Publicado dia 15/05/2025

Kabengele Munanga

🗒 Resumo: Você conhece Kabengele Munanga? Primeiro antropólogo da República Democrática do Congo, primeiro professor negro da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e o pioneiro na derrubada do mito da democracia racial no Brasil. Conheça a trajetória e a defesa dos três pilares para derrubar o racismo estrutural: as leis, a Educação e as ações afirmativas.

Em 1940 nasceu Kabengele Munanga, em Bakwa Kalonji, no antigo Zaire, então colônia Belga e atualmente República Democrática do Congo. Em 1969, graduou-se em antropologia social e cultural pela Universidade Oficial do Congo, tornando-se o primeiro antropólogo de seu país.

Munanga chega ao Brasil em 1975 a convite da Universidade de São Paulo (USP). Cinco anos depois, tornou-se o primeiro professor negro da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde lecionou até sua aposentadoria em 2012.

Ao longo de sua trajetória, produziu mais de 150 trabalhos, entre livros, pesquisas e artigos. Debruçou-se sobre os estudos da Antropologia na África, racismo e mito da democracia racial, identidade negra, Educação e relações étnico-raciais e políticas antirracistas.

O professor é reconhecido como um dos primeiros intelectuais a apontar o mito da democracia racial que pairava pelo Brasil quando chegou ao país e defende três frentes para combater o racismo.

A primeira delas é a formulação de leis que façam frente ao mito da democracia racial, para fazer a sociedade reconhecer, assumir e enfrentar o problema de forma obrigatória. Essas leis, contudo, devem vir acompanhadas de um rigoroso monitoramento para que de fato sejam implementadas.

A segunda frente de luta que propõe é uma Educação antirracista e que valorize as diversidades. Munanga realizou conferências de conscientização e sensibilização dos educadores sobre a importância da Lei 10.639 logo após sua promulgação em 2003, e defendeu que os professores fossem formados adequadamente para terem condições de implementar a lei.

Além disso, também propôs a produção de materiais didáticos e livros na perspectiva da lei, para substituir as narrativas preconceituosas contra os povos negros, afro-brasileiros e indígenas.

Por fim, defende políticas afirmativas e inclusivas, como a Lei de Cotas, que podem colocar o antirracismo em prática, contribuir com redução das consequências de 400 anos de escravização no Brasil e promover a inclusão social dos negros na sociedade, que mesmo após a abolição da escravatura continuou a criar leis e mecanismos de segregação racial.

*Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Saiba mais

Coletânea Superando o Racismo na Escola (Ministério da Educação, 1999). A obra traz sugestões de práticas pedagógicas para valorizar a diversidade racial e desconstruir estereótipos sobre a população negra.

Livro O Negro no Brasil de Hoje (Global Editora, 2006). Escrito junto a Nilma Lino Gomes, a obra resgata a história apagada dos povos africanos que ajudaram a construir o Brasil.

Livro Negritudes: Diálogos com o Pensamento de Kabengele Munanga (Editora Autêntica, 2022). A publicação reúne textos em homenagem ao legado do professor em defesa dos direitos humanos.

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.