Fundada pela educadora Emilia Ferreiro nos anos 90, a Rede Latino-Americana de Alfabetização (Red) será relançada em 5 de maio, data em que a pesquisadora argentina e homenageada completa 86 anos.

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O objetivo desta retomada é ampliar e atualizar as reflexões e trocas sobre os desafios da alfabetização na América Latina, bem como fortalecer o compromisso político em torno do tema. O evento também vai homenagear pesquisadora brasileira Telma Weisz e apresentar a primeira diretoria da Associação.

O encontro é gratuito e online, com início às 19h do horário de Brasília, e contará com tradução em Libras e na Língua de Sinais Argentina. Para participar, basta inscrever-se no site da Rede Latino-Americana de Alfabetização.

Para o debate, estão convidados, Alexsandro Santos, diretor de políticas e diretrizes da Educação Básica no MEC; Cybele Amado, diretora nacional de formação do MEC; Roberto Sidnei Macedo, diretor da FACED da Universidade Federal da Bahia; Zuleica Mara Brandão dos Santos, professora na Escola Municipal de Educação Infantil Kimimo Boa Vista, Chapada Diamantina, Bahia; e Délia Lerner, especialista em didática e renomada pesquisadora argentina.

A proposta da retomada

A Rede surge em 1987, quando Emilia Ferreiro reuniu educadores de diferentes países da América Latina que acreditavam no direito dos estudantes de serem ouvidos e respeitados como sujeitos capazes de aprender.

“Esse foi o embrião de um movimento que renasce agora com o mesmo propósito e que acumula as contribuições teóricas dos últimos 36 anos, produzidas a partir do marco psicogenético”, explica Giovana Zen, professora da Universidade Federal da Bahia, com pós-doutorado em Alfabetização, orientado por Emilia Ferreiro.

A iniciativa vem sendo articulada por um grupo de educadoras que desde 2019 trabalham voluntariamente pelo resgate da Rede Latino-americana de Alfabetização e sua constituição enquanto Associação. Desde sua divulgação, o grupo tem recebido apoio de educadores de diversas partes da América Latina e de instituições públicas, privadas e do terceiro setor. A Rede logo passará a admitir associados.

“Apenas de forma coletiva é possível avançar na resolução dos complexos problemas políticos, sociais e educacionais que desafiam nossa região. Foi assim que pensamos quando a Rede foi iniciada na década de 90. Mantivemos essa visão ao longo de nossas trajetórias e espaços de trabalho, e é por isso que celebramos essa nova iniciativa das colegas brasileiras, que já está se enraizando em outros países de nossa pátria latino-americana.”, diz Mirta Castedo, professora emérita e pesquisadora da Universidad Nacional de La Plata, na Argentina, e Coordenadora no Ministério Nacional da Educação Argentina.

Passados 30 anos da sua fundação, a Rede ressurge unindo a geração de Emilia Ferreiro, Telma Weisz e Delia Lerner com professores e pesquisadores mais jovens. Desde o anúncio do relançamento, já são mais de 6 mil educadoras inscritos para acompanhar o evento de relançamento.

“Temos muitas pesquisas e experiências de excelência que nos ensinam sobre o processo de aprendizagem à luz dos estudos de Emilia Ferreiro, Ana Teberosky, Delia Lerner, Telma Weisz e tantas outras mestras. Temos que seguir investigando nossas práticas, refletindo sobre elas e compartilhando os caminhos para uma alfabetização para todos. Sabemos do custo humano, social, político e econômico de não assegurar esse direito”, afirma Patrícia Diaz, diretora executiva da Comunidade Educativa CEDAC, uma das organizações envolvidas no relançamento da Red.

Os propósitos da Rede são:

• Lutar pelo direito das crianças, jovens e adultos de serem escutados e respeitados em seus processos de apropriação das culturas do escrito;
• Compartilhar e ampliar as discussões acerca dos aspectos psicolinguísticos, sócio-históricos e didáticos que ancoram a perspectiva construtivista psicogenética;
• Fomentar o intercâmbio entre pesquisadores, professores, formadores e gestores da Educação Básica e do Ensino Superior na América Latina.