Na Bahia, Cipó forma crianças e jovens para utilizar comunicação como estratégia de mobilização

Publicado dia 27/11/2013

Iniciativa: Cipó

Pública ou privada: 3º setor

A década de 1990 foi marcada pelo boom da internet. Nesse período, o número de computadores pessoais (os PCs) cresceu substancialmente, alcançando empresas, lares e as escolas, que passaram a enfrentar o desafio de criar percursos pedagógicos que dialogassem com os ambientes tecnológicos.

Nesse período, começaram a surgir diversos estudos descrevendo os pontos positivos e negativos do uso da internet em sala de aula. Alguns pintavam a nova ferramenta de forma apocalíptica – que corromperia os processos de ensino e aprendizagem, enquanto outros começavam a pensar formas de utilizar as tecnologias da comunicação e informação (TICs) com propósitos educativos.

Pelourinho Digital/ Créditos: Divulgação

Pelourinho Digital/ Créditos: Divulgação

Com o intuito de discutir a comunicação em uma perspectiva educacional, que nasceu a Cipó, organização não-governamental situada em Salvador, que, desde 1999, atua na cidade e arredores realizando projetos de comunicação voltados  às crianças e jovens das regiões periféricas do município.

O grande objetivo é mostrar a esse público como a comunicação pode ser uma aliada nos processos de mobilização, reconhecimento e desenvolvimento local. Os projetos vão desde criação de agências comunitárias de comunicação à formação de jovens para produção de curtas metragens para festivais.

Além do público infanto-juvenil, as ações da Cipó também são desenvolvidas junto a professores, famílias, jornalistas, poder público e comunidade no geral, sensibilizando-os a entender que a comunicação é um direito humano e seu acesso pode garantir o reconhecimento social e cultural de grupos e indivíduos.

Como funciona e metodologias criadas 

Para desenvolver seus projetos, a Cipó realiza planejamentos anuais, após a avaliação de um Conselho Diretivo e Fiscal da instituição, eleito por meio de uma assembleia geral. A organização é dividida em quatro núcleos, separados pelas funções de disseminação, incidência política, formação e desenvolvimento institucional.

O núcleo de disseminação sistematiza os conhecimentos da organização e desenvolve os materiais didáticos produzidos e tem como função difundir essas metodologias a outros lugares, por meio de formação educativa para utilização das variadas ferramentas, como, por exemplo, trabalhar conteúdos curriculares a partir de produção de peças de comunicação.

A Educação pela comunicação

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Créditos: Fotolia

Um dos motes do trabalho desenvolvido pela Cipó é mostrar que a educação se dá por meio da comunicação e vice-versa, em um processo dialógico. Para a organização, comunicação e educação se unem em movimentos cíclicos: quando educandos produzem conteúdos de comunicação, isso pode gerar novos processos de educação e mobilização social, o que gera outros conteúdos de comunicação e, assim, sucessivamente.

Já o núcleo de incidência política atua junto ao poder público, a partir do monitoramento e análise de políticas públicas focadas no direito à comunicação e à educação, em articulação de parcerias entre as secretarias.

Metodologia Sou de atitude– Utiliza as ferramentas comunicacionais para capacitar e fomentar a participação política de crianças e adolescentes nos processos de decisão, mobilização e monitoramento de políticas públicas que interessam à comunidade onde esses jovens estão inseridos.

Além disso, analisa os produtos midiáticos da região, discutindo junto à imprensa formas mais qualificadas de realizar a cobertura do setor educacional e de infância e juventude.

Metodologia Escola Interativa – Essa metodologia tem como objetivo utilizar as tecnologias da informação (TICs) nos processos de aprendizagem, capacitando gestores e professores e promovendo maior articulação entre escola e comunidade.

A Cipó também atua em variadas redes, conselhos, fóruns, discutindo, mobilizando e articulando novas ações a partir de suas áreas de atuação. Auxilia a produção de planos de comunicação para movimentos sociais, apoiando a implementação de centros comunitários de mídia, por meio da capacitação de jovens pra atuar como comunicadores [produtores], educomunicadores ou mobilizadores em seus locais de origem, estimulando a expressão cultural da juventude.

Comunicação para a garantia de direitos – Uma parceria entre a Cipó e a rede Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), a metodologia tem como foco a qualificação da cobertura midiática, por meio da capacitação de comunicadores e estudantes, abrindo espaço na mídia para conteúdos produzidos por crianças e adolescentes.

O núcleo de formação tem como objetivo testar os materiais e metodologias criadas, a partir de projetos bem sucedidos. Analisa os impactos dos programas, identifica possibilidades de inserção dos educandos no mercado de trabalho.  O núcleo de desenvolvimento social atua buscando recursos para as iniciativas.

Alguns projetos

Oi Kabum – Desenvolvido desde novembro de 2004, capacita adolescentes em artes, comunicação e ação comunitária. Com duração de 18 meses, atende até 80 jovens de comunidades populares da Bahia.

Oi Kabum/ Créditos: Divulgação

Oi Kabum/ Créditos: Divulgação

Ponto de cultura Cipó Imagens Itinerantes – O projeto é desenvolvido por jovens que participaram de processos formativos da Cipó, e oferecem oficinas de criação de vídeo com alunos do ensino básico.

Estudio Cipó de Multimeios – Desde outubro de 2010, cria oportunidades no mundo do trabalho para os jovens a partir dos 16 anos que participam programas da Cipó. Desenvolve projetos temáticos ligados a áreas sociais, a partir da criação de peças de arte, comunicação e cultura.

Pelourinho Digital: Criado em 2008, o projeto funciona como um centro de formação e produção de mídia e cultura. Destinado a jovens de 16 a 22 anos do centro antigo de Salvador, tem como objetivo resgatar a identidades cultural local.

Pelourinho Digital/ Créditos: Divulgação

Pelourinho Digital/ Créditos: Divulgação

Programa agentes de comunicação para o desenvolvimento: Desde 2008, o programa forma  grupos de jovens para atuação no desenvolvimento local. Eles recebem capacitação nas áreas de identidade, desenvolvimento, comunicação e gestão, para atuar como co-gestores de centros multimídia comunitária. Os grupos de jovens que têm entre 15 a 24 anos de idade montam planos de ação juvenil, a fim de que aprendam e desenvolvam ações para colaborar com o desenvolvimento local.

Além desses, a Cipó desenvolveu outros projetos que abordam temas como erradicação do trabalho infantil na Bahia; resgate e registro de festas populares baianas, ações de preservação e fomento ao design popular no estado, entre outros.

Início e duração: 1999 até os dias atuais.
Local: Salvador (BA)
Responsáveis: Cipó
Parceiros e Envolvidos: Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente (Forum DCA), Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Salvador (CMDCA), Conselho Estadual dos Direitos da Criança  e do Adolescente (CECA),  instâncias ligadas ao Sistema de Garantia de Direitos da Criança e Adolescente (SGD). São parceiros também a Rede Andi Brasil, a Rede Sou de Atitude (articulação nacional formada por jovens de 10 estados que atuam na incidência de políticas infanto-juvenis), a rede de comunicação, educação e participação (CEP), Rede Latino-americana de arte para a transformação social, Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadores e Comunicadoras, o Coletivo de comunicação da Bahia e o Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania (órgão complementar da Faculdade de Comunicação da UFBA). Também há parceria com o Coletivo Intervozes, com o Fórum Baiano de Aprendizagem Profissional (FOBAP), com o Fórum de Arte e Cultura do subúrbio e com a Rede de produtores culturais da fotografia no brasil (RPCFB).

Parceiros financiadores: Comitê do fomento industrial de Camaçari, Embaixada da Finlândia, Fundação Ford, Oi futuro, Organização Internacional do Trabalho, Ambev, Avon, Oi, Rip, CMDCA, FMDCA, Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (BA), Lei de incentivo à cultura e pontos de cultura da Bahia, via ministério da cultura, Fecriança, CECA, Secretaria Estadual de Cultura, Secretaria Estadual da Fazenda, Secretaria Estadual de Desenvolvimento.

Principais Resultados

Ao longo dos anos, a Cipó criou e desenvolveu seis metodologias que podem ser aplicadas em diversos espaços – escolas, projetos sociais, e organizações da comunidade. As metodologias são fruto de um trabalho que hoje, já atuou com mais de 8 mil crianças e adolescentes atendidos pelos projetos. Quase dois mil educadores foram sensibilizados e 300 jornalistas receberam formação com foco em cobertura voltada à educação.
A partir dos projetos realizados, a Cipó contabiliza cerca de 400 produtos de mídia criados por jovens, além de ter contribuído com a inserção de 1041 jovens no mercado de trabalho. A organização integra diversos conselhos e fóruns e participou de mais de 30 ações de incidência política e atuou com 112 monitoramentos de políticas públicas.

A organização conquistou também, prêmios como o Prêmio Empreendedor Social Ashoka-Mckinsey (2001), foi finalista do prêmio Itaú-Unicef e vencedora do Prêmio Parcerias Nordeste, em parceria com o Instituto Unibanco. Recebeu ainda certificado de boas práticas, pela atuação no Pacto Estadual “Um mundo para a criança e o adolescente no semiárido”.

Como elaborar planos de comunicação para programas de Educação Integral?

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