Jogo das metarubricas: como avaliar de forma lúdica
Publicado dia 15/04/2019
Publicado dia 15/04/2019
Quando se trata de avaliação, a maioria das pessoas reconhece a limitação dos testes padronizados, mas continua a utilizá-los porque não tem certeza do que pode fazer para substituí-los. Mas a avaliação não precisa ser um bicho de sete cabeças. Pelo contrário, pode ser lúdica e divertida.
Criado pelo Teaching System Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o jogo das metarubricas traz essa abordagem e permite, inclusive, o monitoramento e avaliação de aprendizagens baseadas em projetos – geralmente mais criativas.
O jogo foi criado pelo Teaching System Lab do MIT por Louisa Rosenheck, Yoon Jeon Kim, Rahul Singh; Dan Roy; Garrett Beazley e Rachel Grubb. Acesse a versão original. Tradução de Caio Saravalle e Julia P. Andrade.
Mas o que é uma rubrica? Segundo o dicionário Houaiss, o termo tem muitos significados, dentre os quais “anotação comentário acerca do que se observou, leu ou deve ser memorizado; apontamento, lembrete, nota”. As rubricas também são usadas nos roteiros de cinema ou teatro para indicar orientações para os atores ou em textos litúrgicos.
Em linhas gerais, o jogo traz esse caráter de orientação, já que faz com que cada jogador reflita e identifique as diretrizes que caracterizam um bom projeto. Como podemos definir bons critérios? Como escolher bons critérios de avaliação para todos? Estas são algumas perguntas levantadas pelo jogo, permitindo a exploração das potencialidades e fragilidades do uso de uma rubrica avaliativa.
Os materiais necessários para jogar (cartas e fichas de pontuação) estão disponíveis neste link. Abaixo, no entanto, compartilhamos uma versão resumida da metodologia:
#1 O primeiro passo é dividir os participantes em grupos de 5 a 6 pessoas. Em seguida, cada agrupamento deve discutir e escolher um filme que todos tenham visto e gostado para que, individualmente, desenhem um cartaz para a obra.
#2 Cada jogador escreve então 10 critérios para avaliar este cartaz em uma folha de rubricas. Depois deste momento, os desenhos podem ser compartilhados com os colegas.
#3 Um jogador deve ser escolhido para ser o Desafiante, cuja função é fazer perguntas sobre os critérios escolhidos pelas pessoas, colocando-os em xeque de modo que todos se vejam obrigados a refletir e argumentar sobre sua importância. As pessoas também devem se sentir confortáveis para interpelar o Desafiante. Outro jogador deve ser escolhido para Escriba, cuja função é escrever os critérios acordados (se possível em um local onde todos possam vê-los).
#4 Depois desse momento de discussão, deve-se definir apenas uma lista de critérios avaliativos. As rubricas finais do grupo podem incluir critérios das listas individuais, critérios reescritos ou até mesmo novos critérios que emergiram da conversa.
#5 Agora é hora de cada jogador avaliar os desenhos dos outros membros do grupo (e, inclusive, seu próprio) baseado nos critérios acordados.
#6 Some a pontuação dada para cada jogador e coloque o placar no verso do desenho. A pessoa com o maior número de pontos deve ser considerada a vencedora da Rodada 1.
#7 Novamente em grupo, algumas reflexões devem pautar essa etapa como “pontuações muito diferentes foram dadas para o mesmo desenho?” ou “seu cartaz favorito condiz com o da maioria?”. A ideia é analisar como cada jogador pode ter usado a mesma rubrica de formas distintas.
#8 Agora é o momento de voltar a avaliação para a própria rubrica, criando uma metarubrica. Para tanto, em uma nova folha escreva individualmente 10 critérios que fazem de uma rubrica de cartaz de filme uma boa rubrica.
#9 Assim como feito anteriormente, compartilhe esses critérios com o grupo e cheguem coletivamente a uma única lista. Mantenha os mesmos ou eleja novos Escriba e Desafiante.
#10 Avalie então as rubricas individuais feitas por cada um no início do jogo diante desta nova lista de metarubricas. O jogador com a maior pontuação nesta etapa é o vencedor da Rodada 2.
#11 Finalmente, o campeão do jogo é aquele que obtiver o melhor resultado somando sua pontuação na Rodada 1 e na Rodada 2.
O resultado esperado é a tomada de consciência do coletivo sobre a necessidade e importância de planejar e compartilhar os critérios de avaliação com todos os sujeitos, deixando-os claros desde o início. Principalmente, em práticas pedagógicas como projetos, sequências didáticas e atividades avaliativas.
O uso de rubricas ajuda os estudantes, por exemplo, a criar consciência dos objetivos de aprendizagem esperados em determinado projeto e os professores, a formularem feedbacks construtivos.
Algumas reflexões podem ser fomentadas com o jogo (individualmente ou em grupo:
Após o debate, cada um pode registrar em post its uma reflexão pessoal sobre os critérios de avaliação. Um exemplo de modelo é o “Antes eu pensava que…/Agora eu penso que…” e socializar esta percepção com os demais.
Outra sugestão é escolher um “repórter” por grupo, para que este compartilhe com a sala as percepções do seu coletivo, afixando post its em um quadro síntese: “eu pensava que…/agora penso que…”
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