Na perspectiva de uma Educação Integral, a organização do ensino precisa se orientar pelos seguintes critérios para garantir direitos de aprendizagem e desenvolvimento a todos e cada um:
- Relevância dos conhecimentos: a seleção, organização e desenho do que precisa ser ensinado ajuda a construir uma visão ampla e crítica da realidade?
- Experimentação & investigação: as propostas de estudo permitem aos estudantes assumirem um papel ativo e crítico, construindo assim conhecimentos?
- Ritmos de aprendizagem, heterogeneidade & personalização: está garantida atenção à diversidade dos estudantes, permitindo a interação entre os diferentes e garantindo aprendizagens para todos e para cada um?
- Aprendizagem colaborativa: faz-se a gestão das aprendizagens de forma colaborativa, como preconiza a perspectiva de desenvolvimento de competências gerais?
- Avaliação formativa e avaliação como aprendizagem: há coerência entre ensino, aprendizagem e avaliação? A avaliação é um pensamento ativo e formativo desde o início do processo de ensino e aprendizagem? Como se dão os processos de planejamento? Como a avaliação documenta e torna visível a aprendizagem dos estudantes para eles mesmos e para o professor ter critérios de julgamento de seus desempenhos e rendimento?
Ao discutir tais critérios a rede estará construindo um debate institucional que possibilitará a tomada de decisões a respeito da pertinência e da adequação dos seguintes aspectos da organização do currículo:
- Organização dos componentes curriculares: disciplinar, eixos temáticos (interdisciplinar), núcleos (grandes questões ou temas para as quais as áreas se voltam), dentre outros;
- Atuação docente: por disciplina, dupla docência, tutoria, mentoria, dentre outros;
- Agrupamento dos estudantes: séries anuais (idade), nucleação (idade e interesses), alternância regular de períodos de estudo ou outro critério;
- Material didático: escolha de materiais coerentes com a abordagem da Educação Integral; possibilidade de elaboração de materiais contextualizados, com participação dos profissionais da rede de ensino e do município (organizações culturais por exemplo);
- Formas e materiais de avaliação: expectativas da avaliação alinhadas com a visão de Educação Integral.
Na LDB, o conceito de “matriz” emerge como modelo orientador da organização curricular em contraposição à ideia de “grade curricular”, a qual corresponde a compartimentação do conhecimento nas áreas disciplinares e frequente isolamento do trabalho dos professores.
O modelo da “grade curricular”, no entanto, é comumente naturalizado, visto quase como o modo universal de organização escolar. A esta inércia soma-se a precarização do trabalho dos professores, que dificulta sua permanência em uma única escola e a formação de coletivos docentes que possam, ao pensar juntos, reconhecer-se e produzir mudanças e aprimoramentos institucionais.
A grande oportunidade de um processo de reelaboração do currículo está, contudo, na capacidade de desnaturalizar as experiências escolares, o que se faz analisando a própria história, imaginando cenários alternativos, dando lugar ao desejo e ao que emerge como possibilidade, ao que pode ser aprimorado ou transformado. O que significa que é preciso pensar na articulação dos elementos que compõem a estrutura curricular. Para dar sentido aos diferentes elementos envolvidos em uma matriz curricular, passaremos a nos referir a duas dimensões de seu planejamento:
Uma dimensão de gestão do currículo em que são definidos pilares da estrutura curricular: os tempos, espaços, agrupamentos, atuação e formas de articulação entre os professores.
E outra voltada mais propriamente para a didática, que chamaremos de gestão da aprendizagem.
Currículo
Para continuar a leitura, baixe o capítulo Gestão Curricular e das Aprendizagens completo. Nele você encontra os seguintes conteúdos:
- Como institucionalizar o debate sobre matriz e práticas de gestão curricular e práticas didáticas nas redes
- Práticas didáticas na Educação Integral
- A composição da matriz curricular
- Elementos para a reflexão sobre a gestão das aprendizagens