publicado dia 24/11/2025

Diálogos sobre Educação Integral: como garantir a equidade no Tempo Integral? 

Reportagem:

📄Resumo: As diretoras escolares Gisele Martins, da rede municipal de Paulínia (SP), e Joyce Dias, de São Paulo (SP), compartilharam suas práticas de promoção de equidade na live Diálogos sobre Educação Integral. A mediação foi da formadora do Centro de Referências em Educação Integral Ana Paula de Pietri.

Como garantir a equidade no trabalho pedagógico das escolas de Educação Integral em Tempo Integral? Esse foi o tema da mais recente live Diálogos sobre Educação Integral, uma iniciativa do Centro de Referências em Educação Integral em diálogo com a Comunidade do WhatsApp Educação Integral, que reúne educadores de todo o Brasil.

Realizada em 18 de novembro, a live foi mediada pela formadora do Centro de Referências em Educação Integral, Ana Paula de Pietri, e recebeu as diretoras escolares Gisele Cristina Biondo Martins, da rede municipal de Paulínia (SP), e Joyce Dias, da rede municipal de São Paulo (SP).

Leia Mais

Atuando em dois territórios distintos – no bairro periférico paulistano de Perus e na cidade de Paulínia (SP) – as educadoras compartilharam suas trajetórias no campo da Educação, além de práticas de promoção da equidade na jornada expandida.

Assista abaixo na íntegra e leia a seguir os principais trechos da live:

Diálogos sobre Educação Integral: quem participou da live

Diálogos sobre Educação Integral discute equidade na Educação Integral

Diálogos sobre Educação Integral: live sobre equidade foi realizada no dia 18 de novembro.

Gisele Cristina Biondo Martins é diretora da EMEI Rachel Balista Amatte, na Rede Municipal de Paulínia (SP), que atende a Educação Infantil em tempo integral. Foi docente até 2017 nos municípios de Sumaré e Paulínia, nos quais também atuava em turmas de Educação Infantil. É graduada em Pedagogia e Mestre em Educação pela UNESP de Rio Claro (SP) com pesquisa sobre o tema: “Desafios e Perspectivas da Educação Integral em período integral na educação infantil de Paulínia/SP: a percepção da comunidade escolar”.

Joyce Dias é diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental CEU Perus, na Prefeitura de São Paulo (SP). Foi professora de Língua Inglesa e na EJA – Cursos Noturnos do Colégio Santa Cruz. É escritora, palestrante e doutoranda em LAEL/PUC-SP, cuja pesquisa se debruça na gestão escolar com base em saberes contra-coloniais, em consonância com as ODS, integrando projeto da PUC- SP Combate às desigualdades e objetivos de desenvolvimento. Também é bolsista CNPQ.

O Tempo Integral em Paulínia (SP)

Gisele Martins, diretora da EMEI Rachel Balista Amatte em Paulínia (SP), descreveu a importância da formação continuada para quem atua na área educacional e detalhou seu projeto de mestrado, no qual ela refletiu sobre a própria realidade.

“A pesquisa aproxima a universidade da vida da escola – e isso é muito importante”, destacou. “Parti do princípio que as dúvidas que eu tinha, outros também poderiam ter”, contou.

“A Educação de Tempo Integral já é uma realidade em Paulínia (SP), mas a concepção de Educação Integral ainda é um desafio e algo almejado”, relatou Gisele Martins

“A Educação de Tempo Integral já é uma realidade aqui em Paulínia (SP), mas a concepção de Educação Integral ainda é um desafio e algo almejado”, relatou.

Embora seja de pequeno porte, o município é altamente industrializado e tem a sua economia movida pelo Pólo Petroquímico de Paulínia, fatores que influenciaram na adesão das escolas à jornada integral.

“Ao estudar como se iniciou a oferta de tempo integral, descobrimos que tem tudo a ver com a industrialização do município e com a demanda por mão de obra, que passou a incluir as mulheres, gerando demanda por escolas de tempo integral”, resumiu Gisele.

“O tempo tem uma grande tendência: ele pode ser desperdiçado. E esse é um desafio que estamos enfrentando”, afirmou.

Para Gisele, a equidade pressupõe enxergar as diferenças, reconhecer que elas existem e trabalhar a partir delas.

“Aqui em Paulínia, atendemos as crianças 11 horas por dia. Veja o tamanho do compromisso que nós temos que assumir para que esse tempo não seja só um tempo de cuidados ou só um tempo que apoia a família nas suas necessidades. É importante refletir sobre isso: uma vez que elas estão na escola, elas precisam ser pensadas como centro desse direito”, defendeu Gisele.

“O mais fácil é providenciar uma rotina de cuidados, é simples. O mais complexo é montar uma rotina [na Educação Infantil] que cuide do que não é óbvio. Por exemplo, que cuide de desenvolver questões afetivas”, afirmou.

O Tempo Integral na CEU EMEF Perus

Joyce Dias, diretora da EMEF CEU Perus, em São Paulo (SP), destacou também a importância da Educação para a sua trajetória.

“A Educação faz parte da minha existência. Desde pequena eu dava aula para os meus vizinhos, montava uma lousa e sempre fui muito incentivada pelos meus pais”, relatou, compartilhando que a sua mãe, trabalhadora da Educação, cursou Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“A EJA é um espaço educacional voltado a garantir o Direito à Educação de homens e mulheres que não tiveram essa garantia no tempo considerado certo”, refletiu.

Abordando sua experiência na gestão do CEU EMEF Perus, Joyce explicou que é essencial conhecer o território e a comunidade atendida para efetivar a Educação Integral.

“Em Perus, temos um território de muita luta e resistência, mas também de alta vulnerabilidade social”, destacou a diretora Joyce Dias.

Conceituando equidade como o ato de “olhar para os diferentes e fazer um balanceamento justo para que esses diferentes sejam atendidos em suas especificidades”, Joyce relatou uma situação de falta de água no território, que impactou recentemente o atendimento a alguns estudantes e suas famílias.

“Em Perus, temos um território de muita luta e resistência, mas também de alta vulnerabilidade social. Nesse lugar de gestão, precisamos nesse momento acolher e ter um olhar equânime para essa família e pensar em como auxiliar”, relatou.

Para ela, o almejar a equidade no espaço educacional apoia o acolhimento das diferenças e propicia ao educador meio para viabilizar o acesso de todos à educação pública de qualidade.

Barreiras e caminhos para a equidade na Educação Integral

Perguntada sobre os desafios enfrentados no cotidiano da gestão escolar, Gisele Martins destacou que conscientizar sobre a relevância da Educação Infantil para o desenvolvimento ainda é uma barreira.

“Na gestão, você tem o desafio de engajar equipe e comunidade e estabelecer esse respeito que a Educação Infantil merece”, respondeu.

Para Gisele, é importante também que os educadores ocupem os espaços na Academia e preencham as lacunas de estudos e pesquisas no campo da Educação Infantil. “Se queremos saber mais sobre a escola, vamos ler, escrever e pesquisar sobre ela”, defendeu.

Já Joyce Dias, que é uma mulher negra e do candomblé, destacou o racismo como uma barreira relevante na sua trajetória como diretora escolar.

“Eu passo por situações de racismo mesmo. Já houve uma situação em que respondi a diversas denúncias e uma delas dizia que eu estava fazendo ritual na cozinha para alimentar as crianças. Isso é muito violento e tem relação com esse racismo religioso que existe na sociedade e também na dificuldade das pessoas me reconhecerem no lugar de diretora”, relatou.

“Os estudantes costumam dizer que o CEU [Perus] é um ponto turístico aqui no bairro. Eu estar como diretora da EMEF nesse espaço mexe muito com as pessoas, sobretudo aquelas que são racistas, porque elas não querem me ver nesse lugar”, descreveu.

Diálogos sobre Educação Integral discute PPP participativo

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.