publicado dia 23/11/2016
Educar na era Trump: neutralidade não funcionará
Reportagem: Colaborador
publicado dia 23/11/2016
Reportagem: Colaborador
Por Jonathan Gold, para o Teaching Tolerance.
Duas semanas depois das eleições presidenciais, muitos professores se perguntam como ajudar nossos alunos – e nós mesmos – a entender os resultados das eleições através dos valores de nossas escolas. E para aqueles educadores que, como eu, estão imaginando como continuar a educar para a justiça social, é claro que precisamos trabalhar mais do que nunca para cultivar valores de empatia e inclusão.
Na minha escola, meus colegas e eu continuamente voltamos à idéia de que o desafio diante de nós não é novo. É certamente diferente e, logo após a eleição, sente-se mais urgente do que nunca. O aumento de crimes de ódio em todo o país sugere um extremismo encorajado; o nacionalismo branco está se tornando hegemônico, e muitos norte-americanos encontram-se presos em câmaras de eco e tentando navegar por noticiários, praticando perigosas e falsas equivalências.
“Neutralidade não vai funcionar em face do fanatismo, xenofobia e medo; objetividade não significa abandonar seus valores”.
É difícil não interpretar os resultados das eleições e as subsequentes nomeações para os ministérios como uma represália aos valores do respeito, inclusão e empatia. Idéias antes consideradas fora das normas aceitáveis estão agora sendo difundidas e normalizadas – e os professores comprometidos com a justiça social precisarão estar mais dispostos a tomar uma posição contra essas idéias. Neutralidade não vai funcionar em face do fanatismo, xenofobia e medo; objetividade não significa abandonar seus valores.
Escrevi anteriormente na revista Teaching Tolerance sobre os perigos de adotar uma posição de neutralidade na sala de aula. Expliquei: “Minha ambição é que os alunos de minha classe queiram fazer mudanças e desenvolver fortes opiniões morais – o que significa que os professores não podem fingir que não as temos”. O momento político atual demanda uma defesa a plenos pulmões de valores de tolerância e respeito, para que não permitamos que a normalização progressiva da intolerância continue.
Como disse John Palfrey, diretor de escola Andover Acadamy, de Massachusetts, “[deve] haver um ponto no qual os tolerantes podem ser intolerantes com aqueles que são intolerantes”. Palfrey localiza esse ponto como sendo o momento em que o mundo torna desafiador “valorizar todos os nossos alunos e seu bem-estar igualmente.”
Novamente, isso não é um fenômeno novo, mas como inúmeras histórias de professores e estudantes atestam, esta eleição tornou ainda mais difícil fazer muitos dos estudantes se sentirem seguros e valorizados. Nossa responsabilidade em Garantir um ambiente seguro para a aprendizagem, crescimento e desenvolvimento moral foi elevadas a outro patamar, pelos tempos atuais. Não falo de lavagem cerebral ou proselitismo na sala de aula, embora algumas das respostas menos caridosas aos estudantes que falam publicamente sobre suas preocupações com segurança sugerem que educadores são culpados por tais comportamentos. Mais irônico é que algumas dessas reações incluem longas listas de coisas que os professores “devem dizer aos alunos para pensar” no lugar de se preocuparem. Temos uma responsabilidade ainda maior agora para criar as condições para que todos os alunos se sintam seguros para aprender, crescer e se tornarem melhores pensadores.
“Eu tenho argumentado há muito tempo que os professores não devem esconder suas opiniões, mas sim ajudar os estudantes a praticar o tipo de pensamento, reflexão e escrutínio constante, o que nós mesmos usamos para determinar nossa compreensão do mundo”.
Há uma grande distância entre acomodar todas as visões e policiar o pensamento dos alunos. É nesse espaço que os alunos podem forjar seus pontos de vista morais. Mas não estaríamos fazendo nossos trabalho se não definíssemos os limites desse espaço. Na verdade, no atual momento político, os alunos precisam mais do que nunca saber onde seus professores se posicionam. Eles nos pedem por orientação moral, e precisam de nós para ajudá-los a entender o que está acontecendo no mundo. Eu tenho argumentado há muito tempo que os professores não devem esconder suas opiniões, mas sim ajudar os estudantes a praticar o tipo de pensamento, reflexão e escrutínio constante, o que nós mesmos usamos para determinar nossa compreensão do mundo. O momento presente requer ainda mais esse tipo de prática.
Moreover, while developing values is important, cultivating behaviors and habits will be even more vital in meeting the challenges of this new era in U.S. history. Students will need even more guidance in seeing the connections between their thoughts and actions, in grasping the importance of upstanding and activism, and in understanding their civic duties and responsibilities. And despite the results of the election, the shifting demographics of the country will require future citizens to be more skilled at navigating difference and understanding others. The time to forge the values needed to meet this opportunity is now, when those values are most under siege.
Além disso, embora o desenvolvimento de valores seja importante, cultivar comportamentos e hábitos será ainda mais vital para enfrentar os desafios desta nova era na história dos EUA. Os alunos precisarão de ainda mais orientação para ver as conexões entre seus pensamentos e ações, compreender a importância da resistência e ativismo, e na entender seus deveres e responsabilidades cívicas. E apesar dos resultados das eleições, a mudança demográfica do país exigirá que os futuros cidadãos sejam mais hábeis em navegar na diferença e na compreensão dos outros. O momento de forjar os valores necessários para enfrentar essa oportunidade é agora, quando esses valores estão mais sob risco.
*Jonathan Gold é professor de história da 7ª e 8ª série da Moses Brown School em Providence, Rhode Island.
Esse artigo foi publicado originalmente no Teaching Tolerance. Acesse a versão original, em inglês, aqui. Tradução: Dafne Melo.