publicado dia 01/10/2015
Aprendiz completa 18 anos e reivindica os direitos das crianças e adolescentes
Reportagem: Da Redação
publicado dia 01/10/2015
Reportagem: Da Redação
Em 2015, os 18 anos da Cidade Escola Aprendiz se encontram com uma importante conquista da agenda dos direitos humanos, os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), completados em julho. A aproximação dos marcos foi o fio condutor do evento comemorativo realizado nesta quinta-feira (30/09) na EMEF Desembargador Amorim Lima, no Butantã, em São Paulo.
Com a proposta de promover um debate acerca do tema “Os 25 anos do ECA: Diálogos entre cidades e educação”, o evento reuniu especialistas de direitos humanos e educação, e representantes comunitários que incidem sobre uma perspectiva educacional equânime, inovadora, inclusiva e democrática.
A noite teve início com com uma apresentação de maracatu do grupo Baque Livre, dos alunos da EMEF Desembargador Amorim Lima, seguida da primeira mesa que se pautou pelo tema “Escolas e territórios em rede: olhares sobre os direitos de crianças e jovens na cidade hoje”; mediado por Natacha Costa, diretora da Cidade Escola Aprendiz.
Para Natacha, um dos principais desafios do Brasil é tornar as cidades mais educadoras com uma maior articulação entre seus potenciais educativos. “Temos o entendimento de que as cidades podem e devem se constituir como espaços mais educadores e comprometidos com o bem-viver com a ideia de que esse compromisso que deve prevalecer”.
O momento contou com as vozes do advogado Ariel de Castro Alves, fundador da Comissão Especial da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB, de Agda Sardenberg,Coordenadora Executiva de Programas da Cidade Escola Aprendiz, do DJ Bola da A Banca – Produtora Cultural Social e do Vinicius Cordeiro, representante do ÉNois|Inteligência Jovem.
Ariel afirmou que vivemos em um momento de retrocessos políticos e educacionais. O advogado criticou o aumento do número de escolas militarizadas e defendeu que o Brasil deveria estar no caminho contrário em termos educacionais. “A grande vertente doSistema de Garantia de Direitos é a intersetorialidade e é assim que garantimos a sua eficiência. A escola precisa conhecer suas bases, suas políticas, a constituição de 1988 para dialogar com o território rompendo as barreiras do isolamento”, afirmou.
O DJ Bola iniciou sua fala apresentando o rap “A meta é evoluir”, do rapper Diel, e relatou seus momentos na escola dizendo que o jovem “que botava o terror na escola, o jovem que foi expulso, de quem os professores tinha medo e que fazia rap” era ele. “Somos do [Jardim] Ângela, e a escola não nos queria dentro dela, não queria diálogo com a gente. Tivemos de usar conexões da rua para nos fortalecer e voltar para a escola com uma proposta que fosse aceita”, afirmou.
O evento contou com o lançamento da publicação e do vídeo Escolas em Rede: Experiências de Articulação e Fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, apresentados por Agda Sardenberg. Segundo a coordenadora, é essencial articular uma rede que envolva as escolas e os aparelhos públicos que cercam a instituição escolar. “Nossa pesquisa mostrou que a maioria das escolas não se reconhece como parte de uma de rede e é preciso articular esse movimento em um esforço de co-responsabilização buscando parcerias que possam melhorar as oportunidades”, afirmou.
Após essa discussão, foi estabelecida uma segunda mesa de debates sobre os caminhos para a emancipação, a criatividade e a inovação, composta por Tião Rocha do Centro Popular de Cultura de Desenvolvimento, por André Gravatá do Movimento Entusiasmo e mediada por Eda Luis, do Cieja Campo Limpo.
“As crianças gostam de aprender, elas não gostam é de estudar, mas isso é porque nós, adultos, tornamos isso uma tarefa muito chata” defende Tião, explicando que o modelo educacional não é interessante para os estudantes e que por isso é necessário reinventá-lo para torná-lo mais atraente.
“A inquietação das pessoas diz dos percursos de cada uma delas, e que tem como fundo a educação. Foi assim que consegui ressignificar o termo e entender que educação acontece para além dos espaços escolares”, afirmou.
Durante a noite foi entregue o Prêmio Educador Inventor para Tião Rocha, André Gravatá e Ariel de Castro Alves. Outras duas homenagens muito importantes coroaram o evento de celebração da Cidade Escola Aprendiz. Solange Ribeiro e Otho Garbers, que fazem parte da organização há quase 18 anos, foram reverenciados por Natacha Costa e Gilberto Dimenstein pela longa parceria e dedicação.
Veja fotos do evento no canal da Cidade Escola Aprendiz no Instagram: @cidadeescolaaprendiz