Projeto Escola Vida fomenta autonomia e liderança de alunos de escolas públicas de SP
Publicado dia 25/03/2014
Publicado dia 25/03/2014
Iniciativa: Projeto Escola Vida
Descrição: Fomentar a reflexão e o autoconhecimento dos estudantes de escolas públicas. Esta é a proposta do projeto Escola Vida, desenvolvida em quatro escolas da capital paulista.
Tudo começou quando a Fundação ACL, que desde 1987 realiza formações de desenvolvimento para lideranças com foco empresarial, resolveu ampliar seu público, fazendo com que todas as aulas se tornassem gratuitas em 2011. Com a abertura dos cursos, a coordenação percebeu que um dos espaços mais importantes para desenvolver a autorrealização, comunicação e liderança (sigla e conceitos defendidos na Fundação ACL) na sociedade era a escola, já que os articuladores de amanhã são as crianças e adolescentes.
Assim, no ano de 1999, a fundação ganhou um novo braço, o Projeto Escola Vida, que teve início na Escola Estadual Heloísa Carneiro, na zona sul de São Paulo. Lá, estudantes e ex-estudantes da ACL se transformaram em professores voluntários, que traziam aos alunos da escola uma nova forma de aula, sem obrigação ou avaliações, e que tinha como objetivo fazer com que os estudantes refletissem sobre suas próprias vidas.
A abertura das escolas ao projeto se deu por meio de diretores ou professores que já conheciam o trabalho desenvolvido pela ACL. Hoje, o projeto já está em quatro escolas públicas da cidade, três estaduais e uma municipal. Na E.E. Eleonor Quadros, no Jd. Miriam, na E.E. Pérola Byngton, próximo ao Jabaquara, E.E. Helena Lemmi, na Praça da Árvore e no Embu das Artes, com a E.E. Iracema Bello Oricchio. Além disso, integra a grade curricular de uma escola municipal da Vila Sabrina, na zona norte (veja mais abaixo).
Oferecidas aos estudantes do 5º ao 9º anos e aos adolescentes da primeira e segunda série do ensino médio, os conteúdos variam de acordo com a idade. Aos menores, do 5º e 6º ano, os educadores desenvolvem reflexões a partir de contos e fábulas, que são narradas por eles próprios durante os encontros e discutidas no coletivo. Nesses momentos, os participantes são estimulados a perguntar e questionar o porquê das narrativas, enquanto o educador os conduz a aplicar o conteúdo da história em suas próprias vivências.
Para os mais velhos, do 7º ano, o conteúdo já é mais aprimorado [ o mesmo utilizado em formações destinadas a adultos, mas de forma mais simples] e dividido em três módulos: o primeiro é “Integração do Ambiente Social”, seguido de “Vencedores ou Não vencedores e Perdedores” e por último um que trata do tema “Ansiedade”.
Em ambos os casos, a participação não é obrigatória e as atividades acontecem aos sábados, utilizando o espaço da unidade escolar. Além disso, os estudantes participam de jogos educativos, com foco cooperativo, e visitas a diferentes espaços culturais da cidade, que possam complementar o que foi discutido e temas comuns aos projetos individuais dos jovens.
Primeiro dos cursos, a formação traz os conceitos de desenvolvimento humano, quais são os tipos de recursos utilizados para ampliar a autoconfiança das pessoas e quais são os elementos que geram agressividade interna, entre outros. Mesmo trazendo temas diferentes do que se vê na escola tradicional, a formação não têm a intenção de condicionar formas do estudante estar no mundo, mas sim fortalecer o crescimento do indivíduo e o entendimento de sua autenticidade.
Para os formadores, é partir do resgate da autoestima do estudante e do amadurecimento das suas relações com o outro é que se pode convidá-lo ao exercício da cidadania. Antes de intervir no espaço e no coletivo, ele precisa se compreender e elaborar projetos de vida individuais, que façam sentido para o que deseja e não para o que a sociedade determina como sucesso ou vitória.
Nesse módulo, são discutidos conceitos de liderança, questões relacionadas à sociedade de consumo, assim como os variados tipos de caráter (introvertido e extrovertido) e como os estudantes podem aproveitar suas características para o relacionamento em sociedade. A ideia é estimular que o estudante perceba e valorize suas aptidões, mas que objetive em projetos e processos autônomos de aprendizagem novas possibilidades de desenvolvimento.
Após passar pelos dois primeiros cursos, o estudante pode realizar os estudos sobre ansiedade, já que alguns conceitos tratados a fundo nesse módulo, como a mente reativa e mente analítica, devem estar explanados. Nessa etapa, os participantes trabalham, basicamente, como a ansiedade e a hostilidade aparecem na sociedade. O tema é praticado, pois os professores acreditam que ao entender a ansiedade, os participantes diminuem também a necessidade de lidar com as adversidades do cotidiano de forma agressiva. O curso foca muito na questão da afetividade e conquista da autoestima.
Baseado em uma metodologia biopsicosocial, a formação busca estimular que os estudantes se percebam enquanto agentes de suas próprias vidas e fundamentais peças no coletivo, reconheçam o Outro e as suas diferenças, valorizando o que os demais apresentam à sociedade e, por fim, a partir da compreensão de si e do outro, possam incidir positivamente em suas comunidades.
Início e duração: 1999 aos dias atuais.
Local: escolas da rede pública das zonas sul e norte de SP e em Embu das Artes.
Responsáveis: Fundação ACL (Auto-realização, Comunicação e Liderança)
Envolvidos e parceiros: escolas públicas.
Financiamento: Doações e colaboradores voluntários.
Não há avaliações teóricas sobre conteúdo, mas em todas as aulas os professores voluntários entregam uma folha pedindo que o aluno escreva ou desenhe nela as principais impressões e reflexões que teve sobre a aula. Como o projeto acontece há 13 anos, alguns ex-estudantes mandam e-mails contando sobre como o projeto agiu em suas vidas. A partir das aulas, diversas crianças foram convidadas a entender o contexto no qual viviam e, assim, mudar a postura em relação a alguns temas, como a agressividade que manifestavam no ambiente escolar.
No primeiro semestre de 2014, o projeto ganhou maiores proporções, ocupando também a grade escolar de uma escola da rede municipal situada na zona norte de SP. Diferente das outras unidades escolares, nesta escola o projeto acontece às quintas-feiras, como parte integrante das disciplinas, trazido pela própria diretora, que conseguiu autorização com a Diretoria Regional de Educação para a realização das atividades. O curso é baseado naquele desenvolvido às crianças do 5º ao 6º anos, no qual o objeto de estudo são fábulas e contos, que, além de incentivar a leitura, desenvolve nos alunos a compreensão de temas que os envolve, como preconceito no ambiente escolar. A diferença para as demais disciplinas é que a matéria não exige avaliação.
Contatos
Site: Projeto Escola Vida
Facebook: Fundação ACL
Twitter: @ACLFundacao
Telefone: (11) 5549-3880
E-mail: [email protected]