publicado dia 08/03/2023
Dia da Mulher: 10 cientistas, ativistas e pensadoras negras e indígenas para apresentar à turma
Reportagem: Da Redação
publicado dia 08/03/2023
Reportagem: Da Redação
As escolas cumprem um papel fundamental de ampliação do repertório das e dos estudantes ao longo da Educação Básica. Parte desse trabalho envolve tratar de questões como a desigualdade entre homens e mulheres e a falta de representatividade delas, inclusive nos livros didáticos e nos temas abordados em sala de aula. Assim, apresentar ou reforçar para as turmas que os lugares de prestígio também são ocupados por pensadoras negras e indígenas brilhantes, é essencial.
Contar para os estudantes as histórias e feitos alcançados por essas mulheres é uma forma de mostrar às meninas negras e indígenas que elas podem sonhar diferentes futuros para si e reafirmar que elas também são potentes criadoras. Para os meninos, sobretudo brancos, há o ganho de aprender a valorizar o outro, aquele que é diferente de si mesmo.
Para ajudar educadores(as) nesta tarefa, o Centro de Referências em Educação Integral listou algumas das mulheres negras e indígenas que são expoentes nas Ciências e na luta por direitos e justiça social.
Cientista brasileira, foi uma das líderes do sequenciamento do genoma do vírus responsável pela pandemia global de Covid-19. Nascida em Salvador (BA), Jaqueline é formada em Biomedicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutora em Patologia Humana e Experimental pela UFBA e, atualmente, desenvolve pesquisas em nível de pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (IMT/USP).
Ela também integra o Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Brazil-UK Centre for Arbovirus Discovery, Diagnosis, Genomics and Epidemiology).
Jaqueline liderou a equipe brasileira que sequenciou o genoma do SARS-CoV-2, trabalho que foi fundamental para entender a evolução do vírus e ajudar a desenvolver vacinas eficazes contra a Covid-19.
Em 1992, foi a primeira mulher negra a viajar ao espaço, a bordo do ônibus espacial Endeavour. Durante os oito dias em que esteve no espaço, a norte-americana conduziu experimentos sobre falta de peso e enjoo de movimento.
Além de astronauta, é médica, engenheira e dançarina, e coreografou e produziu vários shows de jazz moderno e dança africana. Como médica, trabalhou na Tailândia, em um campo de refugiados do Camboja, e fez parte dos Flying Doctors [Médicos voadores], no leste da África. Também juntou-se aos Peace Corps e foi responsável pela saúde dos voluntários da organização na Libéria e Serra Leoa.
Após sua carreira como astronauta, fundou a Jemison Group, uma empresa de consultoria em tecnologia que desenvolveu o ALAFIYA, um sistema de telecomunicações por satélite. Seu propósito era melhorar os cuidados médicos nos países em desenvolvimento.
Primeira negra brasileira doutora em Física pela University of Manchester Institute of Science and Technology, Sonia compõe, há 24 anos, o corpo docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), sendo também a primeira mulher negra a lecionar na instituição.
Hoje, é especialista em Propriedades Eletróticas de Ligas Semicondutoras Crescidas Epitaxialmente, campo que possibilita o desenvolvimento de tecnologia para celulares. Além disso, é uma das maiores defensoras da presença de mulheres nas ciências exatas e tem promovido palestras com estudantes da Educação Básica para estimular que eles, sobretudo as meninas negras, ocupem o lugar que desejam na sociedade.
Filósofa, acadêmica e ativista pelos direitos civis da população negra e das mulheres, fez parte dos Panteras Negras. Angela nasceu em 1944 no Alabama, Estados Unidos, em meio à política de segregação racial implantada na maioria dos estados do sul do país.
Em 1970, foi acusada de envolvimento em um sequestro e assassinato e passou 18 meses na prisão antes de ser absolvida de todas as acusações. Ela é professora emérita de estudos feministas e estudos étnicos na Universidade da Califórnia. Escreveu e publicou vários artigos e livros, militou pelo fim da Guerra do Vietnã e ainda luta pelo fim do encarceramento em massa.
Uma das ativistas indígenas mais renomadas, a peruana Tarcila é fundadora do Centro de Culturas Indígenas do Peru (Chirapaq) e líder do movimento de mulheres indígenas das Américas.
Por meio do Chirapaq, elabora propostas e defende políticas nacionais e mundiais para afirmar sua identidade cultural e desfrutar do pleno exercício dos direitos individuais e coletivos indígenas. Parte das ações da organização também envolve garantir que as mulheres indígenas possam lidar com a mudança climática de forma sustentável, por exemplo, usando inseticidas orgânicos, fertilizantes naturais e sementes resilientes.
Empreendedora e ativista tecnológica queniana, é fundadora da Ushahidi, empresa sem fins lucrativos que desenvolveu um software de código aberto para usar geolocalização, telefone celular e dados de relatórios da web para fornecer relatórios e informações sobre crises. Ele foi colocado em uso pela primeira vez durante a crise da eleição presidencial queniana de 2007/2008. Desde então tem sido usado no Chile, Japão, Nova Zelândia, Austrália, Paquistão, Tanzânia e Haiti.
Ela também co-fundou a BRCK Inc., que produz um modem operado por bateria que pode funcionar por oito horas sem eletricidade. A tecnologia ajuda a resolver a falta de acesso à internet devido aos apagões em Nairóbi.
Mulher originária do povo Puri da Serra da Mantiqueira, é historiadora, escritora e ilustradora. Doutora em História Cultural pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), atua na pesquisa sobre a cultura indígena.
Ela idealizou a Pachamama Editora. Formada por mulheres indígenas, ela visa valorizar e preservar as línguas dos povos originários, bem como divulgar suas culturas a partir da história oral, principalmente, de mulheres e anciãs.
De etnia Guarani Nhandewa, foi uma das primeiras indígenas a se formar como médica no Brasil. Miriam, que em Guarani quer dizer “mulher que cura”, atende nove aldeias no interior de São Paulo (SP), e percorre mais de 100 quilômetros em áreas de difícil acesso todos os dias.
Durante a pandemia, atendeu cerca de 550 indígenas e coordenou uma equipe de médicos, enfermeiros, técnicos e dentistas na prevenção da Covid-19 em aldeias. Além disso, promove o tratamento medicinal convencional respeitando a medicina tradicional e os ritos de cada povo.
Se hoje podemos fazer chamadas de vídeo pela internet, por meio de plataformas como Zoom, Google Meet e WhatsApp, sem a necessidade de uma linha telefônica, como é o caso do Skype, é por causa de Marian. Ela é a inventora da tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), que permite tal funcionalidade.
Marian é reconhecida como uma das mulheres que mais impactaram o mercado da tecnologia. Em 2022, ela foi introduzida ao Hall da Fama dos Inventores Nacionais dos Estados Unidos, a segunda mulher negra a atingir tamanha honraria, logo após Patricia Bath. Hoje é vice-presidente de engenharia do Google.
Patricia Bath (1942-2019)
Oftalmologista e inventora norte-americana, ela se tornou a primeira mulher negra a completar um programa de residência em oftalmologia no Hospital Monte Sinai, nos Estados Unidos.
Em 1981, ela inventou um dispositivo a laser para a cirurgia de catarata, chamado “Laserphaco Probe”, que é uma abreviação para cirurgia de catarata fotossensível a laser. A invenção permitiu aos cirurgiões remover a catarata com mais precisão e rapidez. Patricia também é uma defensora dos direitos das mulheres e das minorias étnicas na ciência e na medicina.