publicado dia 15/04/2016
Número de ocupações dispara e secundaristas ocupam 43 escolas no RJ
Reportagem: Caio Zinet
publicado dia 15/04/2016
Reportagem: Caio Zinet
Em São Paulo, os estudantes secundaristas ocuparam mais 200 escolas no final do ano passado contra o processo de reorganização escolar proposto pela Secretaria Estadual de Educação. Desde então, a tática tem se disseminado e vem sendo utilizada em diversos outros estados como método de luta política.
Secundaristas de Goiás e Minas Gerais também ocuparam escolas. Agora, é a vez dos cariocas. Até o momento, 43 colégios em diversas cidades do estado estão sendo controladas pelos estudantes que, assim como em São Paulo, estão buscando realizar uma série de atividades como aulas de música, capoeira e discussões sobre temas que eles consideram relevantes. Também se auto-organizam para cozinhar e limpar o espaço escolar.
O movimento começou em 21 de março com a ocupação do Colégio Estadual Mendes de Moraes, na Ilha do Governador. As ocupações ganharam impulso nos últimos dias e o número de escolas controladas pelos alunos não para de crescer. Na manhã de quinta-feira(14/04) eram 36, na manhã do dia seguinte, ao menos 43.
Saiba + Lista com todas as escolas ocupadas por secundaristas no Rio de Janeiro
Um dos estopins do movimento foi o corte de verbas para a educação feito pelo governo do Rio de Janeiro. Em janeiro, a Assembleia Legislativa Estadual aprovou o orçamento que mantinha para 2016 o mesmo repasse de 2015 – R$ 5,4 bilhões. Em fevereiro, entretanto, foi anunciada a redução.
O governo do Rio de Janeiro fez uma revisão nas perspectivas de arrecadação, prevendo que o estado terá R$ 61,5 bilhões em caixa para todo o ano, valor 23% menor que os RS 79,9 bilhões previstos anteriormente. Diante dessa revisão, o governo anunciou cortes em diversas áreas.
A educação, que já não teve reajuste no orçamento de 2015 para 2016, perdeu 9,3%, ou R$ 502 milhões, de sua verba total. Nesse contexto, começaram as ocupações de escolas e uma greve dos profissionais de educação do estado.
O movimento ainda não tem um manifesto unificado, mas nas diversas páginas nas redes sociais, criadas pelos estudantes, os jovens reivindicam que a educação deve ser tratada como uma prioridade e para isso lutam contra a precarização das condições de trabalho e estudo.
Uma das principais demandas é a melhoria na infraestrutura das escolas, muitas sem iluminação ou refrigeração adequada. Os estudantes também querem ter mais participação nas decisões das escolas. Eles pedem, por exemplo, que a comunidade escolar possa votar para escolher os diretores.
O governo do estado entrou na justiça pedindo reintegração de posse. Uma liminar chegou a ser concedida no dia 11 de abril contra a primeira escola ocupada, mas o desembargador Sérgio Seabra Varella atendeu a um pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro e reverteu a decisão que havia sido concedida pela juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 14ª Vara de Fazenda Pública do Rio.