Participação, diálogo e engajamento. Estes são pontos chave para definir a ideia de Comunicação para o Desenvolvimento e fundamentais em processos e programas educativos que almejam o desenvolvimento integral das pessoas.
O Congresso Mundial de Comunicação para o Desenvolvimento, organizado em 2006 pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) definiu que o conceito diz de um processo social que lança mão de diferentes ferramentas e métodos de comunicação com vistas à transformação social em diferentes níveis, que inclui escuta, construção de laços de confiança, compartilhamento de aprendizagens e saberes, construção de políticas e debate e aprendizagem para um processo sustentável e efetivo de mudança.
Na educação integral, a Comunicação para o Desenvolvimento se apresenta como um conjunto de estratégias para engajar comunidades no acesso e promoção do direito à educação de qualidade e na convocação para o envolvimento de todos em uma proposta que necessariamente é construída em diálogo e colaboração da sociedade.
Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a comunicação para o desenvolvimento propõe ações de engajamento de adultos, jovens e crianças que dialogam sobre suas realidades e constroem mudanças para os problemas e questões sociais e coletivas que encontram. Ou seja, a comunicação para o desenvolvimento só existe como processo dialógico, construído de forma colaborativa e a partir da realidade dos envolvidos.
Eixos da comunicação para o desenvolvimento
O Unicef compreende a Comunicação para o Desenvolvimento a partir de três eixos de ação, que, idealmente, devem estar presentes e serem complementares em ações que almejam a transformação social:
– Advocacy: Uso das ferramentas de comunicação para organizar e comunicar dados, buscando influenciar diretamente a construção ou revisão de políticas públicas. Por exemplo, o apoio ao legislativo de um município para desenvolver lei sobre extensão da jornada escolar, oferecendo educação em tempo integral para todas as crianças do município.
– Comunicação para mobilização social: Uso das ferramentas de comunicação por uma ampla gama de parceiros aliados a uma mesma causa a fim de aumentar a conscientização sobre determinado tema e/ou construir caminhos para resolução de uma determinada questão. O processo necessariamente acontece de forma dialógica e pressupõe o envolvimento de diferentes agentes – instituições , redes comunitárias, grupos cívicos e religiosos – para trabalharem de forma integrada para atingir grupos específicos de pessoas com mensagens planejadas. Em outras palavras , a comunicação para a mobilização social pretende facilitar a mudança através de uma série de envolvidos em esforços inter-relacionados e complementares. Como exemplo, um grupo de uma secretaria municipal de educação que convoca diretores, coordenadores pedagógicos e professores para comunicar aos familiares dos estudantes a importância da educação integral no município.
– Comunicação para mudanças de comportamentos: Por fim, esta diz da utilização das ferramentas da comunicação para mudar ações ou padrões que prejudiquem o desenvolvimento de determinadas comunidades ou grupo de pessoas, a partir de pesquisas, estudos de dados e diálogos estabelecidos com diferentes grupos sociais, em especial, com aqueles que serão foco do processo de mudança. Por exemplo, campanhas para que pais e cantineiras mudem a oferta alimentar em suas casas e escolas, priorizando os mais saudáveis, em uma região com muitas crianças acima do peso ou com problemas gerados por má-alimentação.