publicado dia 24/02/2015
Movimento Global estimula crianças a transformarem suas realidades dentro e fora da escola
Reportagem: Julia Dietrich
publicado dia 24/02/2015
Reportagem: Julia Dietrich
25 milhões de crianças e adolescentes em 34 países transformam, a partir de suas inquietações, suas escolas e comunidades, mais de 6000 experiências concretas desenvolvidas e compartilhadas em rede e a publicação de diferentes materiais para empoderar jovens em design thinking [metodologia para resolução de problemas]. Esses são alguns dos inúmeros resultados do movimento Design for Change, desenvolvido, desde 2006, por Kiran Bir Sethi, designer e fundadora da escola Riverside, em Ahmedabad, na Índia.
A partir da experiência da própria escola, que substituiu as salas de aula por percursos de aprendizagem na comunidade, Kiran lançou um movimento global que preconiza que as crianças e adolescentes são protagonistas de suas próprias histórias e, assim, podem ser apoiados a transformar suas realidades. “As crianças têm provado que elas têm o que é necessário para “desenhar” o futuro que desejam”, afirma a educadora, no site do movimento.
E, a partir de amanhã (25/2), o movimento ganha forças no Brasil. Com o apoio do Instituto Alana, organização de referência na promoção dos direitos das crianças e adolescentes, a proposta recebeu o nome de Criativos da Escola e compartilhará as experiências ao redor do globo e a metodologia desenvolvida na proposta, incentivando escolas e organizações sociais a estimularem as crianças a desenvolverem as ações que desejam.
Para encorajar as ações, o instituto ainda desenvolverá o projeto “Desafio Criativos da Escola”, que premiará iniciativas que se destacarem pelo impacto do trabalho e pelo processo de construção da ideia, que podem ir desde a recuperação de uma praça a uma proposta de incentivo à bicicleta como transporte escolar. Cinco grupos escolhidos receberão como prêmio a chance de vivenciar uma experiência transformadora coletiva. Os educadores que acompanharem os grupos receberão uma bolsa de estudos para o curso que escolherem.
“Queremos expandir esse alcance e também reconhecer as histórias que serão protagonizadas por crianças e adolescente transformadores em todo o país”, explica Carolina Pasquali, diretora de comunicação do Instituto, em entrevista ao site Catraquinha.
Nos últimos dois anos, a equipe testou a metodologia em escolas públicas e particulares em diferentes contextos sociais e regionais e o resultado será compartilhado amanhã (25/2) em evento no Auditório do Itaú Cultural, em São Paulo. Com inscrições encerradas, a atividade será transmitida ao vivo, a partir das 19h30, pela internet.
Direcionada para crianças e adolescentes de sete a 14 anos, o proposta do Design for Change se apóia em quatro verbos, que constituem etapas do processo: sentir, imaginar, fazer e compartilhar. As atividades devem ser realizadas por crianças e adolescentes em grupos, que podem ou não estar dentro de escolas. Os educadores envolvidos devem assumir postura mediadora, apoiando os jovens nos diferentes processos da metodologia.
Na primeira delas, as crianças devem ser convidadas a se expressarem sobre situações ou problemas que as afetem. “Não importa se é dentro ou fora da escola, se é algo físico (uma biblioteca escura, por exemplo) ou comportamental (a falta de interação entre as pessoas do bairro). O mais importante é que as crianças se sintam realmente tocadas pelo problema – e queiram muito encontrar uma solução para resolvê-lo”, explica o site da proposta.
Na etapa da imaginação, os grupos devem discutir formas para resolver a questão ou o incômodo. Para tanto, precisam discutir as origens do problema, entender como ele afeta a vida das pessoas ou comunidade em questão e identificar o que almejam efetivamente como melhorias ou soluções.
Acesse textos e materiais sobre Design no contexto educacional no Tumblr DesEdu e materiais e guias para crianças e educadores na seleção do Design for Change.
Com a solução desenhada, chega a hora do fazer. É a etapa estruturante do Design for Change, quando as crianças, juntas, deverão encontrar caminhos para colocar em prática seus desejos de mudança, mobilizando parceiros, construindo alternativas para quando algo não der certo e efetivamente implementando a mudança almejada.
Por fim, é momento de compartilhar o que aconteceu, ressaltando a importância do registro ao longo das diferentes etapas. A proposta é encorajar que outras crianças, jovens e adultos possam replicar as soluções encontradas em seus próprios contextos, formando uma grande rede de mudanças.
São muitos os exemplos de sucesso, atuando nas mais diferentes problemáticas. Os exemplos são registrados e compartilhados nas diferentes mídias do Design for Change.
Todos juntos contra violência
Um grupo de estudantes da Escola Nova Espanha, na Cidade do México, desenvolveram uma série de ações para incentivar a cultura de paz e combater o bullying na escola. Como uma das ações, propuseram recreios recreativos com atividades e brincadeiras de cooperação.
Letramento na comunidade
Em um vilarejo próximo à Nova Delhi, na Índia, as crianças da escola Satya Bharti perceberam que os alto índice de analfabetismo da comunidade era bastante preocupando. Para encorajar os pais a voltar a estudar e discutir a importância de saber ler e escrever, os estudantes desenvolveram uma campanha comunitária.
Voo livre
As crianças da Affiliated Experimental Elementary School of Taipei, em Taiwan, perceberam que os pássaros que visitavam a escola acabam se machucando e até morriam no campus. Por isso, criaram um Centro de Cuidados para os Pássaros e adotaram medidas para reduzir as chances de um pássaro se machucar no local. Com isso, aprenderam e ensinaram à comunidade a importância da preservação e caminhos para se relacionar com a natureza local.
Mais amigos!
Os estudantes da escola democrática Politeia, na Zona Oeste de São Paulo, decidiram fazer uma campanha para aumentar o número de estudantes e sensibilizando outros pais à proposta de ensino da instituição.
Outras histórias estarão disponíveis no site do Criativos da Escola a partir de amanhã (25/2).
Com informações do Design For Change, Instituto Alana e Catraquinha