve haver um esforço de explicar o processo, uma maneira racional de mantê-los envolvidos. Nós somos mais efetivos quando antecipamos preocupações, ou explicamos coisas proativamente.

Quando os professores explicam uma tarefa racionalmente e usam o tempo de planejamento para responder às demandas dos adolescentes, eles se tornam mais abertos à atividade. Quando um treinador define uma agenda prática e os atletas podem enxergar a sua participação e fazer perguntas, eles se tornam mais comprometidos com o esforço. E quando tutores explicam a razão que há por trás da necessidade de uma chamada telefônica a um familiar, por exemplo, e possibilita ao adolescente a decisão de como agir nesse caso, ele se torna mais capaz de gerir sua reação emocional. Ao explicar o que estamos fazendo, e por quê estamos fazendo, nós impulsionamos a cooperação e aumentamos a disposição dos adolescentes em participar.

Saiba + “É preciso considerar o adolescente antes do aluno”

Art4all/Shutterstock

Créditos: Art4all/Shutterstock

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2. Esclareça os papéis

Entre familiares, professores, tutores e treinadores, os adolescentes sempre têm muitos adultos em sua vida. E embora esses papeis sejam complementares, não é raro que eles se confundam quanto às expectativas com os jovens.

Independente do seu papel, o ideal é que essas situações possam ser antecipadas, deixando claro aos adolescentes o que eles podem esperar de você e o que você espera deles. Treinadores que também que são familiares de um atleta podem falar sobre esses conflitos diretamente ou propor feedbacks ao longo do caminho, se entenderem que as decisões podem parecer injustas. A disposição de compartilhar o porquê de uma decisão favorece uma abordagem transparente. Tutores devem evitar relações duais em seu trabalho, ainda que nas escolas isso nem sempre seja possível. Falar sobre um conflito existente, descrevendo seu compromisso na situação e a colaboração com os demais educadores pode endereçar preocupações, comunicar transparência e antecipar expectativas.

Crédito?: Fotolia

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3. Corrija erros

Os adolescentes precisam saber que erros são inevitáveis e necessários ao desenvolvimento integral. No entanto, esse princípio fundamental nem sempre é bem elaborado pelos adultos.

Por exemplo, é comum que os adolescentes se queixem da forma como são avaliados pelos professores, julgando esses processos injustos. E, às vezes, isso é verdade. Os erros, somados aos conhecimentos curriculares, compõem uma lição importante na juventude. Esteja aberto ao feedback dos alunos, esteja disposto a considerar seus pontos de vista e responda quando os argumentos pedirem considerações.

Caso você cometa um erro ou contribua para uma falta de comunicação, reconheça-o, e também valide a perspectiva dos adolescentes. Esta é uma oportunidade de demonstrar como lidar com os nossos erros, assim como fazemos com as situações de sucesso. Um simples erro ou uma sugestão razoável de um adolescente, quando discutidos abertamente, podem acrescentar respeito e qualificar a relação estabelecida.

© Stauke - Fotolia

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4. Admita quando você não souber algo

Se um adolescente faz uma pergunta que o envergonha ou embaraça, ou caso você diga algo incorreto durante a aula, esta é uma oportunidade perfeita para esclarecer que se deve ter vergonha quando não se sabe algo.

Considere o exemplo de um estudante que discordou de seu professor sobre a intenção de um autor em um livro de literatura e em que o docente insistiu que o aluno estava errado. Até que o aluno escreveu para o autor e teve como resposta algo que sustentava o seu ponto de vista. Ele prontamente mostrou isso ao seu professor que continuou a insistir que ele estava errado. Por quê? Os adultos podem se sentir tentados a entrar numa luta de poder pela necessidade de estarem sempre certos, e incapacidade de reconhecer os erros. Nesse caso, um simples “eu corrigi, e obrigada por retomar essa questão” ou “boa perspectiva. Existem outras leituras possíveis?”, poderia ser mais efetivo.

Os adolescentes pertencem a um mundo de fácil acesso à informação e conseguem acessar dados e exposições com facilidade. Por isso, admita quando não souber algo, ou reconheça que errou porque você é humano. Isso constrói credibilidade. Ao mesmo tempo, incentive os jovens a pesquisarem e o acessarem novas perspectivas.

Colaboração-Caracteristicas-Individuais5. Resolva problemas de maneira colaborativa

Como os adolescentes estão desenvolvendo capacidades para a tomada de decisões frente aos problemas, é importante que os adultos assimilem e ofertem, sempre que possível, os processos de resolução de conflitos.

Outra medida eficaz é permitir que os adolescentes observem o processo de tomada de decisão por um adulto, uma vez que isso possibilita a aquisição de algumas aprendizagens. Por exemplo, a de que é possível articular com outras pessoas diante de um dilema, ou diante da necessidade de elaborar uma resposta ou resolver uma questão. Isso também dá uma ancoragem ao ser autêntico.

participacao_popular6. Forneça feedbacks honestos

Quantas vezes contamos a nossos estudantes que eles devem advogar por si próprios? Isso envolve dar feedbacks honestos que é algo que podemos modelar para que envolva saldos positivos e negativos.

Por exemplo, dizer a adolescentes que eles são teimosos pode romper com a comunicação. Ao passo que dizer que eles são determinados, pode ser útil para o momento em que se encontram. Com isso, mostramos que é possível dar feedback sobre um comportamento particular, sem fazer julgamentos.

* Nome comumente atribuído ao professor de Educação Física nas escolas norte-americanas.

Qual o papel dos professores e como estimular a participação dos estudantes?

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