publicado dia 05/06/2014
As 200 Crianças do Dr. Korczack: filme aborda a pedagogia da autogestão social
Reportagem: Ana Luiza Basílio
publicado dia 05/06/2014
Reportagem: Ana Luiza Basílio
O polonês Henryk Goldszmit, conhecido pelo pseudônimo Janusz Korczak, não teve um encontro feliz com a educação. Aos sete anos de idade foi enviado a uma escola e conheceu de perto a educação punitiva, comandada por professores rudes. Puxões de orelha e castigos com réguas e palmatórias foram algumas das agressões pelas quais teve que passar.
A vivência negativa, no entanto, foi decisiva para despertar em Korczak uma consciência sobre a infância e o respeito às suas necessidades e vontades. E isso se manifestou em uma de suas primeiras escolhas: a medicina. Era constante a preocupação com o segmento infantil. Logo, se tornou diretor de um orfanato, o Dom Sierot, em um trabalho voluntário junto às crianças vitimadas por confrontos bélicos.
Mas foi depois do fim da Primeira Guerra que o médico e educador construiu um orfanato, o Nasz Dom – Nosso Lar -, em Varsóvia, e ali forneceu abrigo a 200 crianças judias, em grande maioria, órfãs, desamparadas e desrespeitadas pela tirania do ambiente de guerra. O acolhimento de Korczak se traduziu em um regime de autogestão social, que se baseava na liberdade e no resgate da auto estima daquelas crianças.
Lançado em 1990, o filme retoma exatamente a luta do educador para promover uma vida mais digna às crianças . O enredo se passa no orfanato que ficou conhecido como República das Crianças, e evidencia os princípios de sua pedagogia, pautada no amor, consideração, cooperação coletiva e entendimento, sustentados pela gestão democrática.
Para a pedagoga Consuelo Gregori Zuneda, a obra é imprescindível aos educadores por evidenciar uma pedagogia diferenciada que, sobretudo, preconiza voz às crianças. Korczak criticava a escola tradicional, por julgar que elas eram tratadas como adultos pequenos, sem que houvesse uma intenção pedagógica para as especificidades dessa fase. Suas práticas traduziam uma educação não repressiva, acolhedora da curiosidade infantil.